sábado, 11 de agosto de 2012

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-XI

Sumário-1-chave60-chave-80


SURREALISMO & SURREALISTAS
MAIS TÍTULOS AC
E PALAVRAS-CHAVE


DÁ PARA GOOGLAR QUASE SEMPRE COM ALGUM SUCESSO

«PLANÈTE» E OS COMETAS DE CAUDA ( IN JORNAL «REPÚBLICA», 24.8.1965))
1924-1964: SURREALISMO-ABJECCIONISMO (IN «JORNAL DE NOTÍCIAS», 16.5.1963)
A ÉTICA DO SURREALISMO (1956)
A EXPERIÊNCIA SUBTERRÂNEA LITERÁRIAL/EXISTENCIAL/ LISTA)
A FASE CRÍTICA DO TRAJECTO AC
EXPERIÊNCIA-LIMITE DO TRAJECTO AC
A GRANDE AVENTURA NA VANGUARDA DO DEBATE (28.7.1965)
A GRANDE CORRENTE OU O RIO SUBTERRÂNEO
A INTERVENÇÃO SURREALISTA (15.9.1969, 22.6.1967)
A POSIÇÃO HISTÓRICA DO SURREALISMO (28.7.1965)
A RAZÃO DA DESRAZÃO - ERRÂNCIAS DA RAZÃO - ITINERÂNCIAS RETROSPECTIVAS (2005)
A REALIDADE COPIA A FICÇÃO (30.7.2010)
ACÇÃO SURREALISTA: A CONQUISTA DO IMPOSSÍVEL (28.7.1965)
ALGUNS APONTAMENTOS SOBRE SURREALISMO – AINDA (1967)
ALGUNS VISIONÁRIOS E/OU PARENTES DO SURREALISMO: SAMUEL BECKETT, MICHAUX, OVÍDIO, NIETZSCHE, LAWRENCE DURRELL (24.7.1991)
ARTAUD : A DOENÇA DE EXISTIR (1961)
ARTE E ANTI-ARTE : OU O ESPÍRITO DA MODERNIDADE (IN «DIÁRIO DE NOTÍCIAS», 12.12.1963)
AS CORRESPONDÊNCIAS MÁGICAS (29.3.1972)
AS LEIS DA IMAGINAÇÃO, O ACASO OBJECTIVO (IN «A CAPITAL», 29.3.1972)
CRÓNICA DO MAU TEMPO: SURREALISMO-ABJECCIONISMO - UMA ANTOLOGIA DE INDESEJÁVEIS (1963)
CRONOLOGIA INCOMPLETA DO SURREALISMO EM PORTUGAL:1942-1966 (6.2.1972)
CULTURA IMÓVEL E CULTURA FASCINANTE (IN «DIÁRIO POPULAR», 30.4.1959)
DO ÉTICO AO POÉTICO E VICE-VERSA: SURREALISMO OU ESPÍRITO SURREALISTA? (Anos 60)
DO FANTÁSTICO SURREALISTA À ANTECIPAÇÃO ABJECCIONISTA ( IN JORNAL «REPÚBLICA», 20.3.1966)
DO PENSAMENTO LÓGICO AO ANALÓGICO: O SURREALISMO E A REABILITAÇÃO DO FANTÁSTICO (26.3.1966)
ELOGIO DA IMAGINAÇÃO: VISIONÁRIOS OU CONTEMPORÂNEOS DO FUTURO ? (12.5.1970)
JUSTIFICAÇÃO (POLÍTICA) DO HUMOR NEGRO (4.11.1969, SUPLEMENTO LITERÁRIO D’A CAPITAL)
MECANISMOS DO IMAGINÁRIO A REALIDADE COPIA A FICÇÃO (1990)
NÃO SE PODE SER SURREALISTA E NÃO SE PODE DEIXAR DE SER ( 25.12-1962)
ACÇÃO SURREALISTA : O ÉTICO E O POÉTICO (1965)
O ACADEMISMO DO MODERNISMO: ENCONTRO E DESENCONTRO COM OS SURREALISTAS (1956)
O REALISMO FANTÁSTICO E A REVISTA «PLANÈTE»
O ROMANESCO CONTRA O REAL ( IN JORNAL «REPÚBLICA», 19.1.1969)
O SURREALISMO DE LOUIS PAUWELS: PEDAGOGIA DA IMAGINAÇÃO (29.11.1972)
O SURREALISMO E A REABILITAÇÃO DO FANTÁSTICO (IN «JORNAL DE NOTÍCIAS» )
O SURREALISMO E O QUE SE TRADUZ (IN JORNAL DE NOTÍCIAS», 12.12.1963)
O SURREALISMO É UMA FILOSOFIA (SEMANÁRIO «JORNAL LETRAS E ARTES», 14.8.1963)
O SURREALISMO, VANGUARDA DA MODERNIDADE
ORTODOXIA E HETERODOXIA SURREALISTA (1963)
OS EQUÍVOCOS DO EQUÍVOCO NEO-REALISTA
REALISMO & SURREALISMO (1963)
ROMÂNTICO VERSUS CLÁSSICO, SENTIMENTO VERSUS RAZÃO (1963)
SURREAL-ABJECCIONISMO (IN «JORNAL DE NOTÍCIAS», SUPLEMENTO LITERÁRIO, 16.5.1963)
SURREALISTAS E NEO-REALISTAS - AS DRAMATIS PERSONAE SOB QUE SE METAMORFIZA O ESCRITOR (1963)
SURREALISMO E LUGAR-COMUM: REABILITAÇÃO DO REAL QUOTIDIANO (1956/1959)
SURREALISMO: A MAIS IMPORTANTE ENCRUZILHADA INTELECTUAL DO NOSSO TEMPO (IN « JORNAL DE LETRAS E ARTES», 28.7.1965)
VOLTAS E REVIRAVOLTAS DO ABJECCIONISMO (1963)

OCORRENTES JÁ EM 1963
HISTÓRIA E ANTI-HISTÓRIA
A REVOLTA PERMANENTE
ÍNDICE DE OBSCENIDADE
O MEIO (AMBIENTE) EM QUE SE NASCE
DA REVOLTA À REVOLUÇÃO
REAL/NÃO REAL
MATERIAL/ESPIRITUAL

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-X

urgentes-7-pc-gl-cw> 24 de Março de 2003

A IDEIA ECOLÓGICA EM AC

PALAVRAS-CHAVE OCORRENTES
NOS TEXTOS AC
A GOOGLAR NA NET
OU A PROCURAR NO COMPUTADOR

  • Em 9 de Fevereiro de 2003, algumas palavras-chave ocorrentes nos textos ac publicados na net e propostas ao eco-investigador para aprofundamento do respectivo ideário:

Alqueva
Apocalipse
Átomo Pacífico
Autocura
Auto-Gestão
Auto-suficiência
Behavior
Bodymind
Caos
Cólera
Consciência Vibratória
Convivialidade
Correspondências cósmicas
Countdown
Ecodiagnóstico
Ecologia do Trabalho
Entropia
Era do Virtual
Gnose Vibratória
Hedonismo
Holística
Nuclear
Ortomolecular
Paradigma
Perversidade
Plutónio
Potencial Energético
Profilaxia Natural
Puzzle
Qualidade de Vida
Radiações
Radiestesia Alquímica
Recursos Naturais
Sentido das prioridades
Simulacro
Sintomatologia
Tecnologia Intermédia
Tecnologias alternativas
Tecnologias leves
Teosofia
Vacinas
Voz Subterrânea
+
palavras-1-4-PC>

+PALAVRAS-CHAVE OCORRENTES
NOS TEXTOS AC
A GOOGLAR NA NET
OU A PROCURAR NO COMPUTADOR

ABSURDO
ABSURDO (TEATRO DO)
ACÇÃO
ALQUIMIA
ALTER EGO
ANTROPOLÍTICA
APARÊNCIA - INOCÊNCIA
APOCALIPSE
ARCÁDICO
ARQUIVO
BEHAVIOR
BUDISMO ZEN
COMPORTAMENTO
CONTEMPORÂNEOS DO FUTURO
CONTESTAÇÃO JUVENIL
CONTRA-CULTURA
CONVERGÊNCIA HOLÍSTICA
COSMOS
CRUELDADE (TEATRO DA)
DADAÍSTA
DIALÉCTICA
DOGMÁTICA
DRAMA
DRAMA HISTÓRICO
ECUMÉNICO
ENIGMA
ENTROPIA
ESCOLÁSTICA
ESCRIBA
ESPIRAL DA EVOLUÇÃO
ESPÍRITO - LETRA
ESPÓLIO DO ESCRIBA AFONSO CAUTELA
EUROPOCENTRISMO
EXOTERIZAR
EXPONENCIAL LOGARÍTMICA
EXPRESSIONISTA
FICÇÃO CIENTÍFICA
FUTURISTA
FUTURO
GNOSE
HABITAT
HIPPIES
HOLÍSTICA
HUMOR NEGRO
ICONOCLASTIA
IDEIA ECOLÓGICA
IMANÊNCIA - TRANSCENDÊNCIA
IMOBILISMO
IMPRESSIONISTA
INOCÊNCIA - APARÊNCIA
INVENTÁRIO
KITSCH
LETRA - ESPÍRITO
MACROSISTEMA
MAGIA
METÁFORA ORGÂNICA
MISTÉRIO
MULTIPLICIDADE - UNIDADE
MUSEU
MUTAÇÃO
MUTAÇÃO BIOLÓGICA
MUTANTES
NAIF
NEGUENTROPIA
NEO-ACADÉMICOS
NEO-CLÁSSICO
NEOLOGISMO
NEO-MODERNISTA
NEO-UTOPISMO
NICHO ECOLÓGICO
NOOLOGIA
NOVELA CURTA
NOVO PARADIGMA
OBSCENO
ORTODOXIAS
PALAVRAS-CHAVE (INCLUI ANTÓNIMOS)
PÂNICO
PARADIGMA
PARNASIANO
PENSAMENTO PLANETÁRIO
POLITIC FICTION
PONTO DE CONVERGÊNCIA
POS MODERNO
PRINCÍPIOS DA NATUREZA
PROSPECTIVA
QUINTESSÊNCIA
RAZÃO - SONHO
REALISMO FANTÁSTICO
REALISMO MÁGICO
ROMANCE DE COSTUMES
SAGRADO
SÁTIRA
SHORT STORY
SIMBOLISTA
SOCIEDADE DO DESPERDÍCIO
SONHO - RAZÃO
SUBLIME
SURREALISMO
SURREALISTA
TELEACÇÃO
TRANSCENDÊNCIA- IMANÊNCIA
UNIDADE - MULTIPLICIDADE
VANGUARDISTA
VISIONÁRIO

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-IX

ocorrentes-pc-3> 13 de Novembro de 2003

A IDEIA ECOLÓGICA EM AC

PALAVRAS-CHAVE AC OCORRENTES NOS TEXTOS AC

  • COM MAIS ESTA LISTAGEM DE PALAVRAS-CHAVE OCORRENTES NOS TEXTOS AC (NEOLOGISMOS E NEM SÓ) FICA PROVADO COMO, APESAR DOS NEOLOGISMOS, LIMITADO E POBREZINHO É (FOI SEMPRE) O MEU VOCABULÁRIO

ABJECCIONISTAS
ALIMENTO-REI
BEHAVIOR
BIOCÍDIO
BIOCÍDIO=ECOCÍDIO
BIOCRACIA
BIOFASCISMO
CANCRO TOTALITÁRIO
CARCINOGÉNESE
CASOS-LIMITE
CONCENTRACIONÁRIO
CONTABILIDADE CÓSMICA
CRONIVORISTAS
ECOCÍDIO
ECODESENVOLVIMENTO
ECODIAGNÓSTICO
ECÓLOGOS
ECOPOLÍTICA
ECOTRAVESTIS(19/11/1983)
ELECTROMAGNÉTICO
ENERGÍVOROS
ENTROPIA
EUROPOCENTRISMO
EXPERIÊNCIA-LIMITE
FAST-FOOD
IATROGÉNESE
IMPERIALISMO INDUSTRIAL
INDUSTRIOCRACIA
LABORATÓRIOS DE ECOLOGIA HUMANA
LUXO É LIXO, LIXO É LUXO
MANIPULATÓRIO
MÉDICOCRATAS
MONODIETA
NEOSOFÍSTICA
NOVA UTOPIA
ORTOMOLECULAR
REALISMO ECOLOGISTA=ECOREALISMO
SINDROMA SÍSMICO-NUCLEAR
TALIDOMIDA
TECNOBUROCRACIA
TECNOBURROCRATAS
TEMPO-E-MUNDO ■
+
palavras-chave>

ESPÓLIO DO ESCRIBA AC
PALAVRAS-CHAVE PARA FACILITAR A PROCURA
NO SITE DO ESCRIBA ACOCORADO,
FILES WORD ARQUIVADOS EM COMPUTADOR
E PÁGINAS WEB EM GERAL
A-Z

Absurdo
Absurdo (teatro do)
Acção
Alquimia
Alter ego
Antropolítica
Aparência - inocência
Apocalipse
Arcádico
Arquivo
Budismo Zen
Contemporâneos do futuro
Contestação Juvenil
Contra-Cultura
Convergência holística
Cosmos
Crueldade (teatro da)
Dadaísta
Dialéctica
Dogmática
Drama
Drama histórico
Ecuménico
Enigma
Escolástica
Escriba
Espírito - letra
Exoterizar
Expressionista
Ficção científica
Futurista
Futuro
Hippies
Holística
Humor negro
Iconoclastia
Imanência - transcendência
Imobilismo
Impressionista
Inocência - aparência
Inventário
Kitsch
Letra - espírito
Magia
Metáfora orgânica
Mistério
Multiplicidade - unidade
Museu
Mutação
Mutação Biológica
Mutantes
Naif
Neo-académicos
Neo-clássico
Neologismo
Neo-modernista
Neo-utopismo
Noologia
Novela curta
Novo paradigma
Obsceno
Ortodoxias
Pânico
Parnasiano
Pensamento planetário
Politic fiction
Ponto de convergência
Pop
Pos moderno
Princípios da Natureza
Prospectiva
Quintessência
Razão - sonho
Realismo fantástico
Realismo mágico
Romance de costumes
Sagrado
Sátira
Short story
Simbolista
Sociedade do desperdício
Sonho - razão
Sublime
Surrealismo
Surrealista
Transcendência- imanência
Unidade - multiplicidade
Vanguardista

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-VIII

leh-1-13/5/1994


ECOLOGIA HUMANA

LISTAGEM DE RECORTES DE JORNAL
ARRUMADOS NOS SACOS SUSPENSOS
  • A boa notícia é que estes 126 pacotes de recortes já foram todos para o lixo e só ficou a lista de sacos suspensos que os continham. Um momento de coragem que eu prometo repetir mais vezes e quanto antes melhor

1 - Quotidiano e Segurança
2 - Consumidor: Perspectiva Ecológica
3 - Cidades sem respirar
4 - Desastres Industriais - Laboratórios de Ecologia Humana
5 - Doenças do Ambiente
6 - Iatrogénese
7 - SIDA. Lição de Ecologia Humana
8 - Cancro está no Ambiente, Cancro Industrial
9 - Radiações (defesa contra)
10 - Modelo alimentar para os anos 90
11 - Química e Químicos
12 - Alimentos-Rei ou Superalimentos
13 - Iniciação à Macrobiótica
14 - Oligoelementos em antologia
15 - Stress, Doença do Trabalho
16 - Sofismas e mitos do discurso oficial
17 - Manipulação psíquica-ideológica
18 - Mesoterapia- Neuralterapia
19 - Ambiente Climático, capítulo Geográfico de Ecologia Humana
20 - Doença - Situação em Portugal
21 - Investigação epidemiológica
22 - Longevidade - Revisão Ecológica da Ciência Geriátrica
23 - Profilaxia Natural das doenças Nervosas
24 - Indicadores - sintomas da Doença-como-Engreñagem
25 - A paciência dos pacientes - Consumidor da Medicina entre dois Charlatanismos
26 - Alcoolismo, doença do Ambiente psico-social
27 - Sofismas do discurso médico
28 - Medicina: da crítica à autocrítica
29 - Novidades da Tecnologia Médica
30 - Medicina autoelogia-se
31 - Administração hospitalar em Portugal
32 - A moral das eco-tácticas - Noções de Ecoestratégia
33 - Poluição Eléctrica e Maschiterapia
34 - Doenças do Trabalho, tema-tabu
35 - Morte rodoviária, recordes da Morbilidade ambiente
36 - Hexaclorofene, Data de Ecologia Humana
37 - Movimentos sociais e ecosociais
38 - Números de ecologia Humana
39 - Premissas ecológicas de uma Política de Saúde
40 - Poluentes alimentares
41 - Animais domésticos: Factores de Ambiente
42 - Saúde Pública: escândalos e crimes em Portugal
43 - Imunidade natural e vacinas
44 - A televisão contra as crianças
45 - Tecnologias Apropriadas de Saúde
46 - Da visão sistémica à visão holística
47 - Ondas de forma e terapêutica - Ambiente ondulatório, esse desconhecido
48 - Postulados de fé, Princípio Único, Antologia Yin-Yang
49 - Guerras do imperialismo industrial - Cenários do apocalipse ecológico
50 - A «outra» ciência e cientistas heréticos
51 - Usos e Costumes perigosos (não químicos)
52 - Etnias e etno-medicinas
53 - Sintomatologia, aumento exponencial da Doença
54 - Alopatia: correntes heterodoxas
55 - Ambiente industrial: Planos perigosos para Populações
56 - Sindroma Sísmico Nuclear, laboratório de ecologia Humana
57 - Limites da Natureza Humana
58 - Sistema contra ecossistemas - Conceito de Abjecção
59 - Vocabulário essencial de Ecologia Humana
60 - Malthus e Neo-maltusianos
61 - Crianças com Doenças de Adultos e Velhos
62 - OMS está Connosco
63 - Doping, caso de Iatrogénese
64 - Despistagem ambiental - ecodiagnóstico - Ecoinvestigação da Doença
65 - Filmes que ilustram LEH
66 - Movimento Holístico - Datas e Nomes
67 - Custos da Doença, Custos do Desperdício
68 - Ritmos, Ciclos e Ondas (Cronobiologia)
69 - Corpo não dorme
70 - Comer porco é porcaria?
71 - Ciência confirma teses holísticas
72 - Alimentos em polémica
73 - Doenças do ambiente alimentar (já reconhecidas oficialmente)
74 - Novos hábitos alimentares (anúncios TV e Imprensa)
75 - Chernobyl
76 - Radiações
77 - Cancro - Datas e progressos na Profilaxia Ecológica
78 - Produzir mais, trabalhar menos
79 - Doenças do subdesenvolvimento e da Fome
80 - Doenças sem explicação oficial
81 - Crimes públicos contra saúde individual
82 - O direito à saúde - Normas e legislação
83 - Morbilidade: causas ambientais de morte
84 - Skylab, laboratório de Ecologia Humana
85 - Homem Cobaia do Homem
86 - A doença da Cidade (Macrocefalia, gigantismo, congestionamento)
87 - Hormonas a Antibióticos no Leite
88 - Desperdícios alimentares e o Mito da Fome, sofisma mortal
89 - Consumidor desamparado
90 - Técnicos de Saúde - Sindicato em projecto
91 - Laboratórios de análises - testes de qualidade
92 - Entre naturoterapeutas
93 - O princípio do fim (Teóricos e teorias)
94 - Precursores de Ecologia Humana
95 - A moral dos hedonistas
96 - A muleta da Constituição e das leis
97 - Psicopatologia do quotidiano português
98 - Custos da classe dirigente
99 - Ambientalismo para calar ecologismo
100 - Tudo é ambiente
101 - Sem Ecologia não há Economia
102 - Consumos acorrentam consumidor ao sistema
103 - Informação-Intoxicação
104 - Inas, vírus e outros mitos da ciência
105 - Profetas e precursores da intuição holística
106 - Questões de linguagem
107 - Depois da abjecção, o quê?
108 - O mundo concentracionário das cinturas industriais
109 - Classe científica, a ditadura racionalista
110 - Holística, movimento sócio-cultural
111 - A classe dirigente
112 - Ser Consumidor e Cidadão
113 - Geografia da Doença
114 - Contestação, campo unificado da Crítica
115 - Violência, uma Barbárie Chamada Civilização
116 - Ser Crítico
117 - Propedêutica, Metodologia do Aprendiz
118 - Imaginação, Arma de Libertação
119 - Manipulação psíquica-ideológica
120 - Futurologia do Susto
121 - Fontes Orientais da Sabedoria
122 - Plano de Informação Ecológica ao Consumidor
123 - Sociedade de Consumo, cloaca industrial
124 - A estratégia das TA's
125 - A escalada da tecnologia pesada hiperpoluente
126 - Ecologia Humana - fundamentos e definição face à desumanidade das ciências humanas

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-VII


A IDEIA ECOLÓGICA

+PALAVRAS-CHAVE OCORRENTES EM AC

ALIENAÇÃO
AUTOREGULADORES
BIOCÍDIO
BIOCRACIA
BIOFASCISMO
CANCRO
CAOS
CIÊNCIA ORDINÁRIA
CONGESTIONAMENTO
ECOCÍDIO
ECOENERGIAS
ECOPAÍS
EGRÉGORA
ENERGÍVORO
ETNOCÍDIO
EUCALIPTOMANIA
IATROGÉNESE
MARKETING
MEDIUNIDADE
MEGALÓPOLIS
MERCÚRIO
NOOLOGIA
O LIVRO É LIVRE
OZONO
PERESTROIKA
PSICOMANIPULAÇÃO
RECURSOS
SAGRADO
SEVESO
SISTEMA
TECNOCRATA
UNIDEOLOGIA

+ PALAVRAS-CHAVE EM ECOLOGIA HUMANA (EH)

Apocalipse
Behavior
Comportamento
Entropia
Exponencial logarítmica
Gnose
Habitat
Macrosistema
Neguentropia
Nicho Ecológico
Paradigma
Teleacção

+ PALAVRAS-CHAVE DA ÁREA «BODYMIND» = A TESE PÓSTUMA

ADRENALINA
APOCALIPSE
ÁREA QUÂNTICA
BIOCIBERNÉTICA
BODYMIND
CAMPOS ELECTROMAGNÉTICOS
CÉLULA CANCEROSA
CIÊNCIA DO MARAVILHOSO
CIRCUITOS DO CÉREBRO
CURA INICIÁTICA
DEFESAS
DENDRITES
DIVISÃO CELULAR
DOPAMINA
DOR
EFEITO PLACEBO
ENCEFALINAS
ENDORRFINAS
ENZIMAS
FEROMONA
GRAAL
HIPÓFISE
HIPOTÁLAMO
HOLOGRAMA
INTELIGÊNCIA DA CÉLULA
INTERDISCIPLINARIDADE
INTERFACE
INTERFERON
INTERLEUCINA
LINGUAGEM DA VIDA
MACROSCÓPIO
MENSAGENS
MOLÉCULAS MENSAGEIRAS
MORFINA
NEUROBIOLOGIA
NEUROTRANSMISSORES
NOOLOGIA
ONAS
PATOLOGIA VIBRATÓRIA
PITUITÁRIA
PONTOS DE CONTACTO
POSTOS DE RECEPÇÃO
PSICOSOMÁTICA
REDE DE INFORMAÇÕES
SALTO QUÂNTICO
SEMÂNTICA
SILÊNCIO DAS PLANTAS
SINAIS
SINAPSES
SINERGIA
SONHOS
SONO
TOLERÂNCIA À DOR
TRIUNFALISMO
TUMOR
VALENTIN
WATSON E CRICK

+ NOMES DA CATÁSTROFE

MINAMATA
LA HAGUE
PACIFIC FISHER
AMOCO CADIZ

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-VI

lista-pc>

A IDEIA ECOLÓGICA

LÉXICO AC ( NEOLOGISMOS E NEM SÓ)

ABJECCIONISMO
AGROBUSINESS
APOCALIPSE
AUTOGESTIONÁRIO
BIOCÍDIO
BIOMASSA
CATASTROFISMO
CIENTÓLOGOS
CONVIVIALIDADE
CRONÓFAGOS
DES-RAZÃO
DHARMA
ECO-TECNOLOGIA
ENERGIA = INFORMAÇÃO = MATÉRIA = CONSCIÊNCIA
ENTROPIA
ESPECIALISMO
HOMEOSTASE
INCULTURA
INTELIGÊNCIA DA CÉLULA
LABIRINTO
MACRO-SISTEMA
NOSCE TE IPSUM
OMNITUDE
PANGLOSS/ES
PLUTÓNIO
RECICLAGEM
SINCRONICIDADE
SMALL IS BEATIFULL
TECNOCRATAS
TECNO-PANGLOSSES
TRIUNFALISTA

Nomes próprios:
BHOPAL
CHERNOBYL
HEINZ KAMINSKI
HIROXIMA
LA HAGUE
NAGASAKI
RENÉ DUMONT
SEVESO
TABAS
THREE MILE ISLAND

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-VI

pc-ap-pc- palavras-chave


A IDEIA ECOLÓGICA EM AC
PALAVRAS-CHAVE EM RADIESTESIA


Binómio
Biofeedback
Boomerang
Campos vibratórios de organização
Cibernética
Descodificar
Dialéctica
Dinâmica
Electromagnética ( radiação, vibração, onda )
Electromagnético (campo)
Holística
Holograma
Homeostasia
Informação
Modelo hologramático de pensamento
Modelos de pensamento
Paradigma
+
dgds-1-diario geral de sublinhados


ALQUIMIA ALIMENTAR

E CONVERGÊNCIA ORTOMOLECULAR

  • Pista de Pesquisa AC:

O que é hoje conhecido por Medicina Orto-Molecular, pode ser , entre as medicinas alternativas de fonte MAGA , uma das últimas técnicas ainda aproveitáveis. Em conjunto com a Alquimia Alimentar , a chamada Medicina Orto-Molecular poderá ser das que restam, para o mundo de transição entre MAGA e MEAI.
Ou não?
+
«Palindromo - Diz-se do verso ou frase que tem o mesmo sentido lido da esquerda para a direita ou da direita para a esquerda.»

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-V

bnotas-2>

12-7-2002

LÉXICO DAS MINHAS OBSESSÕES
E IDEIAS FORTES (ANOS 50 e 60)

Ideias que começaram a tomar peso , a partir d' «A Planície», anos 50:
- Não violência de Gandhi e pacifismo de Bertrand Russell
- Convívio e fraternidade de S. Francisco de Assis
- O cooperativismo de António Sérgio
- A utopia personalista de Emanuel Mounier
- A prospectiva de Jean Fourastié

Anos 60 :
- O mundo das eco-alternativas de Ivan Illich

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-IV

lista-pc-la>

A IDEIA ECOLÓGICA
PALAVRAS-CHAVE OCORRENTES EM AC

A linguagem da Música
A linguagem da Vida
A linguagem dos Animais
Águas Termais
Alexandria
Alienação
Alqueva
Animais
Artes Alternativas
As Chamadas Alternativas
Astrofísica
Astrosofia
Autista
Biocídio
Bioclimatologia
Biogénese
Biotipologia
Body-Mind
Budismo Nyingma
Campos
Campos Magnéticos
Cérebro Humano
Ciência ordinária
Coa e Sagrado Português
Continuum Energético
Corpos Subtis
Cosmobiologia
Cosmogénese
Countdown
Crítica da Ciência
Desperdício
Doença a que eles chamam Saúde
Dossiês de Interface
Ecocídio
Ecologia em Diálogo
Ecopolítica
Eco-realismo
Egipto e Atlântida
Electromagnetismo
Energia Eólica
Energias Vibratórias
Entropia
Escala Electromagnética
FAO
Fátima e Sagrado Português
Ferromagnetismo
Física das Energias
Força
Foz Coa
Frente Ecológica
Frequências Vibratórias
Gatofilia
Genoma & Cª
Genoma e Biocompanhia
Geobiologia
Geogénese
Globalização do terror
Guerra Nuclear
Heliobiologia
HLB (diagnóstico)
Iatrogénese
Imunidade
Imunodepressão
Imunosupressão
Informação e Contra-Informação em Ciências da Vida
Informação em Biologia
Infra-sons
Iridologia
Legados do Sagrado
Linguagem Vibratória
Little Nemo
Macrocosmos
Macrossistema
Magnetoterapia
Maravilhoso
Medicina do Habitat
Medicinas Sagradas
Mesocosmos
Microcosmos
Milénio
Minerais
Mistério
Neguentropia
Neuro-ciências
Notícias da catástrofe
Notícias da Doença e da medicina
Notícias da Doença e do SN da Doença
Notícias da Esperança
Notícias das Eco-Alternativas
Notícias de Fronteira
Notícias de Interface
Notícias do 2 Infinitos
Notícias do Ambiente
Notícias do Cosmos
Notícias do Maravilhoso
Notícias do Mistério
Notícias do Paradigma Cósmico
Notícias do tecno-Terror
Notícias do Terror
Número
O Corpo Subtil
O Disco Rachado da Saúde
Oligoelementos
OMS
Ondas
Paradigma
Pesquisando o Sagrado
PH
Policloreto de Vinilo
Poluentes alimentares
Poluição
Radiações
Radiestesia
Reino Animal
Reino Vegetal
Relógio Biológico
Sagrado
Sefirote
Semântica
Sintomatologia
Sons
Suicídio
Talidomida
Tecnocratas
Tempo-e-mundo
Terapia Alimentar
Terapias de Interface
Terapias Vibratórias
Ultras-sons
Unideologia
Universo concentracionário
Utopia
Utopia tecnocrática
Vacina
Vegaterapia
Velhos
Velhos & Pobres
Verbo
Vibrações
Viragem

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-III

itens-3>

ITENS E PALAVRAS-CHAVE OCORRENTES, DURANTE 12 ANOS,
NA CRÓNICA (SEMANAL) DO PLANETA TERRA
E CONVERTIDOS EM FILES WORD COM O SCANNER



  • Esta lista serve para search no próprio computador e alguns títulos também para googlar

A doença do trabalho
A luta pelo óbvio
A moda da mudança
Abjecção
Agrobusiness
Agrocratas
Alchimist Emden ou Eden
Alienação segundo Marx
Ambientocratas
Amoco Cadiz
Arquivistas do Futuro
As pragas do Apocalipse
Auto-suficiência local
Beatice biocrática
Beatice tecnocrática
Bebés-proveta
Biocídio
Biocracia
Biofascismo
Biosfera
Biosfera
Camiões-cisterna
Civilização tecnoindustrial
Congelamentos
Contemporâneos do Futuro
Crescimento zero
Crítica abjeccionista
Crítica da Vida Quotidiana
Cul de sac
Dialéctica dos contrários
Doenças da Medicina
Doenças do Ambiente
Doenças do desenvolvimento/doenças do subdesenvolvimento
Doenças dos Consumos
Economia do desperdício
Empatrocratas
Engenharia do ambiente
Entropia
Escalada das contradições
Eurocratas
Europocêntrica
Europocêntrico
Experiência de precipitação provocada
Exploração do homem pelo homem
Explosão demográfica
Fascismo quotidiano
Funcionários do imobilismo
Fundamentalismo ecológico
Gigantismos
Guerra espacial
Heresia
Hiperespecialização
Hipertecnicismo
Iatrogénese
Ideal holístico
Imaginação eco-alternativa
Indústria hiperpoluente
Interdisciplinaridade
Laboratórios de Ecologia Humana: Hiroxima, o primeiro
Lavagem ao cérebro
Lumpen-proletariado
Maltusianismo
Mania espacial
Manipulação de chuvas
Manipulação do homem pelo homem
Manter a saúde em vez de combater a doença
Medicamentos
Megalomanias
Megavitamina
Mito do crescimento económico
Mitos
Necrófagos
Neguentropia
Neo-Utopia e neo-utopismos
Neutralidade da ciência
O efeito-estufa do discurso ambientalista
O preço a pagar pelo tecnoprogresso
O sistema contra os ecossistemas
Out-sider
Pensamento eco-alternativo
Pesticidas
Política da terra queimada ( quanto pior, melhor)
Poluição itinerante
Poluições instaladas
Projecto ecológico de construção de alternativas
Reciclagem de resíduos
Resistência passiva
Revolução verde
Robôs
Sintomatologia reformista
Socialismo bioecológico
Sociedade da catástrofe
Sociedade do consumo
Sociedade do lixo e do luxo
Sociedade do Plutónio
Sociedade dos gadgets
Sociedade industrial
Tecno-abjectocrata
Tecnoburocracia
Tecnocratas
Tecnoestrutura
Tecnologia biocrática
Tecnosofistas do estuário
Tecnutopia
Transplantes
Triunfalismos
Visão sintomatológica/visão causal ou ecológica

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-II

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SILÊNCIOS E SILENCIAMENTOS
DOSSIÊS DE INTERFACE
LÉXICO DE ECOLOGIA HUMANA

- Alcoolismo, doença de EH
- Alimentos-rei ou superalimentos
- Animais domésticos, factor de ambiente
- Barbárie chamada civilização (Ver violência)
- Bioquímica das emoções e dos sentimentos
- Bioquímica das radiações ionizantes
- Bioquímica do trabalho e das doenças do trabalho
- Bioquímica dos consumos tóxicos e perigosos
- Bioquímica da iatrogénese (doenças da medicina)
- Bioquímica do stress
- Cancro está no ambiente, tema-tabu de EH
- Cancro: datas e progressos na profilaxia
- Cidades sem respirar
- Classe científica, ditadura da
- Clima, laboratório de EH
- Consumidor: perspectiva ecológica
- Corpo não dorme
- Crianças com doenças de velhos, tema-tabu de EH
- Custos da classe dirigente, tema-tabu da EH
- Custos do combate à doença, custos do desperdício, tema-tabu de EH
- Da visão sistémica à visão holística
- Desastres industriais, tema-tabu de EH
- Desperdícios alimentares e o «mito» da fome
- Despistagem ambiental = ecodiagnóstico = ecoinvestigação da doença, tema-tabu de EH
- Doença da cidade (macrocefalia, gigantismo, congestionamento)
- Doenças alimentares (já reconhecidas)
- Doenças do ambiente
- Doenças do subdesenvolvimento (Fome)
- Doenças do superdesenvolvimento (Pletora)
- Doenças do trabalho, tema-tabu
- Doenças nervosas (Profilaxia natural das )
- Doping, o caso de iatrogénese mais falado
- Epidemiológica (Investigação), tema-tabu de EH
- Etnomedicinas e medicina natural
- Fisiologia da iatrogénese (doenças da medicina), tema-tabu de EH
- Fisiologia das emoções e dos sentimentos
- Fisiologia das radiações ionizantes
- Fisiologia do stress
- Fisiologia do trabalho e das doenças do trabalho
- Fisiologia dos consumos tóxicos e perigosos
- Geografia da doença, tema de EH
- Hedonismo consumista, tema-tabu de EH
- Hexaclorofene, data de EH
- Homem, cobaia do Homem ( axioma de EH )
- Hormonas e antibióticos no leite, um caso de EA
- Iatrogénese, tema-tabu de EH
- Imaginação, arma de libertação
- Imunidade natural e vacinas, tema-tabu de EH
- Inas, vírus e outros mitos da ciência
- Informação = Intoxicação (Ver psicomanipulação)
- Limites da Natureza Humana
- Longevidade
- Manipulação psíquica (Psicomanipulação)
- Modelo alimentar para a Nova Idade de Ouro
- Morbilidade: causas ambientais de morte
- Morte rodoviária, tema de EH
- Mundo concentracionário das cinturas industriais, tema-tabu de EH
- Novos hábitos alimentares
- Oligoelementos em antologia
- Ondas de forma e terapêutica
- Poluentes alimentares
- Poluição eléctrica e Maschiterapia
- Propedêutica, metodologia do aprendiz
- Psicopatologia do quotidiano, tema-tabu de EH
- Química e químicos na saúde pública, tema-tabu de EH
- Quotidiano e segurança
- Radiações ionizantes (defesa contra) , tema-tabu de EH
- Ritmos, ciclos e ondas (Cronobiologia)
- Saúde Pública, situação em Portugal
- Sida, lição de EH
- Sindroma sísmico-nuclear, tema-tabu de EH
- Sintomatologia, aumento exponencial da doença
- Sistema contra ecossistemas
- Skylab, laboratório de EH
- Sofismas do discurso científico
- Stress, doença do (ambiente de) Trabalho, tema-tabu de EH
- Tecnologias apropriadas de saúde
- Televisão, um tema de EH
- Violência (Ver Barbárie), subproduto dos media

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC-I

ideias-chave ac>perspectiva de escala>intuicos>


50 ANOS DEPOIS:
8 IDEIAS-CHAVE NO TRAJECTO AC
QUE AINDA PERSISTEM

Onde se recuperam algumas páginas de diário, dos anos 1963, 1964, 1972,1973, com alguns cortes cautelosos, por causa dos mosquitos…«Ecologia humana» ainda hoje ninguém sabe o que seja

1. A RELATIVIDADE DAS CULTURAS E A PERSPECTIVA DE ESCALA

[ 1972 ] Datam de 1972 alguns dos artigos publicados que foram marcantes na «descoberta» de intuições (de Ecologia Humana) ainda hoje, quarenta anos depois, por validar ou invalidar. São as chamadas «teses impopulares», que me parece estar condenado a levar por toda a vida como uma cruz e que talvez nunca saiba se valeram ou não a pena. Quer dizer, se efectivamente tinha razão em defendê-las, sozinho, contra tudo e contra todos. É costume dar sentenças fáceis, aconselhando cada um a manter-se fiel às suas próprias convicções, neste caso às suas próprias intuições.

Outro aspecto a sublinhar é que essas intuições vão radicar -- vão encontrar raízes -- numa intuição central, surgida (em 1962?) após a experiência surrealista e existencialista e a que, para facilitar, tenho chamado «perspectiva de escala», desde a perspectiva do animal à do extraterrestre, do louco ao toxicodependente, do pobre ao hipermilionário, desde a cultura aborígene dos maias ao modus vivendi de uma Europa medieval.
Cada «behavior» condicionado pelo meio, acho que foi sempre o centro à volta do qual girei, como um pião doido, pois a relatividade das culturas (das «perspectivas de escala») é um redemoínho anti-dogmático, capaz de consumir quem nele aposte ou se meta.

2. A EXPERIÊNCIA SUBTERRÂNEA - POESIA COMO SINÓNIMO DE INICIAÇÃO
[1963] Quando publiquei alguns artigos, em 1972, impulsionado por esta intuição básica, nuclear, chave, deixava para trás muitos inéditos, que, desde 1963, falavam de idênticas obsessões.
É de 1963, o ensaio «A experiência subterrânea - Poesia como Sinónimo de Iniciação», assinalando a influência esmagadora que tivera sobre mim a leitura desse texto imenso de algumas páginas que é «A Voz Subterrânea», de Dostoiewski.
Acho que foi este escritor eslavo o responsável pelas minhas manias ecologistas, apenas explícitas dez anos mais tarde.
Também de 1963 (Abril), são vários inéditos sobre surrealismo e, como intuição anti-estalinista básica, o ensaio (só muito parcialmente publicado) «Os Equívocos do equívoco neo-realista».
[«Neo-realismo» era o eufemismo de que então se serviam alguns clandestinos como eu para designar o gulag estalinista totalitário nas artes e nas letras. Se o tivesse publicado na íntegra, aliás, os meus «infortúnios como escritor» teriam começado muito mais cedo e teriam sido ainda maiores do que são, neste preciso momento, em que continuo a ser vítima da reacção estalinista em Portugal em 5 de Agosto de 2012.]

3.DEFINIÇÃO DO OBSCENO NO ENSAIO DE HENRY MILLER

[1963 ]Creio que é também de 1963 (como se o meu ritmo fosse de 10 em 10 anos e não de sete em sete!... ) um outro texto-chave das (minhas) intuições, a que chamei «Definição do Homem Obsceno».
Curiosamente, acaba de ser publicado pela editora Hiena, em 1991, o ensaio de Henry Miller, que na altura me bateu forte e me levou a escrever essas 19 páginas A4, rigorosamente inéditas até hoje. É de notar apenas que a palavra «obsceno» tem continuado a servir para tudo, menos para designar aquilo que, filosoficamente, Henry Miller e eu significámos...
Como se 19 pgs A4 fosse pouco, existe ainda um outro ensaio (rigorosamente inédito), intitulado «Acção Obscena e Reacção Literária» que, mesmo inédito, deve ter largamente contribuído para meus infortúnios literários.

4. ENTRE A POLÍTICA DA METAFÍSICA E A METAFÍSICA DA POLÍTICA.

Também de 1963 -- como ano a que hoje chamaria «compact», pelo concentrado de produção que originou - , há um outro longo ensaio, inédito até hoje, inspirado na leitura absorvente (do niilismo) de Samuel Beckett, «Exercício dialéctico -- Entre a política da metafísica e a metafísica da política».

5. A VOZ TRÁGICA

Parcialmente publicado (creio que no «Jornal de Notícias», suplemento literário) é também de 1963 (ano de oiro ou ano da desgraça?) «A Voz Trágica», escrito, creio eu, sob a influência quase demoníaca de Nietszche, cuj «A Origem da Tragédia» foi para mim também uma tragédia, pela forma como me bateu forte na cabeça. Ou antes, em todo o ser e não só no intelecto. Quando falo de experiência existencial -- ou de «aventura surrealista», ou de «homem obsceno» -- é isso que também quero dizer.

6. O CONCEITO ALARGADO (OU PLURAL) DE ALIMENTO/ALIMENTOS.

[1964] «Diz-me o que comes -- em sentido lato -- e dir-te-ei quem és...»
Em 1964, já AC procurava o «sentido lato» (conceito alargado) e portanto a metáfora do «ar que se respira», sendo claro ao seu espírito que o «ar que se respira» é também o ideológico, o mitológico, o industrial, o químico, o físico.
Poucos anos depois, viria o sentido lato da expressão «o que comemos» e, portanto, o sentido lato da palavra «alimentos».
Mais tarde, encontraria, emocionado, em Simone Weil, a confirmação desta intuição do conceito alargado (ou plural) de alimento/alimentos.
E o inventário surgia, espontâneo, como o processo literário de dar a soma/ ou o somatório dos diversos factores ou «parcelas da soma».

7.PRIMORES DO REFORMISMO

[1972] Dez anos depois destes pontos vitais, creio que me aplicava mais terra a terra ao concreto, deixando na prateleira os escritores e todo o seu veneno letal. Chama-se «Contributo à Revolução Ecológica», um livro publicado em condições bastante curiosas -- impresso e composto em Coimbra, por influência do meu compadre Matos-Cruz.
É só para dizer que nesse livro se encontram impressas algumas intuições que me gabo de ter tido e que até hoje não vi ...confirmadas nem desmentidas.
Cito, por exemplo, títulos como: «Generalizando Conceitos para compreender certos preconceitos» (10/7/1972), «Melhorar o Mal - Primores do Reformismo» (12/7/1972), «Desprezo pela qualidade da existência» (19/8/1972).


8.A CADA UM O SEU SARAMPO E A VACINA PARA TODOS

[1973] Em 5 de Junho de 1973, aparece publicado no «Diário do Alentejo» (o jornal que mais aberto se mostrou às teses esquisitas), um artigo de 5 pgs A4, «Aspectos esquecidos pela Campanha Internacional contra a Poluição».
Irá aparecer em livro incluído em «Ecologia e Medicina», um texto carregado de maus presságios (intuições...), « Tristes recordações de um Dia Mundial» (10 pgs A4), escrito no Dia Mundial do Ambiente, 5 de Junho, Nesse texto, abordava-se o tema ainda hoje tabu da medicina preventiva confundida com «vacinas».
Data de alguns dias antes -- 28/5/1973 --, o texto mais virulento sobre vacinas -- posteriormente aparecido em colecção «Textos de Apoio» -- que se intitulava «A Cada um o seu sarampo e a vacina para todos». Para o bem e para o mal, continuo a achar que esse texto -- longo de 21 pgs A4 --, essa tese e essa intuição, continua intocável. E que é um ponto-chave da alavanca na subversão do sistema.

sábado, 4 de agosto de 2012

SURREALISMO & SURREALISTAS:PUBLICADOS A.C.

publicados ac-s&s

PUBLICADOS A.C.
SOBRE SURREALISMO & SURREALISTAS
(1956-1991)

1956.5.1 – In « A Planície», «Moral de Epicuro com Citações de S. Paulo»

[1957.12.31 – In «Diário Ilustrado», Alfredo Margarido escreve sobre «Luz Central» de Ernesto Sampaio (?)]

1959. 4. 2 - In «Diário de Notícias», Suplemento literário , «Uma Nova Teoria da Criação Humana», texto sobre o livro «Luz Central», de Ernesto Sampaio
[1959.4.17 – Carta de Ernesto Sampaio ao «Diário Popular», publicada na revista «Pirâmide», Junho de 1959]
1959.4.30 - In «Diário Popular», suplemento literário, «Cultura Imóvel e Cultura Fascinante», responde ao artigo de João Palma Ferreira, no mesmo suplemento, em 16.4.1959

1963.3. 00 - In «Surreal-Abjeccionismo», antologia organizada por Mário Cesariny de Vasconcelos, o texto intitulado «A Falência do Neo- Realismo», já publicado no caderno «Zero» nº1
1963 (?) - In «Notícias da Amadora», sob o pseudónimo de Henrique Pires Ventura - «Surrealismo-Abjeccionismo, uma antologia de indesejáveis»
1963.5. 63 - In "Jornal do Fundão" - «A Antologia – um Poema Colectivo»
1963.5.16 - In « Jornal de Notícias», suplemento literário, «1924-1964: surrealismo-Abjeccionismo»
1963. 4. 10 -In «Jornal de Letras e Artes», «Surrealismo-Abjeccionismo, uma sessão na Casa da Imprensa»
1963.8.14 - In semanário " Letras e Artes", «O Surrealismo é uma Filosofia»
1963.11.6 – Fernando Barros contra A.C. in «Jornal de Letras e Artes», «A Filosofia não é um Surrealismo»
1963.12.4 – In «Jornal de Letras e Artes», «Filosofia e Surrealismo», resposta de A.C. a Fernando Barros
1963.12.12 – In "Jornal de Notícias" (Porto), suplemento literário, «O Surrealismo e o que se traduz»,
1963-12-12- In «Diário de Notícias», suplemento literário, «Arte e Anti-Arte»
1963+- In « Bandarra-Artes e Letras Ibéricas», «Surrealismo e Lugar-Comum»

1964. 1.23 – In «Jornal de Notícias»(Porto), «suplemento literário, «O Teatro e a Morte»
1964.11.13 – In Jornal "República", «O Surrealismo em Portugal»


1965.8.24 – In Jornal "República ", «Planète» e os Cometas de Cauda»,
1965.7.28 – In « Jornal de Letras e Artes», «Surrealismo, a mais Importante Encruzilhada Intelectual do Nosso Tempo»

1966.3.20 - In Jornal "República" , suplemento «Bastidores», «Do Fantástico Surrealista à Antecipação Abjeccionista» ( ou «O Surrealismo e a Reabilitação do Fantástico»?)
1966.4.7 - In “Jornal de Notícias”, (Porto), «O Surrealismo e a Reabilitação do Fantástico»
1967.6.22 – “Jornal de Notícias”, Porto, suplemento literário, «Alguns Apontamentos sobre Surrealismo Ainda»

1968.7.19 – In Jornal « A Capital» , recensão de livros, «A Literatura e o Mal», de Georges Bataille

1971. 5. 8 – In semanário «Notícias da Amadora», «Georges Bataille nas Mãos das Bruxas»
1971.11.3 – In «Jornal da Costa do Sol», suplemento «Seara», «Os Temas de Antecipação»

1972.2.6 – In « Diário de Coimbra», Suplemento Juvenil, «1942-1966: Cronologia Incompleta do Surrealismo Em Portugal»
1972.3.29 – In Jornal « A Capital/ Literatura e Arte» «As Leis da Imaginação, o Acaso Objectivo»
1972.4.11 – In «Diário do Alentejo», «Crime na Catedral»

1973.1.16 – In «Diário do Alentejo» , «Georges Bataille: descer aos Infernos sem Escafandro»

1975.0.00 – In «Cronos – Cadernos de Literatura e Arte», «A Posição Histórica do Surrealismo» (1975.7.28 )

1989. 8. 19 – In Jornal «A Capital» , Afonso Cautela entrevista Mário Cesariny

1991.3. 26 – In Jornal «A Capital» coluna «Livros na Mão», «Bataille Desafia Habermas»

*
2012.7. 31 - Inédito até agora, sábado, 4 de Agosto de 2012 mas já publicado no Blogger -> «Voltas e reviravoltas do abjeccionismo»
*

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

FOTOSFERISMO: 2 ANOS DE POLÉMICA (1958-1959)-II

fotosferismo-capa2> espólio ac à vista – hemeroteca pessoal

AO ESCRUTINADOR DO ESPÓLIO AC

Quarta-feira, 2 de Junho de 2004

Graças à anedota do fotosferismo – palavra que inventei – tenho trabalho de agenda para esta quarta-feira, em que estou razoavelmente bem disposto, depois de os intestinos terem funcionado pelo segundo dia consecutivo, sem recurso a grandes truques.


Nesse caso e como não há mais nada a fazer, vamos à cronologia dos eventos.
Mas primeiro os links para 4 files publicados on line ou a publicar um dia:

58-10-13-DL - UMA NOVA TEORIA DA CRIAÇÃO HUMANA
59 -04-02-as- MEMÓRIAS DA VIDA CONTRIBUTOS AVULSOS, REDIGIDOS EM DIFERENTES ÉPOCAS, E EM «ELE» (NÃO EM «EU»)
59-04-12-LS-S&S- UMA NOVA TEORIA DA CRIAÇÃO HUMANA(*)
memorias-AS - DATAS AC: 1959-1977

E agora a cronologia do material (recortes, dactilmanuscritos ) reunidos a seguir (Pasta Arquicor, capa preta, Nº 131:

13-10-1958 – Data em que escrevi a bela peça que originou tudo isto
2-4-1959 - Data em que publiquei no «Diário de Notícias», a bela peça que originou tudo isto
17-4-1959 – Carta de Ernesto Sampaio ao «Diário Popular» , publicada na revista «Pirâmide», Junho de 1959
23-4-1959 – Carta dactilmanuscrita da AC ao Carlos Porto, fazendo queixinhas do meio literário por causa dos cadernos «Zero»
30-4-1959 – Cultura Imóvel e Cultura Fascinante – Artigo de AC no «Diário Popular» (Lisboa) (recortes e manuscrito)
16-4-1959 – «Uma pretensa Geração espontânea»– Artigo de João Palma Ferreira no «Diário Popular» (Lisboa)
7-5-1959 (data provável) – «Resposta a Uma Pasquinada» – Artigo de João Palma Ferreira no «Diário Popular» (Lisboa)
14-5-1959 – Notícia do «Diário Popular» dizendo que se recusa publicar uma carta de Afonso Cautela devido ao «desbragamento ofensivo da linguagem usada».
22-5-1959 – Várias cartas de AC dactil manuscritas com as queixinhas habituais contra o meio literário e etc. (talvez arquivadas em pasta de correspondência a localizar)

FOTOSFERISMO: 2 ANOS DE POLÉMICA (1958-1959)-I

fotosferismo-capa1> - espólio ac à vista – hemeroteca pessoal

AO ESCRUTINADOR DO ESPÓLIO AC

Quarta-feira, 2 de Junho de 2004

O caderno Zero Nº 2 – sobre Líricas Maiores e Menores - , 30-9-1958 , originou, 1 ano depois (1959) , um dossiê de piropos e contra-piropos, de que a seguir se faz a cronologia, entre 17 de Abril de 1959 a 22 de Maio de 1959 .
Este dossiê de piropos e contra-piropos pseudo-polémicos cruza três alíneas:
a) João Palma Ferreira, de peso institucional, com dois artigos no «Diário Popular» (Lisboa), onde fazia a crítica de poesia às quintas –feiras
b) A intervenção de Ernesto Sampaio, zangadíssimo com o elogio que AC lhe fizera ao livro «Luz Central», publicado no «Diário de Notícias» (Lisboa) , 2-4-1959
c) Uma série de dactilmanuscritos com o AC muito decepcionado de não ter «inimigos» à altura
É óbvio que não vale a pena digitalizar nada disto, além do que já está e que consta da lista de 4 files para fazer links
Por isso me limitei à breve cronologia dos acontecimentos e recortes, a seguir elaborada.
Não me esqueço que João Palma Ferreira foi director da BN e um dos dinamizadores do serviço de espólios.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

ERNESTO SAMPAIO EM 1958

Transcrito ipsis verbis do blog «Book's Cat» , onde tem o título E.SAMPAIO 1958-

Este texto de Afonso Cautela foi publicado em 1959. 4. 2 - In «Diário de Notícias», Suplemento literário , com o título «Uma Nova Teoria da Criação Humana», texto sobre o livro «Luz Central», de Ernesto Sampaio

UMA NOVA TEORIA DA CRIAÇÃO HUMANA (*)

A propósito de duas estreias:
 Luz Central, de Ernesto Sampaio, 1958
 Amor em Visita, de Herberto Helder, 1958

(*) Se este texto foi publicado, parece-me incrível que eu o tenha feito, já que, pelos vistos, não evitei a desvergonha de o escrever. E agora a desvergonha de o teclar. Pergunto-me se não seria muito melhor já o ter rasgado há muito, em vez de o conservar em vinha de alhos. Nem sequer por duas ou três intuições que nele relampejam. Nem sequer por mostrar a minha rendição aos surrealistas. Nem sequer pela citação do ocultista Eliphas Levy: fico a saber que o ocultismo me interessava em 1959... Há, portanto, 50 anos , meio século. Talvez esta antiguidade seja o aspecto interessante do texto, que no resto mais valia ir prólixo.( 5/Setembro/1999)


Prefiro considerar este livro de Ernesto Sampaio sem filiação próxima ou afastada, portuguesa ou estrangeira. Além disso, o fundamento teórico de toda uma novíssima poesia e a chave para a sua interpretação. E ainda o ano em que se editou - 1958 - o ano-eixo de uma geração ( a que se emancipou entre 1955 e 1960). Não foi por acaso que Ernesto Sampaio , poeta e profeta, viu pela primeira vez um texto seu publicado no número do jornal A Planície dedicado só a poesia e poetas, o nº de 8/9/1956.
Ali foi trazido pela mão de Raul de Carvalho, organizador infatigável desse número. O estudo de Ernesto Sampaio saiu como artigo de fundo e intitulava-se Para uma Literatura Problemática. Nada disto, inclusive o título do artigo, aconteceu por acaso. Pela incompreensão que a crítica oficial mostrou do livro de Ernesto Sampaio, não nos é difícil perceber que nenhuma das folhas literárias em uso pela imprensa comercial, informadas, fomentadas e responsabilizadas por essa crítica, acolhessem um artigo cujo pensamento tão exuberantemente escapava às camisas de força adredes preparadas pela sisudez e hieratismo consuetudinário da mesmíssima crítica.
É preciso dizer , sem mais preâmbulos, que a crítica intestina apresentou, perante Luz Central, a sua demissão, agindo, como agiu, pelo método mesquinho de ir descobrir plágios no que não passa de coincidências e influências no que não passa de assimilação e transcensão. Falou-se de tudo, a propósito de Ernesto Sampaio, menos dele e do significado renovador e revolucionário deste seu livro, composto de um texto crítico, um texto poético e um extratexto. E perguntou-se tudo menos o que interessava perguntar: Porque os reuniria o autor num só livro, sob esta legenda unificatriz: Luz Central?
Pela nossa parte responderíamos: Porque todos nascem e visam um «ponto central» , uma núcleo, uma fotosfera, como vamos preferir chamar-lhe. Fotosferismo, eis talvez como poderíamos baptizar , até nova ordem, a teoria da criação humana que parece surgir com Ernesto Sampaio. A fotosfera no campo das ondas luminosas e a gravidade no campo das ondas magnéticas são, com efeito, os dois termos-chave para compreender o fotosferismo ou gravitacionismo de Ernesto Sampaio.
A gravidade em Luz Central (luz central ou fotosfera) ganha aliás três significados: o cósmico (ou meta-empírico) , o terreno e o antropológico ou ético. Puxados pela gravidade os corpos encontram-se no centro da terra. A gravidade , por sua vez, chama-se atracção celeste se acontece entre os planetas (sentido cósmico) . E se acontece entre dois corpos, chama-se amor (sentido ético). Por isso Ernesto Sampaio escreve: « À tendência irresistível no homem para o conhecimento que definimos por ponto central, empregando uma fórmula que todos os ocultismos mencionam («A grande obra é a conquista do ponto central onde reside a força equilibrante» - afirma Eliphas Levy, na sua História da Magia), a essa tendência irresistível, dizíamos, dá-se o nome de revolução. ».
A problemática proposta em Luz Central é ainda de uma gravidade como não conhecemos outra em prosadores filo-surrealistas, no intervalo da soneca que a crítica tem dormido , após os neo-realistas desgrenhados e as líricas bem penteadas. Nada há em Ernesto Sampaio que os lembre ou se lhes ligue: «Não há acto do espírito sem tormento moral, sem gravidade intrínseca, plena seriedade em cada olhar lançado sobre a vida. Esta gravidade constitui o mais sério reactivo contra a tentação literatizante: a mais absurda de todas as misérias espirituais.»
Ernesto Sampaio cita , é certo, Bataille e Henry Miller, Artaud e Jean Genet mas usa-os mais para companhia do que para mestres, mais para confirmação do que para afirmação.
Que de boas companhias lhe era mister rodear-se e prevenir-se em face do que o assediaria (e viu-se que assediou) . Mas é tão pessoal, tão segura, tão própria a palavra destes três textos, que melhor será convencermo-nos de que estamos perante um caso de geração espontânea. Claro que sim, que Ernesto Sampaio leu e leu muito e leu bem. Mas se leu, meditou ainda mais. Não é de quem se usa do alheio esta sintaxe tão diferenciada, esta consciência tão rigorosa e original das grandes verdades que o rosto das grandes mentiras mascara, esta gravidade de poeta.
Sim, de poeta. Além de outros «pilares gloriosos da nossa civilização» que vão desfazer-se em cacos, o pilar que divide o filósofo do crítico, o crítico do poeta, o homem que pensa do homem que ama, o que conhece do que adivinha, o que sente do que pressente, não poderá durar muito.
Ainda por respeito à crítica bem educada, Ernesto Sampaio divide o seu livro , conforme a terminologia académica, entre crítico e poético. Com o extra-texto, porém, joga a cartada indispensável à pesquisa da zona intermédia que é a caixa toráxica do divino espírito santo... Da zona que é a zona equatorial deste livro solar. Um pequeno exercício de cabala visual prefacia , por comiseração com as hostes de ontem e anteontem, o «texto poético». Mas a partir daí o sinal de amor incarnou, fez-se letra escrita, embora ainda por decifrar ou traduzir . Só sobre um campo minado de hipóteses vale a pena caminhar. Só num céu cruzado de sinais fosfóricos a viagem se realiza para todos os rumos. De hipótese em hipótese terá de ser visto e revisto o magma escaldante deste livro. Quem o tocar sem prevenção, escalda-se... A partir de agora, quem falar de amor, há-de saber o que diz, porque o diz, como o diz.
São de Raul de Carvalho , precursor de Ernesto Sampaio e mestre da novíssima poesia portuguesa, estes versos: «Quando falo de amor sei o que digo». E a verdade é que sabe e alguns mais o sabem. Dentro de uma variedade que pode oscilar entre o tradicional e o vulgar, os novíssimos poetas distinguem-se e aproximam-se por este índice comum: quando falam de amor, sabem o que dizem. Alegar-se-á que o amor foi sempre o «ponto central» de toda a poesia e nem só da de hoje. Mas claro que sim; e nisso é que a moderníssima poesia , reabilitando uma tradição tão velha como o homem, encontrando-se esgotados na lírica menor todos os caminhos, se formula como um dos mais belos gritos de liberdade absoluta que a humanidade já ouviu ( a que tiver ouvidos).
Hoje como ontem é o amor que os poetas cantam , mas tão diferente da de ontem é hoje a ontologia desse amor como um soneto de Camões o é d« Amor em Visita» .
Herberto Helder é dos que podem, dos que sabem falar de amor. Devendo muito a alguns poetas «inteligentes», individualiza-se «na ciência de amor feita», ao contrário do «amor de ciência feito» que poetas evidentes e sem evidência nenhuma têm, em português clássico, sonetizado.
Um grande poema de amor como é o de Herberto Helder continua a experiência da tradição, não a que vem dos cancioneiros, mas outra, outra que vem de origens insuspeitas, de uma continuidade sem trânsito pela terra, fios que os historiadores se esquecem sempre de historiar na história conveniente. São os fios da história inconveniente os que o poeta descobre , é esse amor que ele renova e reabilita, é essa poesia de que ele nos dá a suprema sabedoria.
Ernesto Sampaio chegou primeiro que os livros. Ele pode ter lido muito, mas depois de saber tudo. Os livros confirmaram a profecia, demonstraram as hipóteses, mas não disseram nada de novo. Antes de tudo, Ernesto Sampaio foi o profeta-poeta e só depois o teorizador, e só depois o estudioso, e só depois o crítico, e só depois o explicador do inexplicável. É o seu texto poético que explica o crítico e não , como se quis, o contrário, como fizeram os polícias sinaleiros da nossa crítica que não conhecem as direcções proibidas e só conhecem as de rodagem habitual. Com os binóculos invertidos, estão vendo as imagens muito em miniatura, quando a faina do crítico , hoje, só pode ser uma: colocar-se no centro da terra, na luz central, no fogo, na fotosfera ou centro de gravidade e deixar-se queimar com os poetas. Explicar a poesia , hoje, é explicar o Amor em Visita, o amor em catástrofe e em pena, o amor em princípio e em evolução, o amor em instante e em eternidade.

AFONSO CAUTELA

segunda-feira, 30 de julho de 2012

JOÃO PALMA-FERREIRA E AFONSO CAUTELA: POLÉMICA 1959

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CULTURA IMÓVEL E CULTURA FASCINANTE (*)

(*) Este texto de Afonso Cautela, publicado no suplemento literário do «Diário Popular» (30-4-1959), faz parte de uma polémica então havida, entre o crítico João Palma-Ferreira e A.C., naquele jornal e nas seguintes datas:
16-4-1959 - «Uma Pretensa Geração Espontânea» , de J.P.-Ferreira
30-4-1959 - O texto de A.C. a seguir transcrito
07-5-1959 - «Resposta a uma Pasquinada» , tréplica de J.P.-Ferreira




«A propósito do artigo do nosso colaborador sr.dr. Palma Ferreira, publicado neste suplemento no passado dia 16, com o título «Uma Pretensa Geração Espontânea», enviou-nos o sr. Afonso Cautela uma carta a perguntar por quanto lhe pagaríamos a réplica àquele artigo. Claro que não respondemos e, assim, recebemos posteriormente a resposta, que segue:


NA (DES) GRAÇA DOS DEUSES
Costumam os deuses recluir-se no silêncio propiciador do prestígio, da segurança e da comodidade que lhes convém. Costumam os deuses não descer nunca até aos mortais do rés-do-chão, porque a sua morada é nas nuvens, nas cúpulas ou nos terraços dos arranha-céus. Costumam os deuses não deixar por mãos profanas o crédito da sua divindade. Mas um dia o Olimpo agita-se e, nascido de um trovão, Júpiter aparece e fala em nome da Corte. O diálogo que se pedia, em regra, não atinge a almejada cordura. Mas depois de tantos meses a chamá-los para a controvérsia (em que continuamos a acreditar, apesar de tudo), depois de tantas horas a falar de convívio com surdos, depois de a crítica tanto e tanto malhar em ferro frio, sentimo-nos compensados quando um dos deuses, deturpando embora o essencial do idioma que falamos, nos responde bugalhos onde nós disséramos alhos. Valha-nos isso e agradeçamos a João Palma-Ferreira, depois da refrega, este artigo, que o dele, aparecido no «Diário Popular» de quinta-feira, dia 16 de Abril de 1959, me incita a escrever.

ESCORREGAR NÃO É CAIR
Antes de saber ao certo o que o orador quis, com todo aquele discurso, preferimos adiar, inclusivamente para conversa no café e até que ele as venha exigir escritas e publicadas, as respostas de índole pessoal («negócios particulares e ninguém se pode neles imiscuir» - repara o critico, que nem por isso se inibiu de lá meter o nariz), as quais apenas reverteriam para uma recíproca auto-propaganda, de que não desejo servir-me e que não desejo facultar-lhe. Prefiro debater os assuntos de interesse geral que possam pescar-se dessa onda de fel que a caneta, sempre tão matreira, sigilosa, prudente, calculista e calculada do comentarista de poesia não fazia prever. «Não há ninguém que, um dia, na vida, não tenha escorregado numa casca de laranja escondida na valeta» - declara. Infelizmente chegou esse dia para o nosso peralta, cuja compostura deu finalmente em descompostura, cuja fidalguia se desembuçou, cuja peraltice se perdeu, não deixando dúvidas a ninguém de que, pelo menos, a água da valeta (onde todos um dia escorregamos, segundo ele) não era nada limpa.


QUO VADIS, ESCRITOR?
O ilustre crítico não se poupou a esforços para confundir o leitor, usando da pirotécnica sobejamente conhecida em baixa polémica: transcrições arbitrárias, comentários insólitos, uns pozinhos de humor para manter o «estado de graça», uns nomes de escritores vivos para chamar as atenções menos atenciosas, a aparente ordenação dada por um surto de alíneas, onde a única ordem é a alfabética.
Pergunto: Estarei, para responder, obrigado a usar métodos idênticos, sofística semelhante, análoga desonestidade, pespontando de comentários jocosos afirmações fragmentárias desse outro dos poucos artigos que o meu atacante tem a elementar prudência de publicar? Valerá a pena seguir via tão fácil de dar nas vistas e ouvidos? Claro que não. E para conseguirmos obter algum resultado de uma conversa que logo de início foi posta tão baixo pelo provocador, procuremos estabelecer ordem na confusão, responder com honestidade às desonestidades, hierarquizar os assuntos e, finalmente, levantar para plano condigno o que foi atirado ao charco.
No caso de o exegeta querer trepar a alguma banda, além de misericordiosa intenção de abrilhantar um magazine que começou de se embaciar com a retirada dos dez mil, isto é, com a retirada estratégica da falange de colaboradores de brilho e nomeada, - vejamos onde e por onde quer ele ir.

DEZ TOSTÕES PARA QUEM DESCOBRIR
Apesar de tão amofinado, logo no limiar, com o texto de análise e apologia que dediquei aos livros de Ernesto Sampaio e Herberto Helder («Diário de Notícias», 2/4/59), o pássaro não se contenta com tão pobre seara e, preferindo voltear até Agosto de 58, mete o bico noutra. Exuma o caderno Zero-um, (sobre que comete logo de entrada uma inexactidão de pouca monta, afirmando que «ninguém colabora nesse caderno além do próprio A. C.», quando na verdade é que nesse caderno colaboravam também José Augusto Seabra e Domingos Carvalho), e transcreve uma falta que, valha também à verdade, não vinha nada a propósito. Mas ele quis encher o papo e ter entretenga até de manhã. Deixemo-lo saciar-se e vejamos o que se pode mondar, já que nos permitimos ocupar toda a quinta-feira à tarde até de madrugada.
Que tinetas são, em suma, as dele? Na maioria, puras inexactidões, saltos no vácuo, contorcionismos de efeito polémico, pirotecnias, tiros disparados no ar com o alvo em toda a gente e em ninguém. Além destas, abaixo de zero, conseguem descortinar-se, com boa vontade, algumas ocorrências de sinal positivo, que vale a pena discutir para recíproco e público esclarecimento. De outras nos não ocuparemos.
As tinetas que vale a pena exarar são as seguintes:
a) Obnubila-o a possível existência de um novo ismo, descoberta que o magoaria imenso no caso de o tempo vir a confirmá-la;
b) Não perdoa que esse ismo possa ter um nome tão caricato como o de fotosferismo;
c) Dá «dez tostões (duas coroas) a quem conseguir ler a «Luz Central» (...) e encontrar lá (...) Amor.

UM PARÊNTESIS NECESSÁRIO
Antes de circunstanciarmos estas três alíneas coesas e complementares a que confinámos a nossa quota parte no processo, e visto que o adversário preferiu derramar a formulação do dele por cinco átimos díspares e disparatados, bramindo cada qual para seu quadrante - forçoso é que comecemos em a) até nos estatelarmos em e).
De a) a e), com efeito, decorre o processo que o juiz viciou logo na origem. Ele lá as fez e lá as baptizou desta maneira pimpona. Pergunta ele:
«Segundo o dito manifesto, como se poderá atingir essa pretensiosa transformação do Mundo?». E ele mesmo responde:
«Ê o senhor C. que enumera os vários processos mais rápidos e eficientes para a supracitada transformação.»
E, vai daí, eis as alíneas a salvarem de aflições um homem sem assunto. Porque a verdade é só uma: o dito senhor C. não enumerou, não enumera nem enumerará jamais, como o impetuoso atirador escreve e quer, nem sequer os vários processos de matar pulgas, quanto mais os de «transformar o mundo». O que escrevi, isso sim, e me prezo de escrever e pensar em todas as circunstâncias, é isto: «O dever do trabalhador intelectual não é o namoro das estrelas mas a luta, corpo a corpo, com as forças do mal, e a comparticipação efectiva, concreta, indignada na transformação do Mundo».
Uma afirmação destas autorizava alguém, porventura, a induzir os processos que porventura preconizo de «transformação do Mundo»?
Ao cérebro e à sensibilidade do maldoso rapazinho repugna esta minha exasperante mania de que a missão e luta do escritor é hoje a mesmíssima do homem comum e que «a poesia é uma arma» (Raul de Carvalho) sem perceber que os meios de lá chegar não são complexos, nem ínvios, nem subreptícios, nem sequer precisam de tantas alíneas como as que me atribui.
O meio é apenas um: a força da obra de criação que autenticamente o for. Uma obra de arte age por si. E por ela o escritor toma parte na «transformação do Mundo». O ponto está só (só!) em saber onde está esse escritor.
Para sintoma imediato (e sem ironia) eu diria que, depois de tantas provas a favor, o «escritor que importa», o «autêntico criador», o «revolucionário», o «portador, mensageiro e apóstolo da nova criação do homem» será todo aquele contra quem a sanha dos críticos bem educados se virar. O literato de boa educação não pode suportar a luz central, a literatura mal educada. É um teste infalível. E denuncia-se, da maneira que o estamos vendo: malcriadamente…
Como ele reconhece, num dos escassos relâmpagos de lucidez que atravessam as colunatas chilras da sua prosa «Afonso Cautela não desiste de de transformar o mundo a partir da literatura». Pois não, não desisto de transformar o mundo pela literatura. Mas por isso a literatura tem sido para o A. C. muito diversa coisa de «um piquenique da glória» (contestá-lo-á, senhor J. P.-F,?), tem sido aquilo que nunca foi, não é nem será para os que, não comendo os figos, no entanto lhes rebenta a boca, sabe-se lá porquê! Sempre o A. C. pensou (e procurou ser como pensava) da missão do escritor o que a seguir consta.

A MISSÃO DO ESCRITOR
Impossível acreditar nos escritores de ocasião, nos oportunistas, nos «estrategas da glória». A vocação de escritor, se existe, sobrepõe-se a todas as conveniências e circunstâncias, aos deveres de segunda ordem, porque é um dever absoluto. Nada lhe resiste, impele a moral e as mesuras, as tabelas e preços de uso comum, abre na sociedade uma lavra de fogo, chicoteia por dentro as hipocrisias institucionalízadas. Ser escritor é usar uma arma de sucessivas metamorfoses, do azorrague ao lírio, uma arma defensiva dos fracos e ofensiva dos fortes, sempre que necessário. Ser escritor é ter na mão uma pena amargurada mas crente, impulsiva ou mordaz, à qual se sacrifica tudo, pela qual se deu e dá tudo (mesmo quando se não tem e já não se tem nada) e que, dia a dia, exige tudo de nós, sangue e nervos, saúde e trabalho, a vida e a morte. A grande, a interminável muralha da china dos sofrimentos humanos nunca se despega dos olhos assustados ou exaustos do escritor.

LITERATURA DE QUINTAL
Foi isto, acaso e algum dia, em acto ou em conceito, ou sequer em intenção, ou sequer em suspeita, perto ou à distância, a missão do escritor para tão sisudo literato? Como não há-de ele admirar-se que eu entregue à literatura «a transformação do Mundo», se literatura ainda é e continuará a ser para ele a maneira de encaixar, na tribuna da ordem, os reptícios interesses da ordem (pessoal, tribal, partidária) e a remuneração regular do serviço? Claro que essa «literatura» nem para transformar o quintal das traseiras, quanto mais o mundo!...

ONDE A FALTA DE UM «S» PROVOCA CAMBALHOTA
Não contente em viciar a discussão na origem, atribuindo-me o que nunca constou das minhas atribuições, autoriza-se depois o autoritário colunista a despender induções como esta:
«Mas quem são os valores sem idade nem índole de cristalizar? (...) Em primeiro lugar e, sobretudo, são os neo-realistas».
Puro, simples e piedoso disparate, visto que ele leu em onde eu escrevera sem. Basta rever a escritura e isso se saberá. É claro como água que os «valores sem idade nem índole de cristalizar» só poderiam ser os jovens, os independentes, os não reconhecidos, os que a imprensa e edição comercial sistematicamente irradia (com as excepções agora vigorantes, sim senhores, que só vieram confirmar a regra e, talvez, manifestar até que ponto o manifesto do Zero e d'A Planície têm sido ouvidos e pressurosamente remediados…) – e nunca, e jamais os neo-realistas ou outros que nessa imprensa e edição largamente se encontram representados.
Mas o nosso marinheiro tinha de fazer saltar a truta — o neo-realismo — que lhe estava a causar impressão na manga, e não hesita. Só lamentamos que tão má pontaria manifestasse e que, na altura própria, quando abrimos no caderno Zero o debate sobre o neo-realismo, não tivesse aparecido com as mesmas artes de prestidigitador. Não diremos que seja agora demasiado tarde para voltar àquela lebre, mas fica com certeza um pouco fora da volta. Deixemos, pois, o neo-realismo de remissa, até que, esgotados outros objectos de maior virulência nesta controvérsia, a ele possamos voltar. Não deixemos de estranhar, contudo a inusitada condescendência que o nosso marinheiro dedica ao neo-realismo e o miríade de inexactidões que é o prato forte de quem se mete ao mar e tão pouco percebe da pesca.
Estranho também é que alguém, a quem nunca se ouviram palavras entusiásticas de aplauso e admiração para ninguém, venha insinuar-se como protector dos nomes sobre que nos cadernos Zero eu disse opiniões que são, no mínimo, responsáveis e que o opinioso cavaleiro (com suspeita mas ainda não comprovada linhagem nos da Távola e Graal) deveria ter o cuidado de discutir, se era acaso discuti-las o que lhe interessava.
Porque se mostra tão hipocritamente defensor de tanta gente sobre que, «em família», tão pouco favoráveis opiniões urde? Já que a expressão pública destes críticos, que têm no café uma opinião e na tribuna da tarde onde pontificam já a têm do avesso, é sempre a da mais ropiosa hipocrisia, não queiram ao menos iludir o leitor e passar por pobres lagartos, protectores dos «oprimidos» escritores que eu deliberadamente descasquei (quando e como entendi) ou a quem coloquei, por obrigação crítica, reparos ou restrições. Mas reparos ou restrições os que digo para dentro são os que escrevo para fora, para as colunas assinadas.
Poderá ser deselegante, desairoso, imprudente, mortal, expressar sobre contemporâneos vivos uma opinião. Mas não é, com certeza, partilhar da comédia hipócrita a que tais e tantos críticos se prestam, ao veneno das alfurjas literárias onde se destila mais veneno contra tudo e todos (à boca fechada, à porta fechada, sempre em circuito fechado) do que bicas escaldantes pelas goelas abaixo.
O Dr. João Palma-Ferreira, de seu natural apaziguador e evangélico, nunca deu «pancadaria» e assim se canoniza, de bracinhos para o céu, cioso dos que apanharam, de injusto chicote, a justa tareia:
«Em torno disto tudo, pancadaria em muitos que não se incomodam com isso, noutros que se incomodam mas não respondem por causa do escândalo e em alguns que não podem responder».
«Os que não se incomodam» é mentira. Há os que não sabem ler, que é diferente, ou os que não lêem, os que ignoram, os que encolhem os ombros, os que se julgam e nos julgam ainda em 1920, à espera da aurora boreal presencista ou de qualquer equivalente salvação do Mundo.
Há, sim, «os que se incomodam mas não respondem por causa do escândalo». E sem medo ao escândalo foi que o heróico defensor dos «humilhados e ofendidos» escritores - Tomás Kim, Jorge de Sena e os demais nomes que adrega de citar, ainda estou para saber segundo que critério e por que carga de água - queimando-se ele e deixando os outros na galeria a bater as palmas, veio para a arena.
Os outros, áfonos por constituição, sem pio além do lírico, ficaram admirando e bendizendo o discóbulo corajoso capaz de enfrentar a fera…


A ÚLTIMA ALÍNEA
Na última alínea o desvairamento atinge culminâncias:
«O Sr. C., em suma, (e que eu saiba) de tudo só salvou três coisas, para bem do literato, do irmão obreiro e da reforma do mundo: o Amor, Raul de Carvalho e o surrealismo».
Quem julgará ele que vai acreditar num tão arrepiante dislate? Se o hermeneuta parece tão lido nas laudas de quem quis atacar por que não cuidou de verificar que, positivamente e para não andarmos a jogar as palavras, de tudo o que confessei admirar (e não foi pouco, e não foi sem interesse desinteresseiro e apaixonado) salvei até hoje muito mais do que essa trindade a que o cruel justiceiro me quer cingir e condenar?
Não há dúvida, considero o Amor um princípio revolucionário se o virmos fundamentalmente como o oposto da Razão, contra toda a Razão, e Inteligência, e Esperteza, e Ciência, e Sapiência, e Técnica, e Artimanha, e Presciência, e Omnisciência, e Sabichice, de que sofre o mundo e, pelos vistos, os eruditos senhores dele.
Mas além do Amor, muito se salva. Também é verdade que considero Raul de Carvalho um «lírico maior», um «lírico da imaginação», um «poeta absoluto», um «profeta da absoluta terceira verdade». Mas não creio que seja único e várias companhias lhe apontei em Zero-dois. E também é verdade que considero o surrealismo capaz de salvar o mundo, em face da facilidade com que tantos o vão, de olhos tapados, levando à última desintegração; num mundo de inteligentes, de cientistas, de eruditos, de sábios, tudo gente lógica, formada, infalível, geométrica, x + y = z, num mundo de loucos inteligentes, ainda prefiro os inteligentes loucos que são os surrealistas; e que ninguém pode caminhar sem atravessar o surrealismo também me parece já verdade de cartilha elementar.
Mas onde é que tudo isto significa eu salvar apenas o Amor, o Raul de Carvalho e o surrealismo?

CULTURA ACADÉMICA E CULTURA FASCINANTE
Após a ginástica sueca a que o polemista nos obrigou, reatemos o fio das nossas três alíneas; isto é, a discussão de Luz Central, livro de Ernesto Sampaio que pretextou todo este colóquio.
Atribui-me o vidente, por excesso de velocidade, uma pretensão que francamente não tive: a de criar um ismo. Não pretendi tal e muito menos o pretendeu Ernesto Sampaio, porque seria fundamentalmente contraditório -- mas quem poderá deixar de ser contraditório, se se mete a discutir com os esculápios da lógica, da crítica, da filosofia do rigor, que só conhecem a lógica formal? -- pretenderem mais uma teoria, mais uma metafísica, mais uma doutrina duas pessoas que procuram precisamente a abolição da cultura que tem permitido tantas e desvairadas teorias, metafísicas, doutrinas.
Falar eu de uma «nova teoria da Criação Humana» não passou de uma condescendência do mesmo tipo da que levou Ernesto Sampaio a dividir o livro em três tipos de texto - quando nós sabemos só existir ali um texto, uma unidade perfeita de tudo - , não por sua vontade mas conforme a terminologia académica, querendo significar (aqui e no artigo que escrevi) por académica a cultura que, não for «fascinante», termo este muito mais adequado do que qualquer dos ismos propostos e que Ernesto Sampaio usou, já depois de escrito, em 13 de Outubro de 1958, o meu artigo, só aparecido na Imprensa decorrido quase meio ano...
«Cultura Fascinante», de facto expressa com muito mais propriedade o nosso intuito, que não é já o de substituir uma teoria por outra teoria - dentro do mesmo tipo cultural - mas uma cultura por outra cultura.
Falei de fotosferismo e de gravitacionismo como poderia ter falado de essencialismo, de nuclearismo, de qualquer ismo que tivesse a virtude (como parece ter tido) de afitar as orelhas dos que só com ismos as afitam. Usei um ismo, em certo pendor irónico, principalmente para isca. E se o leviano senhor leu mal o que escrevi, releia: «Para prática da crítica futura, à volta com o catálogo dos «ismos», aqui lhe noticiamos o novo «ismo». Para prática da crítica passada, presente e futura - repito e completo agora, - foi que usei a ingenuidade do «fotosferismo», isca que o ratinho mordeu e que, antes de o ter feito guinchar a ele, já me fizera rir a mim.

O PONTO VITAL DA CONTROVÉRSIA
Espera-se que da «cultura fascinante» resulte nova tromba de água do tempestuoso senhor, e então haverá oportunidade de entrar no que afinal interessa, desempeçando a conversa da teia de mesquinharias a que o nosso argonauta a conduziu. Ponto a discutir : a necessária substituição da cultura morta pela cultura viva, da cultura académica pela cultura fascinante, o norte pelo sul, o gelo pelo fogo, a Razão pelo Amor.

ALGUNS PASSOS DE DANÇA
Se o doutor não gostou do fotosferismo, chame-lhe o que quiser, na certeza de que todas essas expressões poderão não dizer a verdade (nunca a verdade pede estar num ismo!) mas dão dela a imagem parcelar, aproximativa, convergente, que é necessário ir ajustando até à coincidência, no centro, do Todo com o Todo: «Todo o conhecimento intelectual é falso: só a vida conhece a vida» - disse alguém, ou, se ninguém disse, digo eu. Os ismos que poderíamos indicar ajudam em linguagem dialéctica a fazer perceber a hermética sabedoria que se preconiza e onde chegaremos com tempo, peso e medida. A luta é desigual, porque se trata de combater com as próprias armas que queremos destruir: as dialécticas. Prefaciaremos, contudo, até onde for possível, a Alegria, a Dor e a Graça — trilogia inconfundível que Leonardo Coimbra também combinou num só livro.
«Coincidências astrológicas» — dirá com um sorrizinho fungado o lógico e racionalista crítico. Pois bem: preferimos a sabedoria dos astros e das bruxas, ao bruxedo e à astrologia barata da pseudo-crítica que não ata nem desata, que não vê, que não viu, em Luz Central o que até Alfredo Margarido viu, na única ou numa das únicas vezes em que acertou: «À procura de uma fundamentação mais extensa anda Ernesto Sampaio, com a sua «Luz Central». (In «Diário ilustrado», 31/Dezembro/58).
Para argúcia tão funda como a do autor do Poema para uma Bailarina Negra, foi um acertar em cheio no alvo. Só talvez lhe escapasse que a «cultura morta» em vez da «cultura fascinante» não permitiu à sua bailarina mais do que dançar em pontas... Vem a propósito relembrar que o referido poema, sacrilegamente comparado ao de Herberto Helder nas tertúlias do Rossio, muito aplaudido pela crítica adstrita, bairrista e muito «inteligente», não passando de uma ficção à base de elementos estilizados e compósitos, sem integração numa vivência, postiço, inautêntico, incaracterístico e despaisado, mau grado a muita paisagem de cenário que por ali se pinta; não tem, embora quisesse ter, força de rio nem de contra-corrente equatorial. Não derruba sequer um dedo do monstro (a «cultura morta»), que continua de cócoras e dormindo, enlevado, nos primores artísticos, arquitectónicos e monumentais do seu fabuloso passado e do seu abastecido presente. Não é uma bailarina negra a dançar numa boite de Paris ou numa adega típica do Bairro Alto o que se exige do poeta, se acaso o poeta quisesse virar do avesso, coma devia, o casaco ao monstro. O que ele teria era de transportar a negra, com armas e bagagens, isto é, com habitat, ascendência e cultura para a Língua portuguesa. E só então chamaríamos a isso um caminho original (percurso de origens) sobre os caminhos andadiços de uma cultura que nunca foi original nem «fascinante», porque foi sempre o pesadelo do Passado (a História) ou a insegurança do Futuro (a Metafísica) a abortar a alvorada de toda e qualquer experiência inaugural.
«Fascinante», sim, chamamos nós ao encargo de destruir, com armas de sangue, luz e nervos, primeiro a dialéctica de que uma civilização inteira se nutriu, e depois a civilização que serviu de esqueleto, de suporte sangrento e de torre de enforcados à dialéctica. Demasiado «fascinante» é tal encargo para aceitarmos qualquer habilidade estilística, sofística ou «científica» como suficiente ou sequer razoável morbo desintegrante. O sangue arterial que substituirá o sangue venoso em intensa circulação por quase todos os interstícios e órgãos da nossa prezada sociedade racionalista e democrática, (incluindo as orgânicas, tirânicas e ditirâmbicas das Américas Central e do Sul em desaparição) ou da Europa e colónias europeias dos continentes africano, australiano e asiático (em decomposição) — o sangue arterial que virá, só pode brotar de uma aventura total, de um mergulho absoluto muito abaixo da corrente da civilização em que os críticos e outras pessoas inteligentes navegam.


A HIPÓTESE HEURÍSTICA
Quando Ernesto Sampaio publicar o seu novo livro - Cultura Fascinante é precisamente o título - cá estamos para voltar a discutir dialecticamente o que, no fundo, não admite dialécticas, mas honra os críticos em exercício e seu cego peregrinar sobre cadáveres, sobre piras mortas, sobre suspiros que já nem os corvos nem a noite ouvem.
Limitar-me-ei, então, ao que fiz com Luz Central: lançar sobre ele uma das hipóteses a cuja luz poderemos interpretá-lo. Pode mesmo ser que Ernesto Sampaio esteja ou venha a discordar da hipótese proposta por mim. Mas é uma, entre outras que deveriam ter surgido, que um livro com o mérito do de Ernesto Sampaio deveria ter feito surgir, não se desse o caso de os críticos dormirem a sono solto e patentearem a mais crassa das indiferenças perante um livro revolucionário, desafiante, magnético e arrebatador como é Luz Central. Se não lhes agrada o fotosferismo, olhem ao menos com olhos de ver para o que lhes está diante dos respeitabilíssimos narizes.

A NOTA FINAL: ÚNICA AFINADA
Vamos finalmente ao pescoço da ave, vamos findar por onde a chilreada começou. E, diga-se, pela única nota, afinada da sinfonia:
«Afonso Cautela (...) parece querer manifestar ou, pelo menos, denunciar o espírito de uma "geração» - afirma o prometedor ensaísta.
Finalmente, depois de tantos tropeços e aleijões, de tanta má-fé e de tanta frivolidade, o pássaro poisou certo e disse bem — quis eu, de facto, manifestar o espírito de uma geração. Com o caderno«Zero» e especialmente com as «mensagens de abertura» (assim as denomina o meu opositor) que estavam previstas para os cinco números, queria ir «reflectindo os anseios de outros jovens», como ele acentua, e nem só os meus. Preocupei-me, de facto, menos em falar no singular do que no plural. E o plural, cuja força de aglutinação, na vida intelectual, é mais forte, é a geração, comunidade que, contrariando os egoismos de grupo, os egoismos de bairro, os egoismos de partido e até os egoismos entre gerações, pode constituir o degrau da solidariedade, do convívio que preconizamos.

AFONSO CAUTELA

domingo, 29 de julho de 2012

ANDRÉ BRETON «SANTIFICADO» POR CLAUDE MAURIAC

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SURREALISTAS E MILIONÁRIOS DA CRENÇA

CRIME NA CATEDRAL (*)


(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no «Diário do Alentejo», coluna «Leituras ao Acaso», em 11.4.1972

O tradutor da peça «Murder in the Cathedral» (edições Delfos, Lisboa) propos-se trazer à cena, num posfácio, três reis magos: Artaud, Jarry e Jean Genet.
A intenção - vê-se! - é escrever um posfácio; depois, patentear erudição e mostrar aos surrealistas (naturalmente!) que «ele também sabe coisas»; finalmente, aproveitar os mortos que já não podem piar ou um vivo, Genet, que está lá longe e tem mais que fazer.
E é assim que, a propósito de catolicidade, de não versilibrismo, de neo-classicismo, do «Poetry and Drama» e outras douradas misérias do senhor T. S. Eliot, se arrancam, sem mais nem menos, à paz dos túmulos dois poetas - vivos! - cujas misérias e Miséria nunca tiveram nada a ver com os versos de ninguém e muito menos com os versos dos «milionários da Crença»; e muito menos com os dramas em verso clássico de T. S. Eliot.
Aparentemente inédita, a manobra de anexação é velha e revelha. De vez em quando, o crítico faz mão baixa dos tesouros profanos e em nome da fé, da esperança, da caridade, não deixa o pio crítico e pio senhor de aproveitar a caridade e a ocasião para surripiar dali - da Poesia, pais de onde havia de ser? — algo em benefício da Fé.
A esse respeito, os «Vingt Ans de Surréalisme (1939-1959)», livro de Jean Louis Bédouin, publicado em 1961, informa largamente, relatando o que têm sido as operações mais ou menos tácticas e aritméticas - subtrair para adicionar — a que se dedicam ou dedicaram, entre outros Pierre Klossowki, «a propósito do «deísmo» de Sade»; do senhor Dom Claude Jean-Nesmy que, segundo Bédouin, «se esforça por demonstrar o valor finalmente religioso da mais oficialmente ateia das escolas poéticas: o surrealismo»; Michel Carrouges, cujo livro André Breton e os dados fundamentais do surrealismo e em especial o capítulo «Surrealismo e Esoterismo» tem dado origem ao que Bédouin designa de «tentativas apologéticas abusivas»; tudo isto, além das já célebres espoliações sobre o legado de Jarry (que o pós-faciador referido repete) e o de Rimbaud, que nas mãos do senhor Claudel ficou reduzido a «místico em estado selvagem».
Confirmando, transcreva-se do livro citado, um parágrafo do manifesto colectivo ali reproduzido - «A La Niche des Glapisseurs de Dieu», subscrito por mais de cinquenta nomes :
«Mencionemos algumas destas tentativas, aliás conhecidas: em Julho de 1947, na revista «Témoignagne», um beneditino, Dom. Claude Jean-Nesmy, declara: «O programa de André Breton testemunha aspirações que são inteiramente paralelas às nossas. «Em Agosto, M. Claude Mauriac escreve na Nef, a propósito de «Fata Morgana»: «Um cristão não teria falado de outra maneira». Em Setembro, M. Jean de Cayeux proclama na «Foi et Vie» que tenciona subscrever, na medida em que elas poderiam estar de acordo com as intenções do movimento ecuménico, várias proposições enunciadas num artigo de um de entre nós. Depois houve nos Cahiers d’Hermès o penetrante estudo de M. Michel Carrouges: «Surrealismo e Ocultismo», que só tomou todo o seu sentido, entendemos seu sentido apologético, depois do recente aparecimento da obra do mesmo autor « La Mystique du Surhomme». Houve em «La Table Ronde» as elocubrações de M. Claude Mauriac que não se auto-reconhece talvez cristão mas todo se agita à ideia de intitular um ensaio futuro: Santo André Breton. Que bela farça!»

A. C.

ANDRÉ BRETON E JACQUES MONOD EM LINHA

breton-2> notas de leitura - as correspondências imaginárias - as correspondências mágicas - surrealismo & surrealistas - pistas de pesquisa

AS LEIS DA IMAGINAÇÃO: O ACASO OBJECTIVO (*)

(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no suplemento literário - «Literatura e Arte» - do «Diário Ilustrado» (Lisboa), em 29/3/1972

Relendo, ao mesmo tempo, «O Amor Louco», de André Breton, na tradução de Luísa Neto Jorge e «O Acaso e a Necessidade», de Jacques Monod, algumas ideias ficam para futuras investigações do Desconhecido. Do Impossível.
“Para a maioria dos espíritos literários, o fantástico define-se como uma violação das leis naturais, uma aparição do impossível”-, diz Louis Pauwels, que logo a seguir comenta e rejeita aquela definição tradicional: “Junto ao insólito e ao curioso, fantástico seria um aspecto mais do pitoresco. Ora investigar o pitoresco nos parece uma actividade ociosa e, resumindo, uma ocupação burguesa. Segundo o nosso parecer, o fantástico não é jamais uma violação, mas uma manifestação das leis naturais. Surge do mesmo contacto com a realidade, com a realidade observada directamente e não filtrada através dos nossos preconceitos e prejuízos, velhos e novos.»
Temos então que, ao contrário do assente e aceite, o fantástico não é uma violação das leis mas um alargamento dessas leis naturais até onde os preconceitos e prejuízos não deixavam ir a imaginação (a razão imaginadora).
Não parece abusivo, pois, considerar que Jarry com a Patafísica, Breton com o surrealismo, Pauwels com o realismo fantástico, Jacques Monod com as heresias de biólogo heterodoxo, estão prolongando e não negando a ciência.
Não é mera questão de palavras chamar«ciência» à ciência A, o que, de A a Z merece tal nome. Não é indiferente e a diferença é importante. Porque está em jogo o reconhecimento «científico» de coisas como as leis da excepção (Jarry), a lógica do contraditório (Lupasco), e a dialéctica da individualidade criadora (anarco-utopismo). No fundo, trata-se de (re)-descobrir a imaginação e suas leis. Ora o que uma concepção tradicional da ciência recusa é que haja leis para a imaginação e que a liberdade possa ter a sua gramática.
Tal como Breton ensina em «O Amor Louco», pode trabalhar-se o acaso e pode trabalhar-se para não sermos cegas vítimas do finalismo fatalista e determinista.
Pode-se ir ao encontro do livre arbítrio. Pode violentar-se a liberdade.
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no suplemento literário - «Literatura e Arte» - do «Diário Ilustrado» (Lisboa), em 29/3/1972

O ABJECCIONISMO EM 1963 - II

1-3- ética-1-

O SURREALISMO: UMA ÉTICA EM ACÇÃO
CALAR EM ABJECÇÃO É A ÚNICA FORMA DE FALAR (*)


Tavira, 10.Março.1963

Quando uma ordem colectiva se sobrepõe totalitariamente à ética individual, deixa de existir ética, no verdadeiro sentido desta palavra, para haver política, isto é, uma ética imposta, uma ética-para-uso-de-muitos.
Uma ordem totalitária, monopolizando o direito individual de ter cada um a ética que lhe aprouver, impossibilita, em nome de uma pseudo-ética, de uma ética-para uso-de-muitos, todo e qualquer acto de carácter genuinamente ético. É a ausência total de liberdade. É a sociedade totalmente fechada. É a total abjecção (1).
Ético (mas suicida) continuará, no entanto, a ser o acto de revolta dentro da ordem totalitária, acto que tenta possibilitar a percentagem mínima de eticidade (obscenidade) que neutralize a carga máxima de abjecção (2).

É assim que o surrealismo, fundamentalmente uma ética em acção e fundamentalmente acção ética, aparece, sob ordens totalitárias, na forma de um desaparecimento, falando em silêncio. Numa sociedade fechada, o surrealismo existe latente, manifesta-se sob a forma de um vácuo ou ausência.
O surrealismo, perante aquilo que diagnostica e designa de Abjecção, aparentemente abdica, desiste, cala-se, e neste sentido parece colaborar Nela. Só na aparência, porém. Calar – reconhece o homem surrealista – é ainda a única forma de falar, e não colaborar é ainda a única forma de colaboração, a única forma de acção não identificável com reacção.
A meu ver, seria esta existência virtual do surrealismo que alguns surrealistas, em Portugal, teriam pressentido sob a designação de abjeccionismo, termo cuja ambiguidade lhe define o conteúdo também ambíguo: «o que é não aparece e o que aparece não é», segundo Cesariny.
Abjeccionismo seria a forma que teria de assumir, nas condições que se sabem, um movimento estruturalmente revolucionário (totalitaria ou totalitaristicamente revolucionário) como o surrealismo.
Assim é que, enquanto alguns neo-realistas foram fazendo romances proletários para a burguesia, o surrealista manteve-se, a maior parte do tempo, em silêncio, querendo com esse silêncio dizer muito mais do que a algazarra dos outros todos.
A aparente abstenção do surrealista é, no fundo, a única maneira de ter realmente agido em vez de reagido.
Proliferar editorial e industrialmente, quer com crónica da alta burguesia à Joaquim Paço de Arcos, quer com romances folclóricos à Aquilino, quer com ciclos ruralistas à Alves Redol, quer com histerias pseudo-místicas à Régio, quer com narrativas cripto-existencialistas à Virgílio Ferreira, foi sempre, para o surrealista, colaboracionismo e do pior (4).
O que levou muitos surrealistas, em climas totalitários ou semi-totalitários, a abster-se não digo de escrever mas de publicar (a suicidar-se política, literariamente ou realmente), foi, não há dúvida, uma violenta exigência ética, uma ardente necessidade de ar puro (não viciado).
Por isso, são eles talvez os únicos homens em que o homem ainda se pode reconhecer. Dir-se-ia que o surrealista foi o que conseguiu manter-se livre onde todos se submeteram à servidão, revoltado onde todos se conformaram, incorrupto onde todos se deixaram corromper: o que, apesar de abjecto, o reconheceu a tempo e se manteve irredutível às forças e formas suplementares da Abjecção. Há no surrealista uma ânsia de pureza que não deve nem pode confundir-se com nenhuma espécie de puritanismo. O surrealista sabe que está mergulhado na Abjecção e que pode fracassar no esforço que fez, faz ou fará para se libertar dela. No entanto, esse esforço - a revolta, a permanente revolta - é que importa saber se existe, ou se, mais cedo ou mais tarde, directa ou indirectamente, vem a ser substituído por qualquer conformismo.
Os surrealistas têm, de certa maneira, direito a sentir-se um grupo à parte (3) . Enquanto movimento contra todos os tipos de alienação , enquanto Ética em acção e Acção ética, enquanto Revolução total, o surrealismo é único no nosso tempo.
Mais do que nenhum outro movimento , portanto, tem o surrealismo sido vítima dos climas totalitários, promotores e protectores de todas as formas de alienação.
Outras revoluções pode ter havido na filosofia, nas ciências, na psicologia, nas artes, na literatura, na economia, na política, na pedagogia.
A Revolução, porém, aos surrealistas pertence.
A Revolução, no mais geral e profundo sentido, a Revolução que abranja o homem, simultaneamente na sua unidade, na sua totalidade e na sua identidade, só o surrealismo a tentou. E só ele continua a tentá-la.
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(1) Verdade seja que, se tudo estivesse preparado, por parte da ordem política que me contém, para me conduzir individualmente à liberdade – padrão único de eticidade – talvez não tivesse mérito «moral» consegui-lo.
Quando tudo conspira para me alienar, quando uma ordem totalitária ou semi-totalitária torne suicida a minha exigência de liberdade, é que o meu esforço tem verdadeiro mérito «moral», pois começa a ser um esforço de afirmação individual contra a negatividade da ordem colectiva e colectivista.
Se aquilo que por imperativo ético, ou o que deve ser não coincide obviamente com o que é, cada um terá que se realizar nas circunstâncias que lhe é dado viver.

(2) Só pode haver um critério de eticidade e esse critério é a liberdade. Sou tanto mais humano quanto mais livre for. Humanizar-me é libertar-me. Quanto mais liberdade perco (quanto mais me alieno a outrém ou a outra coisa) mais humanamente me empobreço, depaupero, degrado.

(3) Todo o humanismo tende para a teorização, explícita ou implícita, de uma aristocracia (o padrão humano ideal): aristocracia espiritual ou cultural, política ou militar, de sangue ou de dinheiro, em qualquer caso aristocracia.

(4) Muitos humanismos se têm preconizado no papel. Mas os humanismos não chegam para humanizar o homem. Alguns actuam mesmo contra o homem.
Uma doutrina não é um comportamento, um sistema não é uma conduta, uma teoria não é um acto. As ideias que eu perfilhe, só por si, nada garantem do meu modo de ser. Porque as ideias podem existir num mundo á parte da minha existência. As ideias em nada garantem o meu tipo de comportamento.
«Uma doutrina não vale pelo que os homens fazem dela, mas pelo que ela faz dos homens.»