quarta-feira, 6 de abril de 2011

ALEXANDRA DAVID-NEEL NA BIBLIOTECA DO GATO



[publicado em «leituras de verão», eventualmente modificado] - neel > emcurso>-1043 caracteres - artes de viver - caminhos do maravilhoso – notas de leitura

ROTINA DO MILAGRE NA MAGIA TIBETANA

[13/5/1992 ] - O que vulgarmente se classifica de «mágico», acontece, em sociedades ainda ligadas às origens do Mundo, como um fenómeno normal de rotina.
Esta podia ser uma das conclusões a retirar do livro «Místicos e Mágicos do Tibete», da escritora Alexandra David-Neel, nascida em França, livro que se encontra em edição portuguesa das Publicações Europa-América(*)
O olhar que esta autora lança sobre o mistério tibetano é de um jornalista ou de um investigador científico, habituado ao nível racional e factual dos acontecimentos e sem ir muito além da casca ou superfície dos fenómenos. Ainda assim e se tivermos em conta que o Tibete (e o lamaísmo) já foi vítima de um «gangster» chamado Lobsang Rampa, pelo menos Alexandra David-Neel é honesta e de boa fé, com o mínimo de abertura a um tipo de sensibilidade completamente diferente da maneira de ser ocidental e a um fundo secular de sabedoria que nada tem a ver com os padrões em vigor nas tradições europeias.
Ela deixou-se apaixonar pela cultura tibetana e, se é certo que não compreende muito daquilo que observou, também é verdade que o mostra sem preconceitos, sem classificar de charlatanismo, como tantos fazem, tudo aquilo que não está à altura de compreender. É como se tivesse sido chamada à missão de divulgar no Ocidente a mais antiga tradição primordial viva. A sua vida tem sinais muito claros dessa predestinação, que ela, aliás, aceita e assume com a maior naturalidade. Ela percebeu, pelo menos, que nada acontece por acaso e que também a sua vida estava traçada... Alexandra David-Neel trouxe, assim, desse mundo «desconhecido e proibido» uma fabulosa amostra do tesouro que se contém no cofre do conhecimento milenar e secreto, a sabedoria prática (mágica) contida nas ciências ditas ocultas.
Nascida em Paris em 24 de Outubro de 1868, de uma família francesa protestante, faz a primeira escapadela para a Grã Bretanha aos dezassete anos. Estuda filosofia e línguas orientais. Uma manhã resolve ir para o Tibete, onde se iniciará no budismo. Até à guerra 1914-18, vem à Europa algumas vezes mas por pouco tempo. Da China aos Andes, muitas vezes a pé e como peregrina, atravessa todo o Tibete e conta essa experiência no livro «Viagem de uma Parisiense a Lassa». Bloqueada na China, durante a Segunda Guerra Mundial, volta a França com o filho adoptivo, o lama Yongden. Alexandra David-Neel morre em Digne, a 8 de Setembro de 1969, deixando duas dezenas de livros sobre o Tibete, o budismo e cultura oriental.
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(*) «No Rasto de Místicos e Mágicos do Tibete», Alexandra David-Neel, Publicações Europa América, Colecção «Portas do Desconhecido», nº 56

2589 caracteres lse=lembrete para o segundo encontro

30-7-1995

FAZER OU NÃO FAZER PRODÍGIOS:EIS A QUESTÃO

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* Os 3 níveis de leitura
* Acesso às fontes em directo
* Moisés era o Chico esperto da altura
* Milagres de Jesus

[ 30 /6/ 1995 ] - A questão ética dos prodígios talvez nunca chegue a ser questão. Alexandra David Neel quando visitou o Tibete, ficou seduzida pelas práticas mágicas que viu por toda a parte e julgou serem elas a prova da superioridade espiritual do budismo Nyingma.
O Egipto tornou-se meta de romagens, inclusive dos hebreus, inclusive de Moisés, porque constavam e davam brado os seus poderes de transformar varas em serpentes e vice-versa. Segundo conta Santo Estêvão, o próprio Moisés teria exibido essa faculdade do vice-versa com grande gáudio das multidões.
Os «milagres» de Jesus, ao lado disto, eram menos gratuitos, Já que, ao menos, tinham o ser humano no centro dos prodígios. Em 1917, na Cova da Iria a mania da magia (e dos prodígios) voltou a fazer história.
Não vale a pena querer fugir a esta fatalidade. O ser humano gosta de prodígios e ninguém acredita em quem não os fizer. A verdade é que a Magia se inscreve entre as 12 ciências sagradas dos egípcios. Mas seria o tarô, por exemplo, aproveitado com fins adivinhatórios? Ou tratar-se-ia, com o Tarô, do big problema dos 3 níveis de leitura :
1 - Tarô de bruxos para o povo
2 - Tarô simbólico para intelectuais
3 - Tarô iniciático para hierofantes
É neste acesso às fontes fidedignas que se coloca a hesitação do estudioso, quando aborda o Tarô.
Com a ajuda do Pêndulo e de Etienne, há a mínima hipótese de chegar a perceber, ao menos, porque é que os prodígios são tão queridos do ser humano e porque é que aquele que um dia é capaz de os fazer, já não está espiritualmente nada interessado em fazê-lo.
A vara de Moises seria, sem abusar da lógica, a fase degenerativa ou, pelo contrário, pré-histórica do radiestesista ou rabdomante?
Conta a história pró-moisaica que a vara ou serpente de Moisés teria engolido as varas ou serpentes dos egípcios, da mesma forma que os seus poderes mágicos eram declarados superiores aos dos egípcios.
Egípcios e hebreus mediam, assim, forças, com varas. Restando saber se eram de pau de marmeleiro e para fins de porrada uns nos outros, ou se eram, com a mania das magias, para teledetectar ou tele-adivinhar alguma coisa.
Na época de Moisés, o mais provável é que já se vivesse um declínio muito acentuado das práticas mágicas. E que a verdadeira vara detectora já estivesse esquecida nas brumas do passado. ■