segunda-feira, 25 de outubro de 2010

EDGAR MORIN NA BIBLIOTECA DO GATO







GOOGLE REGISTA E OBRIGADO:

1. http://catbox.info/big-bang/oescriba/morin-3.htm
2. http://catbox.info/big-bang/oescriba/+seleccao%20auto+.htm
3. http://catbox.info/big-bang/big-bang1/fs-3.htm
4. http://catbox.info/big-bang/big-bang1/+bigbang%20arquivos+.htm



FILES AC AFINS:

1-4 morin-md-1-4> sexta-feira, 7 de Novembro de 2003

terça-feira, 24 de dezembro de 2002 - novo word - solta ou em secção «releituras do acaso» - suplemento «largo» - 1452 caracteres - correspondências mágicas - caminhos do maravilhoso


O SÁBIO É O INOCENTE PENSAMENTO ANALÓGICO PARA PENSAR O IMPENSÁVEL

[3-2-1992] - Na sua obra «O Homem e a Morte», página 102 da edição em língua castelhana, Edgar Morin considera que a velha máxima ocultista «o «macrocosmos reproduz o microcosmos» é «imediatamente mágica», isto é, «está intimamente ligada à vontade do microcosmos de identificar-se com o macrocosmos ou de se apropriar dele, imitando-o ou ordenando-o».
Edgar Morin cita depois S. Anthony para definir magia: «comportamento que implica que as coisas ocorrem tal como foram pensadas, desejadas ou imitadas.»
As tecnologias apropriadas (TA's) poderão ter algo de mágico, nesta acepção, mas a áurea mitológica desaparece dessas técnicas, que se mostram afinal de um pretenso rigor experimental e científico.
Tornar «mágicos» os poderes do homem é o convite das tecnologias humanas apropriadas, sem que esse objectivo de poderio seja necessariamente deliberado. Para não ser violência nem violento, o poder só pode acontecer em simultâneo com a sabedoria, que se traduzirá por inocência ou candura na nomenclatura original (radical, de raiz).
Daqui resulta a noção de oculto inerente ao poder verdadeiramente demiúrgico do homem possesso da sua ligação com Deus!
O pensamento contraditório ou paradoxal, a que os livros chamam analógico ou sincrónico, é, por isso, o único instrumento capaz de acompanhar o desafio do fantástico.
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1-3 - morin-2-ls> terça-feira, 24 de Dezembro de 2002-scan

A EQUIPA DE EDGAR MORIN E OS SÁBIOS DE RABO NA BOCA (*)

[(*) Este texto de Afonso Cautela, 5 estrelas, acho que ficou inédito, mas espanta-me que, em 1973, há trinta anos, já tivesse esta lata de chamar nomes aos senhores cientistas.]


21-1-1973 - Sem perder o carácter de proliferação cancerígena que caracteriza o Sistema, as doenças do Sistema, os mitos, vícios, manias e alibis do Sistema, as " ciências humanas " estão a produzir uma explosão bibliográfica, como lhe chamava a revista " Psychologie”, no seu número de Dezembro último, sempre atenta aos vagidos do moribundo.

De facto, é impossível controlar esta crescente proliferação de " ciências humanas ". Quando não se pode convencer o estudioso pela razão, esmaga-se com toneladas de " exaustiva bibliografia ".

Centenas de títulos por mês, só em França ( pátria destas coissas cartesianas), dão a medida de outros tantos especialistas empenhados na beatífica tarefa de salvar o Sistema (deles), à custa de desvirtuarem todos os outros (múltiplos, variados) sistemas de mitos e valores que, através do tempo e do espaço, primeiro acintosamente devastaram, depois acintosamente fingiram ignorar e por fim decidiram atacar pela porta sempre aberta nas "ciências experimentais ", mais tarde ditas humanas. Assim se põe na mesa de anatomia o que lograra escapar à chacina ocidental ou à sua aviltação.

Outra característica da ditadura chamada Sistema - não menos evidente e moralizante que a outra, a carcinogénea - é a chamada " pescadinha de rabo na boca ".

Quer dizer: O Sistema analisa. Tem espasmos consecutivos de análise. Goza a analisar. Mas, para analisar, a condição sine qua non é matar o bicho que pretende autopsiar. Para isso, coloca-o na mesa operatória e, depois de bem morto, começa o piedoso trabalho de autópsia.

As ciências humanas, que tanto se ufanam do título, são pois e sempre ciências necrófilas. E, além de necrófilas, uma petição de principio por definição. Matam primeiro a vida que pretendem conhecer, estudar, analisar.

E quem diz matar diz deportar, corromper, desfigurar. Primeiro as "ciências humanas" desenham um mito, um molde, uma imagem puramente fictícia e fantasmagórica nascida das suas ensandecidas cabecinhas. Depois vá de censurar esse fantasma como se de realidade se tratasse e por não ser realidade.
E, depois, vá de classificar de utopia toda a proposta que, apesar das deformações sofridas, se apresenta evidentemente de qualidade superior às triviais e concorrentes propostas do Sistema único.
Dado que as "ciências humanas " têm, por objecto de estudo, que se debruçar sobre sistemas de valores que lhes são alheios e a que o Sistema é hostil, o truque das abençoadas "ciências humanas" é - quando surge um sistema, uma civilização, um módulo ou uma comunidade cultural de evidente qualidade e superioridade à das cidades-cloacas, à das sociedades concentracionárias, cognominá-la de "infame utopia". Querem assim ou assado?


ASTROLOGIA NUNCA EXISTIU

Exemplo faiscante de esperteza saloia manifestada pelos sábios de rabo na boca, é o da astrologia.

Astrologia é coisa que, em verdade, nunca existiu fora dos cérebros escandecidos dos catalogadores profissionais. Dos que levam a vidinha a espetar a borboleta na secretária e a fichá-la, cujo negócio é traçar taxinomias de seu uso, gosto e gozo.

Vai daí, pegam na astrologia que inventaram e estrafegam-na à vista das populações que a consomem porque lha deram a consumir nesse estado, para que se lhes ensine o mestrado justiceiro. As "ciências humanas" nunca guardam para amanhã o auto de fé que podem fazer hoje. Há que restabelecer a ordem.

Racionalistas de um lado, homens de fé pelo outro, sabemos o que tem sido a história do fantástico e, por extensão, da heresia imaginativa frente aos poderes constituídos. Sabemos muito bem quantas vezes se crucificou, crucifica e crucificará Galileu, em nome de razão, em nome da fé, em nome do Negócio.

Le Nouvel Observateur, hebdomadário de muita razão, muita fé e muito negócio, entrega a observação do fenómeno "astrologia" a uma bem apetrechada equipa de malfeitores, chamados sociólogos.

O resultado saiu há pouco em edição portuguesa com o titulo O Retorno dos Astrólogos.

Alguém definiu a sociologia como a « pescadinha de rabo na boca ". Outros, não gostando do plebeísmo, preferem a metáfora mais nobre: "a sociologia é a víbora que morde a sua própria cauda".

De qualquer modo, a sociologia é sempre negócio de caudas, alimentando-se, assim e portanto, dos próprios dejectos.

Relativamente aos sociologistas de Le Nouvel Observateur não se pode afirmar, com segurança, dado o curto comprimento da cauda, se se trata de pescadinha, se de víbora.

Talvez um intermediário híbrido. O que se pode afirmar é que as dentadas acertam todas na canela do parceiro, da qual canela eles se abastecem com fervor e unção.

Mas deixemos a metáfora e falemos em linguagem científica: a astrologia é vista, por este grupo de observadores novos, de todos os ângulos incluindo o de cima para baixo, apenas para que fique demonstrada a tese adrede preparada e mantida; só os pobres de espírito se dedicam à astrologia.

Os ricos como Le Nouvel já não precisam. Cultivam outras astrologias mais puras e eruditas.

Isto claro sem falhanços, depois de se ter dado da astrologia a minuciosa e única imagem que a sociologia pode dar, e que é o puro, exacto, rigoroso reflexo da sua própria pobreza de espírito e dos seus mesmíssimos excrementos.

Quer dizer; reduzindo esta e outras técnicas iniciáticas ao capítulo redentor das "ciências ocultas" (outro fantasma que só existe nas cabecinhas sociológicas), analisando fenómenos que se começa por deformar, desfigurar, corromper, que falta afinal para desferir sobre o fantasma o golpe de misericórdia?

Produto da sociedade que o consome (outra vez a pescadinha de rabo na boca) o psiquismo que se ocupa de horóscopos - concluem triunfalmente os estrábicos observadores de Le Nouvel - ou é de massas, ou burguês, ou de raiz culta mas ... idealista.
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(*) Este texto de Afonso Cautela, 5 estrelas, acho que ficou inédito, mas espanta-me que, em 1973, há trinta anos, já tivesse esta lata de chamar nomes aos senhores cientistas.

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1-2 - morin-3-ls> terça-feira, 24 de Dezembro de 2002-scan

DOIS TESTEMUNHOS SOBRE A DISSIDÊNCIA(*)

[«Notícias da Beira», Moçambique, 10-4-1970 ] - Não é possível analisar, de uma só vez, as várias obras que, recentemente aparecidas, se ocupam do fenómeno «contracultura» com ponto de irradiação nos Estados Unidos - mas um primeiro balanço de títulos impõe-se, como medida prática de informação e como prefácio para análises mais detalhadas que venham a fazer-se dessas obras e de tudo quanto de urgente implicam.

Claude Roy não reuniu ainda em livro as suas reportagens nos Estados Unidos mas elas devem citar-se, nesta resenha de conjunto: publicadas em Le Nouvel Observateur, foram a posição lúcida de um intelectual que se interna e aventura em pleno terreno de contradições, sem receio dos mal-entendidos das academias.

Apenas ocupado e preocupado em compreender, em ver a verdade que só o conhecimento prático da realidade e a experiência vivida dão, Claude Roy foi dos primeiros testemunhos, em França, a enfrentar o imobilismo de todas as frentes.

Edgar Morin já publicou em livro - Journal de Californie (1) – os resultados da sua viagem ao extremo ocidental dos Estados Unidos, - de Setembro de 1969 a Junho de 1970, a convite da Fundação Salk de San Diego. Salk Institute for Biological Research, para sermos precisos.
Nesse domínio da nova biologia, Edgar Morin é levado a interrogar-se sobre estas questões eternas que os progressos da revolução biológica fazem emergir de maneira nova: Que é a vida? Que é o homem? Que é a sociedade? Ao mesmo tempo, ele descobre o problema da quase-mutação que esta revolução põe desde já à Humanidade.

Como diria Fernando Pessoa, os extremos tocam-se: a Califórnia, esse Extremo Ocidente que parece agora fazer simetria com o Extremo Oriente de Buda, Lao Tsé, Ramakrishna e Vivekananda, parece já anunciar, por vezes mesmo iniciar essa mutação.
A Califórnia não é somente o novo Eldorado, é o vórtice onde a civilização se acelera, se destroi e renasce. E a cabeça investigante da nave espacial Terra . O fenómeno «hippy», as grandes cerimónias colectivas como park-in e concerts, a floração de seitas místicas, marxistas, nirvânicas, a experiência das ervas e dos ácidos são, da mesma maneira, rostos provisórios da nova verdade, da nova religião, da nova sociedade que se procura.

Edgar Morin, segundo nos confessa nesse diário, viveu o profundo sentimento de se encontrar, durante alguns meses, no coração de todos os grandes problemas e não foi por acaso que ele sentiu também situar-se no coração dos seus próprios problemas.

Enquanto operava uma como que re-visão do mundo, um concurso de circunstâncias levava-o a conhecer esta conjugação de paz, de plenitude e de intensidade que ele ousou - para não falar em satori ou em nirvana - chamar felicidade.

Para Jean-François Revel, autor de «Ni Marx ni, Jesus», a contra-cultura é apenas um pretexto de alimentar o seu anticomunismo e um alibi mais para impingir o manifesto radical do seu amigo Jean-Jacques Servan-Schreiber. Se ele conclui que a revolução está nascendo nos Estados Unidos, é apenas para demonstrar que ela não está feita, nem será feita em mais parte nenhuma, bloco socialista e Terceiro Mundo inclusive.

Vemos então como a contestação radical pode ser recuperada pela tecnocracia e seus funcionários, tipo Raymond Aron ou Jean-Fançois Revel ou Jean-Jacques Servan-Schreiber. Contradição esta que o estudioso não deixa de registar e de levar em conta, quando ler um livro que até convém que leia. Neste terreno fértil de contradições em que a dissidência nos lança, temos afinal o sinal evidente do seu carácter exorcistemático e da sua vitalidade... cultural.

(1) «Journal de Californie», de Edgar Morin, Seuil, Piais, 1970.
(2) «Ni Marx ni Jesus»,

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(*) Este texto de Afonso Cautela, breve nota de leitura, foi publicado em «Notícias do Futuro», jornal «Notícias da Beira», Moçambique, 10-4-1970
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1-1- morin-4> notas de leitura – inéditos ac de 1970

CALIFÓRNIA: LABORATÓRIO DA NOVA ALQUIMIA

1970
- Edgar Morin publicou em livro - Journal de Californie (1) - os resultados da sua viagem ao extremo ocidental dos Estados Unidos, de Setembro de 1969 a Junho de 1970, a convite da Fundação Salk, de San Diego. O Salk Institute for Biological Research, para sermos precisos.
Nesse domínio da nova biologia, Edgar Morin é levado a interrogar-se sobre estas questões eternas que os progressos da revolução biológica fazem emergir de maneira nova: O que é a vida? O que é o homem? O que é a sociedade? Ao mesmo tempo, ele descobre o problema da quase mutação que esta revolução põe desde já à humanidade.
Como diria Fernando Pessoa, os extremos tocam-se: a Califórnia, esse Extremo Ocidente que parece agora fazer simetria com o Extremo Oriente de Buda, Lao Tse, Ramakrishna e Vivekananda, parece já anunciar, por vezes mesmo iniciar, essa mutação.
A Califórnia não é somente o novo Eldorado, é o cadinho onde a civilização se acelera, se destrói e renasce. É a cabeça investigante da nave espacial Terra. O fenómeno "hippy", as grandes cerimónias colectivas como park-in e rock-concerts, a floração de seitas místicas, marxistas, nirvânicas, a experiência das ervas e dos ácidos são, da mesma maneira, rostos provisórios da nova verdade, da nova religião, da nova sociedade que se procura.
Edgar Morin, segundo nos confessa nesse diário, viveu o profundo sentimento de se encontrar, durante alguns meses, no coração de todos os grandes problemas, e não foi por acaso que ele sentiu também situar-se no coração dos seus próprios problemas.
Enquanto operava uma como que re-visão do mundo, um concurso de circunstâncias levava-o a conhecer esta conjugação de paz, de plenitude e de intensidade que ele ousou - para não falar em satori ou em nirvana - chamar felicidade.
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(1) - Journal de Californie, de Edgar Morin, Seuil, Paris, 1970.
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1-2- 6222 caracteres morte-1>fs-3>priori> diário de uma descoberta – diário de um aprendiz de radiestesia

PRIORIDADE ABSOLUTA À TANATOLOGIA

30/8/1994 – Meu Caro F.S.: Sobre a morte e como ensinar os vivos (ou moribundos) a morrer, eis o meu programa de vida, actualmente, do qual só as patifarias do consumo e as necessidades de atender às exigências da sobrevivência me distraem. Gostaria de encontrar alguém com quem trabalhar nisto: que, para comprazer à parte material, teria também uma «vertente» de holodiagnóstico, um diagnóstico global ou «perfil holístico».
Tenho estado a preparar a m/ casa com vista a poder obter um espaço viável para esse efeito. Será um dia destes o momento de te dar conhecimento de alguns «files» que meti em computador - sobre esse projecto do «perfil holístico».
Só que, quanto a projectos, eu encontro-me numa fase em que toda a cautela é pouca: não se pode projectar nada enquanto não se integrar. E estando eu em Nigredo puro (desestruturação completa e violenta do suporte) não posso aspirar já a qualquer reestruturação projectiva, a qualquer forma assumida. Estou, creio, na fase de «mescla» em que a decantação está longe ainda de fazer-se.
Não quero converter ninguém a nada. Quanto muito, converter cada um a si próprio. Já Nietszche preconizava «ser o que se é», repetindo o Sócrates do «conhece-te a ti mesmo», o Sócrates que, por sinal, escreveu pouco - ou nada, o que faz suspeitar de que era analfabeto. Graças aos deuses (gregos), era analfabeto, pelo que nos falou a linguagem universal, herdada do egípcio Hermes Trismegisto, via Pitágoras.
Penso, neste momento, que devo partir de uma assumido analfabetismo, sem saber quando vou aprender e se vou aprender a nova «linguagem vibratória de base molecular». Entretanto e como «burro velho não aprende línguas», desisti de «aprender línguas», inclusive a mais aberrante de todas e com o diabo na alma que é a dos computadores. Ou essa língua de piratas e merceeiros que é o inglês. Ou essa outra de punhos de renda e rigores analíticos que é o francês.
Nunca vou é fazer carreira, se não aprender os léxicos todos que eles, os patrões, querem e adoram. Admiro é Ivan Illich que conseguiu dominar aí umas oito línguas, inclusive o rebarbativo português. Mas o que eu estou mesmo excitado em fazer é um apanhado divertido dos vários «léxicos» tecnocráticos com que os tecnocratas de todos os quadrantes nos divertem.
Aliás, um dos projectos que deixei em «stand-by» (este palavrão já aprendi) foi o de inventariar (listar) os palavrões dos modernos jargões com que nos «fodem» (fornicam) a paciência. Claro que o meu jargão é mais do Cais do Sodré e menos dos «yuppies» nova vaga e «new age» (outro palavrão que eu aprendi).
Perante isto - perante esta nova Torre de Babel - máximas universais como «ser o que se é», «o Verbo é Deus», «ama-te a ti mesmo» são meras banalidades de base, ditas através dos tempos e das culturas e que só aguardam o momento de ser integradas no dia a dia da custosa, penosa, vaidosa tragédia humana.
Ecologia, por exemplo, se é que serviu para alguma coisa, veio ajudar a relativizar as coisas terrenas: e se a Ecologia nos diz que não há saída horizontal (porque não há mesmo), é de acelerar então a saída vertical. Deparamos com uma multidão de escolas, seitas, tradições, mas a gnose radiestésica tem talvez a vantagem de apurar todas as técnicas (sem holismo nem ecletismo) e unificá-las em uma só.
Sem vampirizar o duplo de cada um, o que - diz-se - acontece a todas as formas manipulatórias de energia: ganha-se, nessas egrégoras, em satisfações materiais (ainda quando levam o nome de espírito, mas que diz respeito ainda ao corpo espiritual) o que se perde em natureza essencial.
Uma palavra que vou imediatamente integrar no meu léxico de sucesso é o «Know-how», cheio de ressonâncias e de consequências. Fizeste com que me apercebesse disso, nunca tinha pensado nessa vantagem. Mas a palavra «know-how», tão simpática, tem conotações para mim antipáticas, muito ligadas a «sapos vivos» e a «vontade de vingança»: se der atenção a esse passado de memórias, acabo por ficar com os cabelos eriçados.
Se vou a pensar em termos de «know-how» e reavivar memórias de «sapos vivos», nunca mais saio desse lodaçal. Nem consigo apagar memórias que me apegam à vida e, como te disse, a morte é agora, tem de ser agora a minha prioridade. Como vou apagar memórias e apagar apegos, se der importância ao tal «Know-how»? Aliás, se falo muito em escrever as minhas memórias, esta carta não vai chegar ao destino, como aconteceu à outra...Se tiver que voltar a narrar a crónica dos sapos vivos, já tenho file , e já lá deitei considerandos, a propósito de alguns sv mais recentes: eles não faltam nunca neste país, como sabes.
Academia de artes primordiais? Só vejo, nas artes primordiais, esta que é indicada pela retoma do Egipto faraónico, dos seus deuses, da sua sabedoria, da sua gnose. Com as ciências dele advindas: Teurgia, Numerologia, Astrologia, Magia, etc. Os orientais são porreiros, especialmente os que inventaram essa magnífica vassoura que é o Zen (aspirador dos detritos da alma), mas agora estou mais virado para o Oriente próximo. Até que a morte tenha a complacência de me levar. Foi mesmo o acaso - que não existe - que nos fez encontrar aquele sábado, em que me emprestaste a revista «Caduceus» mas principalmente o artigo sobre Tanatologia e Música. Tanatologia, meu caro Sacramento, é quanto a mim a arte (primordial) de todas as artes: pelo que lhe estou dando neste momento prioridade absoluta. Dentro daquilo que a vida deixa, só a Morte me interessa.

R. SHELDRAKE NA BIBLIOTECA DO GATO







1-3 - sheldrake-1-spn> existe print especial para palestra E JÁ FOI INSERIDO NA SEQUÊNCIA - GUIAO-5>

RUPERT SHELDRAKE E OS «CMC»’S

7.11.2003


Inevitável, quando se fala em OVNIS, é invocar o postulado que os fundamenta: aquilo que o cientista inglês Rupert Sheldrake designou «campos de morfogénese cósmica» e que trata nas 444 páginas do seu livro «A Ressonância Mórfica e a Presença do Passado – os Hábitos da Natureza» (Ed. Instituto Piaget, Lisboa, 1995).
Se googlarem «campos de morfogénese cósmica» nas páginas de Portugal, os 3 primeiros sites são meus mas se me pedirem para «definir» o que é isso – os «cmc’s», para abreviar - não saberei muito mais do que é óbvio e etimológico: morfogénese é a génese da forma, como em uma linha a define Sheldrake, na página 466.
Sendo assim, os ET’s são «cmc’s» que assumem as formas mais diversas, e já suficientemente catalogadas pelos especialistas.
Definir o indefinível, visualizar o invisível acontece em todas as questões levantadas nos nossos encontros com o maravilhoso.
A questão, aliás, estende-se a outros «conceitos» do invisível e precisamente porque se trata do invisível, sempre ou quase sempre impossível de definir. Também não admira tratando-se do infinito.
Acontece com outras palavras (conceitos ou noções) como «duplo», «corpos subtis», «níveis vibratórios de consciência», «anjos», «enteléquia» (Aristóteles), «forma», «gestalt», etc.
Como é próprio de um bom cientista, Rupert Sheldrake levará 444 páginas para nos explicar os «cmc»’s.
Mas, vá lá, com respeito aos aprendizes que nada sabem de «cmc»’s fornece além de uma abundante bibliografia e de um redundante índice remissivo, fichas sinópticas desses tais conceitos, noções ou palavras para quem goste de memorizar «definições»:
CAMPO
CAMPO MÓRFICO
CAMPOS MORFOGENÉTICOS
FORMA
GESTALT
MORFOGÉNESE
PARADIGMA
UNIDADE MÓRFICA
ENTELÉQUIA
Aliás sejamos justos: sobre o «duplo», Etienne Guillé tem um livro exclusivamente dedicado a esse tópico: «L’Homme et Son Double», Editions Accarias, «L’Originel», Paris, 2000, que já li e reli mas que devo chegar ao fim dos meus dias sem saber afinal o que é o meu «duplo».
Em termos racionais como nós queremos, de certeza que nunca o saberei.

domingo, 24 de outubro de 2010

SIMONE WEIL: OS ALIMENTOS DA ALMA





14-07-2005 12:52:36

Vou continuar neste file a homenagem a Simone Weil, companhia querida de muitos dos meus dias, desde pelo menos 1964.

Restam-me dois livros dela mas que são fundamentais:

Simone Weil – L’Enracinement – col. Idées – NRF – nº 10 – Ed. Gallimard, Paris, 1949

Simone Weil – Opressão e Liberdade – Col. Círculo do Humanismo Cristão – Ed. Morais, Lisboa, 1964■

1-4- weil-1-ls> terça-feira, 31 de Dezembro de 2002-scan

ALIMENTOS DA ALMA (*)

[«Crónica do Planeta Terra», «A Capital», em 15-11-1986]

Se os alimentos do corpo são já uma evidência admitida por todos, ninguém antes de Simone Weil(1) , com o seu livro L'Enracinement (1949) descreveu no Ocidente, com tanta intuição e rigor, os alimentos da alma.

A ordem, a liberdade, a obediência, a responsabilidade, a igualdade, a hierarquia, a honra, o castigo, a liberdade de opinião, a segurança, o risco, a propriedade, a propriedade colectiva e a verdade são apontadas pela escritora Simone Weil como «necessidades da alma», os seus verdadeiros alimentos e nutrientes.

É de sublinhar que a mesma generalização da ideia «alimento», para lá da sua acepção estrita de «alimento fisicalizado», esteve também na base de uma intuição fundamental dos que elaboram um sistema coerente de ecologia humana.

Tal como a tese de Simone Weil ilustra, esta súbita amplitude da palavra alimento vem dar sentido, plenitude e realismo às filosofias do homem.

Ao pensar que alimento não é apenas pão, carne, hortaliças, peixe, ovos, leite, mas é também o ar que respiramos, o sono que dormimos, o ambiente de ciclos, ritmos e ondas onde mergulhamos, é um homem situado e condicionado por factores concretos que estudamos.

Pela primeira vez, na fantasmagoria do pensamento ocidental, se trata de encarar o homem concreto, e não o homem metafísico de todas as ciências e filosofias científicas.

A importância nutritiva da respiração vem, aliás, de culturas antiquíssimas, aquelas em que o yoga., por exemplo, desempenha função primordial no equilíbrio social e no desenvolvimento humano da colectividade.

Levar mais longe essa ideia dos alimentos que nutrem o homem, considerando também, como faz Simone Weil, a liberdade, a obediência, o risco, o castigo, a honra e a segurança, alimentos necessários e indispensáveis, é dotar de uma consistência concreta real, conceitos até agora abstractos e esclerosados.

Recorde-se que a filosofia taoísta em que se fundamenta a arte sublime da acupunctura, refere e analisa longamente a filosofia da alma ou as «emoções dos órgãos».

Alarga-se a noção de alimento e logo deixa de haver fronteira nítida entre o psíquico e o somático, tal como não há separação (mas complementaridade) entre esses dois mundos na concepção taoísta de bioenergética.

Por isso se sublinhou, ao longa dos anos, na «frente ecológica», o realismo de uma concepção radical e particular de ecologia. Realismo ecológico lhe chamámos, para o distinguir de quantos aproveitamentos e eco-oportunismos se aproveitaram da palavra.
Ao classificar, materialisticamente, de alimentos o que uma concepção dita espiritualista costuma meter no saco chamado «espírito» - liberdade, responsabilidade, verdade, segurança, honra, igualdade, etc - não se adopta uma concepção materialista mas também não se cai no engodo, na esparrela espiritualista.

É no meio termo, na superação destes contrários complementares, que poderemos falar em dialéctica «yin-yang», em bioenergética chinesa ou em... realismo ecologista (com vossa licença).

MUDAR A SOCIEDADE, MUDANDO O ALIMENTO

Se do organismo humano individual extrapolarmos para a sociedade, a mesma noção amplificada de saúde e doença pode iluminar a análise que se fizer dos chamados fenómenos sociais.

Sublinhe-se como a «metáfora» da «doença», para interpretar certos fenómenos sociais – poluição, pobreza, fome, toxicodependências, etc - se mostra particularmente adequada

Em vez da análise que tudo separa para complicar, esta noção unificada que os relacionamentos ecológicos ou ambientais vão permitindo, parece-me que explica sem complicar. E abre campos claros de compreensão ao conhecimento.

Se a sociedade está doente e a doença é Intoxicação, talvez a terapêutica eco-política possa ser a desintoxicação por alimentos adequados ao corpo e à alma.

Não deixe de se notar, porém, como os conceitos relativos à intoxicação e aos hábitos alimentares intoxicantes são incómodos e provocam uma síndroma de agitação nas estruturas da classe dirigente.

Eles pressentem que na mudança de hábitos alimentares em sentido estrito está o princípio da mudança nos hábitos alimentares em sentido lato, o que, em boa verdade, significaria a subversão da ordem estabelecida e das suas hierarquias tóxicas e intoxicantes .

Na mudança do «alimento» está a mudança das sociedades.

Será por isso que uma «simples» alteração desses hábitos suscita tantas ondas, agitação, medo e nervosismo?

Quase tão fecunda e perigosa como esta ideia-chave do «alimento-em-sentido-lato», é a do trabalho como energia.

Tentei dizê-lo num ensaio que permanece rigorosamente inédito por vontade do meu subconsciente, único censor do que escrevo. Trabalho é o nome que se dá, em sociedade de escravos, à bioenergia. No dia em que cada um souber administrar a sua própria bioenergia (técnicas simples apropriadas) o sistema que vive de ir matando os ecossistemas afundava-se.

Decorrentes desta «ideia de fundo», podemos apontar outros temas que têm sido tratados nas edições «Frente Ecológica» ao longo dos anos, causalidade e sintomatologia, imunidade e defesa naturais, etc, etc.

E por agora, pronto: cala-te boca.


(1) Escritora de génio, a não confundir com a política e parlamentar europeia do mesmo nome e mais conhecida do que a autora de «L'Enracinement»
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(*) Este texto de Afonso Cautela, que eu hoje censuraria, foi publicado com este título na «Crónica do Planeta Terra», «A Capital», em 15-11-1986

ALEXIS CARREL NA BIBLIOTECA DO GATO







sábado, 23 de outubro de 2010

BIBLIOTECA DO GATO: MEU ÚNICO LEGADO

1-10- imperativo-1-9

1-2-imperativo-1- sexta-feira, 25 de Agosto de 2006

IMPERATIVO CÓSMICO: A GRANDE ESPERANÇA

Encurralada nas catástrofes de toda a espécie, incluindo climáticas, que os meios de manipulação de massas ampliam e multiplicam, a humanidade que habita o Planeta Terra parece ter chegado a um beco sem saída: o desespero, por sua vez, mais contagioso do que a esperança, leva a comportamentos de suicídio colectivo e de auto-aniquilamento individual, ampliando o quadro negro que diariamente é retransmitido a milhões de pessoas por todos os meios de comunicação de massas (jornais e telejornais).
A boa notícia, hoje, é como agulha em palheiro. Mas é ainda possível encontrá-la e cada vez com maior frequência, à medida que avança o período de transição entre a Era de Peixes e a Era de Aquário.
A Era de Aquário é uma certeza astronómica que induz a esperança no próximo futuro. Que, diga-se desde já, só o ser humano (com ajuda preciosa de todos os seres sensíveis) pode viabilizar e construir.
Ajuda o Cosmos e ele te ajudará – diz a máxima das máximas.
A esperança reside precisamente nesta mudança de Era que corresponde a uma mudança cósmica irreversível porque é um dado astronómico que podemos influenciar (positivamente) mas não podemos fazer retroceder: ou seja, a humanidade está condenada a ser feliz e a viver uma nova era (um novo ciclo) de alegria, esperança e fraternidade, o contrário de tudo o que ainda persiste, em agonia, da Era de Peixes.
É o que chamo de imperativo cósmico, do qual decorrem directamente, uma série de factos, projectos e eventos que alimentam a grande esperança na mudança de era. Quer queiramos quer não.
Eis os factos que até agora consegui compilar mas a que tenciono ir acrescentando alguns outros, à medida que me lembre:
1. Advento da Era cósmica do Aquário (dado astronómico irreversível)
2. A grande esperança do calendário Maya e da sua data prospectiva: domingo, 23 de Dezembro de 2012
3. O renascimento das Biocosmologias ancestrais e da Biocosmologia Moderna (Alquimia da Vida (Etienne Guillé) e o Livro do ADN, código divino do ser humano)
4. Novas gerações de crianças índigo e cristal
5. O recrudescimento dos ovnis ou regresso à Terra dos deuses originais, autores e criadores do que de melhor e mais perfeito houve na humanidade deles herdeira
6. O advento dos grandes profetas do século XXI (Terceiro Milénio), (*) companheiros de jornada e inspiradores do nosso quotidiano atormentado pelos epígonos do Apocalipse (os tais manipuladores de massas que enchem e envenenam os mass media).
7. Renascimento das sabedorias ancestrais e milenárias (**)
8. Crescimento acelerado das ecoalternativas (***)
9. O movimento dos direitos do animal
10. Alquimia da Vida – Renascimento da sabedoria ancestral à luz da moderna biologia molecular
11. O melhor e o pior da chamada New Age , de que é hoje a expressão mais interessante, na televisão mundial, o Canal Infinito (Argentina), capaz de criar uma alternativa a toda a rede mundial de canais de televisão que apenas ou quase exclusivamente cultivam o catastrofismo do que chamei os «epígonos do Apocalipse».

(*) O advento dos grandes profetas do século XXI (Terceiro Milénio), companheiros de jornada e inspiradores do nosso quotidiano atormentado pelos epígonos do Apocalipse (os tais manipuladores de massas que enchem e envenenam os mass media):

Etienne Guillé
Deepak Chopra
Dalai Lama
S. Francisco de Assis
Neale Donald Walsch (Conversas com Deus)
Michio Kushi
Carlos Gustav Jung (?)
Gandhi

(**)Renascimento das sabedorias ancestrais e milenárias:
Yin-Yang
Taoísmo
Budismo Zen
Acupunctura

(***) Crescimento acelerado das ecoalternativas:
Eco-energias
Eco-medicinas
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imperativo-2-

+ ITENS A INCLUIR NO ESQUEMA BÁSICO

DIREITO À SESTA
PRINCESA DIANA
NOOLOGIA
LEGADO EGÍPCIO
LEGADO MAYA
LEGADO ESSÉNICO
TRANSMUTAR ( EM VEZ DE) MORRER
MESSIANISMO PORTUGUÊS
HIEROFANIA EGÍPCIA
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1-1- segunda-feira, 4 de Setembro de 2006

COUNTDOWN

O caminho de complicabilidade crescente dos seguidores em Portugal da radiestesia holística, no mínimo, não me levará a desistir de Étienne, da Patricia Kerviel e de tudo o que lhes devo e me ensinaram mas pode levar-me a uma maior atenção para outros autores e livros que, semelhantes no objectivo – a consciência da consciência – o fazem de maneira mais simples, mais sinóptica, mais acessível – o que é muito importante para quem já está, como eu, em contagem decrescente...
Explicar, nos actuais senhores da radiestesia, é complicar.
Para estes autores que vale a pena ainda pesquisar e que eu tive a sorte ainda de conhecer (alguns deles através do Canal Infinito que apareceu há dois meses na rede TV Cabo), explicar é simplificar.
Nas últimas semanas, pesquisei no Copernic os seguintes big-names:

NEALE DONALD WALSH (A SÍNTESE DE TODAS AS SÍNTESES)
KABIR JAFFÉ
RAVI SHANKAR
BRIAN WEISS
JOSÉ ARGUELLES
DEEPAK CHOPRA

Em princípio tudo o que está nestes autores que recentemente encontrei, já está no Etienne: só que neste, ao filosófico (digamos ao teórico) se acrescenta o prático ( o iniciático) que nos outros não se encontra.
Daí que eu não possa desistir de Étienne, da Patricia Kerviel, nem de todo o método iniciático (gnose vibratória) por eles transmitido e tão mal retransmitido aqui pelos seguidores da radiestesia.
Por mais complicações que a trupe dos divulgadores por aqui vá engendrando.
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quarta-feira, 20 de Setembro de 2006

DOMINGO, 23 DE DEZEMBRO DE 2012

Domingo, 23 de Dezembro de 2012, é a data para mudança de ciclo, segundo o calendário maya: princípio, fim ou princípio e fim de ciclo.
Sensível ou subtil passagem, pouco mais se sabe desta profecia, embora sobre ela já se tenham escrito centenas de palavras. Words, words, words...
Se chegarmos vivos ao dia 23 de Dezembro de 2012, talvez possamos perceber algo do que irá passar-se: muito, pouco ou nada.
Se chegarmos vivos, talvez seja o momento cósmico propício para acelerar o novo ciclo cósmico iniciado nessa data e de que já temos, em 2006, sinais cada vez mais evidentes e óbvios, à medida que a data se aproxima.
Neste file vou inserir, a pouco e pouco, os livros e autores que me parecem corresponder ao que chamei de imperativo cósmico da era de Aquário.
Espero viver o suficiente para reorganizar a Biblioteca organizada de acordo com o projecto Alexandria 2012, pois assim cognominei, nos meus apontamentos, o conjunto de matérias básicas a transmitir à geração – a que já chamei do apocalipse e a que hoje chamo geração da esperança – irá assumir a condução da viagem para depois de 2012.
Em quantidade de obras, é apenas o embrião do que vai ser necessário para ajudar à dádiva cósmica. O germe. Mas no germe é suposto estar contida a vida de muitas vidas: a nascer, a florir, a crescer.
É uma esperança.
É, para mim, desesperado crónico, a grande esperança.
E não ignoro todos os epígonos do apocalipse – inclusive as elites pensantes e até alegados adeptos da New Age – elites que, enfatizando tudo o que é entropia, tudo fazem para deprimir e desesperar a deprimida humanidade.
Seitas religiosas cultivam, como negócio, a ameaça de um apocalipse catastrófico que lhe trará adeptos e proventos.
Mas os intelectuais burgueses, porque cultivam o negativismo e se fazem militantes da auto-destruição planetária?
O apocalipse ecológico serve hoje para tentar eleger presidentes, caso de Al Gore que, mais uma vez, talvez não consiga vencer a mediocridade reinante daquele país de Bush & Cª.
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imperativo-5-

domingo, 1 de Outubro de 2006

HAJA OU NÃO HAJA DILÚVIO,
HAJA OU NÃO HAJA APOCALIPSE CLIMÁTICO,
HAJA OU NÃO HAJA AQUECIMENTO GLOBAL

Cronobiologia pode ser a palavra-chave, equivalente de cosmobiologia, para englobar a matéria de estudos fulcral para a construção do novo paradigma, para o projecto que designei de projecto 2012 (e que se segue ao projecto alexandria 2000) e para o domingo, 23 de Dezembro de 2012, data que, segundo o calendário maya, marcará um antes e um depois.

HAJA OU NÃO HAJA DILÚVIO,
HAJA OU NÃO HAJA APOCALIPSE CLIMÁTICO,
HAJA OU NÃO HAJA AQUECIMENTO GLOBAL

Os livros reunidos na biblioteca do gato e que devo tentar conservar como unidade inviolável, sob a rubrica –CB (cronobiologia) são portanto decisivos no projecto 2012 (ou do imperativo cósmico como também lhe chamei). São, portanto, decisivos e quero que sejam preservados sem dispersões como embrião de uma futura nova biblioteca de Alexandria, em grande parte constituída pelo que for possível reaver do célebre incêndio (?).
Mesmo com a Internet e o Canal Infinito TV, este conjunto de livros será um guia que me honro de ter colocado à disposição de quem vier e viver e sobreviver.
E serão todos. As gerações que terão de construir um mundo em sintonia (sincronia) macro-microcósmica.
Cronobiologia continua a resumir em poucas letras (13!) os itens ou matérias centrais num futuro curso de alfabetização acelerada.
Tenho a certeza de que será como digo.

HAJA OU NÃO HAJA DILÚVIO,
HAJA OU NÃO HAJA APOCALIPSE CLIMÁTICO,
HAJA OU NÃO HAJA AQUECIMENTO GLOBAL

Não me estraguem o esquema nem me dispersem o que tanto trabalho deu a reunir, grão a grão, num conjunto coerente e com um sentido muito preciso na flecha do tempo: aquilo a que chamo imperativo cósmico.
Tenho aberto o livro que irei incluir no grande tópico –CB (cronobiologia) e que os cépticos de sempre talvez classifiquem de medíocre. (*)
Para mim e para o projecto 2012 o capítulo introdutório – história do tempo – é uma sinopse perfeita e didáctica do que de essencial há a dizer sobre o teme dos temas. As noções-chave aí estão em cascata, vou a seguir enumerá-las se tiver paciência:
Flecha do tempo
Arquétipo
Entropia
Sincronia
Cronometria
Visão cíclica
Relógios
Clepsidra
I Ching

[---]

Bem como os autores trazidos a terreiro:
Prigogine
Newton
Einstein
Fritjof Capra
Carl Jung
[---]
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(*)OLIVIER COUDRON – «LES RYTHMES DU CORPS – CHRONOBIOLOGIE ET SANTÉ» – NIL ÉDITIONS, 1997
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1-1-imperativo-6


terça-feira, 3 de Outubro de 2006

OK, EXOBIOLOGIA

 A VIDA NO COSMOS
 FRANÇOIS RAULIN
 INSTITUTO PIAGET, 1994

Quero, no testamento do meu espólio, que se reabilitem algumas noções básicas na aceleração do estudo micro-macrocósmico.
As grandes sínteses (-gs) em livro, oferecem uma linha de vanguarda para transmitir os itens e temas prioritários às gerações que terão de continuar a construir o paradigma da Era de Aquário, o paradigma da Mudança e da Transmutação, única garantia da sobrevivência planetária.
O livro de François Raulin, que hoje abri, é uma grande síntese e postula, desde a 1ª página, uma nova ciência: a exobiologia.
A ciência, deste vez, acertou em cheio: na importância (prioritária) da matéria a estudar e na beleza da palavra.
Exobiologia é a palavra feliz para designar a constelação de itens respectivos, largamente representados, com o rótulo OVNIS ou APARIÇÕES, na biblioteca que legarei e que pretendo, no meu espólio, inviolável: e que ninguém se atreva a dispersá-la.
A vida, conceito difícil ou impossível de definir, pode afinal ser sinónimo de continuum energético e de informação intermolecular.
O que a biologia académica «define» deverá ser afinal apenas um dos elos desse continuum, ficando autorizada a noção de vida, por exemplo, entre os metais e os minerais
Porque a vida é tudo o que vibra (aqui está a minha definição!!!).
E se a vida é tudo o que vibra, Etienne Guillé doou-nos mais uma das suas fabulosas descobertas. Para uso corrente, comum e escolar do terceiro milénio em contagem decrescente para a grande data:


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imperativo-7-bg

terça-feira, 3 de Outubro de 2006

O LEGADO EGÍPCIO DEVERÁ OCUPAR O PRIMEIRO LUGAR NA TÁBUA DE MATÉRIAS A ESTUDAR ATÉ 2012 (E DEPOIS DE 2012, POR MAIORIA DE RAZÃO) , NÃO SÓ PELO VALOR DE SABEDORIA DESSA CULTURA, NÃO SÓ PORQUE DEVE TER HERDADO EM DIRECTO O LEGADO ATLANTI, MAS PORQUE , EM CASO DE NOVO DILÚVIO, NOS PERMITIRÁ, MAIS UMA VEZ, REAVER O ESSENCIAL DA SABEDORIA HUMANA, GRAÇAS À MATÉRIA PERENE EM QUE ESTÁ INSCRITA E NOS É TRANSMITIDA: A PEDRA, A ROCHA, A DURABILIDADE.
SEM A CULTURA MEGALÍTICA DOS LUGARES SAGRADOS QUE A TÊM, AINDA HOJE ESTARÍAMOS, IRONICAMENTE, NO TEMPO DA PEDRA LASCADA COMO ELES, OS PROGRESSISTAS, GOSTAM DE DIZER.
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imperativo-8
14 de Outubro de 2006

GUARDEM-ME A BIBLIOTECA ATÉ EU VOLTAR

O que escrevo – o que sempre escrevi, bem vistas as coisas! – é apenas o aeiou do que outros poderão escrever (ou já estão escrevendo) [ links para os meus últimos favoritos, via Copernic] sobre o imperativo cósmico (-ic) ou grande esperança (-ge). É apenas um esboço, um escorço, um note-book. O note-book foi sempre a minha especialidade como os meus sites e blogs atestam [ link para my webs e blogs] . Quem dá o que tem a mais não é obrigado.
A maluqueira dos meus sites on line – que o Google resolveu indexar e que eu agradeço ! –é apenas o reforço do pedido mais frequente que eu faço no meu já longo testamento: levei anos a organizar a biblioteca Alexandria 2012 e gostaria que não a dispersassem, que não desunissem o que eu uni, com algum esforço e dedicação (dada a minha ignorância reconhecida por todos os universitários que a mim se referiram )[ link para Ambio Archives]. Se for preciso suplico de joelhos.
Porque como tenho de cá voltar em outra reencarnação (é mais que certo, dado o atraso que levo nesta!) gostaria mesmo de reencontrar, algures, a minha bibliotecazinha do gato [link para biblioteca do gato] para retomar as leituras e o estudo que vou ter de interromper quando mudar de estado.
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imperativo-9

14 de Outubro de 2006

GRANDE ESPERANÇA : O MEU AEIOU

MY WEBS : PORQUÊ?

- Para ocupar o tempo e quebrar o tédio de outras rotinas
- Para colocar na Internet os assuntos que me interessam e os dados autobiográficos fidedignos, uma anti-wikipédia portanto.
- Trabalhar pelo projecto [ link] para quem sobreviver à mudança de ciclo cósmico2012-Alexandria
- Fornecer nesse projecto 2012, as dicas básicas – o abc – do paradigma cósmico a que chamei imperativo cósmico [link]
- Aceitar os livros e autores que valem a pena e rejeitar os que são meros atrasos de vida na perspectiva por mim defendida que é a perspectiva cósmica de Aquário
- Se escrever na Net é escrever na água ou na areia , pois assim será: haja ou não haja dilúvio, o meu dever (o nosso dever) é trabalhar para os poucos ou muitos que sobreviverem e que só terão o Egipto (as pedras do Egipto) para reaver a sabedoria perdida
- Apesar de terem incendiado a Biblioteca de Alexandria (quem e porquê?) [link], o meu dever (o nosso dever ) e ajuntar os restos (os cacos) que ainda conseguimos encontrar e ajudar assim a reconstituir o puzzle
- Das grande máquinas do nosso tempo – a era virtual – que nos podem ajudar a passar o estreito do ano 2012, conta-se o simpático Google e o simpático Infinito, Canal da TV. Afinal, eles também escrevem na areia ou na água.

FRANÇOIS RAULIN:A VIDA NO COSMOS



1-1 - imperativo-6-bg>

terça-feira, 3 de Outubro de 2006

It is 2272 days, 15 hours, 1 minute and 14 seconds until Domingo, 23 de Dezembro de 2012 (UTC time)

OK, EXOBIOLOGIA

 A VIDA NO COSMOS
 FRANÇOIS RAULIN
 INSTITUTO PIAGET, 1994

Quero, no testamento do meu espólio, que se reabilitem algumas noções básicas na aceleração do estudo micro-macrocósmico.
As grandes sínteses (-gs) em livro, oferecem uma linha de vanguarda para transmitir os itens e temas prioritários às gerações que terão de continuar a construir o paradigma da Era de Aquário, o paradigma da Mudança e da Transmutação, única garantia da sobrevivência planetária.
O livro de François Raulin, que hoje abri, é uma grande síntese e postula, desde a 1ª página, uma nova ciência: a exobiologia.
A ciência, deste vez, acertou em cheio: na importância (prioritária) da matéria a estudar e na beleza da palavra.
Exobiologia é a palavra feliz para designar a constelação de itens respectivos, largamente representados, com o rótulo OVNIS ou APARIÇÕES, na biblioteca que legarei e que pretendo, no meu espólio, inviolável: e que ninguém se atreva a dispersá-la.
A vida, conceito difícil ou impossível de definir, pode afinal ser sinónimo de continuum energético e de informação intermolecular.
O que a biologia académica «define» deverá ser afinal apenas um dos elos desse continuum, ficando autorizada a noção de vida, por exemplo, entre os metais e os minerais
Porque a vida é tudo o que vibra (aqui está a minha definição!!!).
E se a vida é tudo o que vibra, Étienne Guillé doou-nos mais uma das suas fabulosas descobertas. Para uso corrente, comum e escolar do terceiro milénio em contagem decrescente para a grande data:

It is 2272 days, 15 hours, 1 minute and 14 seconds until Domingo, 23 de Dezembro de 2012 (UTC time)

FRITJOF CAPRA NA BIBLIOTECA DO GATO







1-1-caos-1>nucleo12> acetatos – frontespícios – autoterapia – da epistemologia à naturologia – em demanda do novo paradigma

O CAOS DOS CIENTISTAS

19-8-1996

Ao analisar, a ciência profana reduz e, portanto, mata.
O holístico, o global, o sistémico, o total não resiste à sistemática fragmentação a que a ciência analítica o submete. À fragmentação do Todo em partes separadas. Especialmente se é do universo humano que falamos.
O que separa jamais volta a unir o que separou, por mais que diga o contrário.
A abordagem holística coloca problemas de método que a ciência experimental nunca conseguirá ultrapassar.
As boas intenções de Fritjof Capra são pouco mais que boas intenções, embora para o estudioso das ciências sagradas seja lisonjeiro ver um físico atómico a dizer que o taoísmo já tinha pensado o que a física atómica hoje pensa.
Mas o discurso da chamada área quântica diz bem que os dois modos - Analítico e Holístico - são inconciliáveis, irreconciliáveis.
Caos verdadeiro e irreversível é a teoria do caos e todas as teorias surtas no âmbito da área que a ciência designa de quântica. ■

1-3 quinta-feira, 19 de Dezembro de 2002 capra > - livros na mão - notas de leitura

UMA HERESIA COM VINTE ANOS: A DANÇA CÓSMICA DE FRITJOF CAPRA(*)

(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», em «Livros na Mão», série do autor, a 7 de Agosto de 1990

5/8/1990 [7-8-1990, in «A Capital»] - Há livros tão carregados de energia e consequências, que estabelecem à sua volta, após a fase de pânico, uma espécie de vácuo protector, de silêncio tácito, única forma que o sistema de referências e valores tem de se defender contra o implacável desafio que lhe é proposto e que o abala desde os alicerces.
«O Tao da Física», publicado em Londres, em 1975, pelo físico atómico Fritjof Capra - e que a editora Presença teve agora, vinte anos depois, a coragem de lançar em tradução portuguesa - , é um desses livros raros que só pode esperar dos poderes constituídos, nomeadamente da respeitável instituição científica, o vazio do silêncio, o silêncio do vazio (como diria um discípulo de Lao Tsé).
No entanto, cada página, cada parágrafo de «O Tao da Física»(*) - subintitulado «uma exploração dos paralelos entre a física moderna e o misticismo oriental » - suscita questões de tal maneira decisivas, importantes e vertiginosas para o futuro do sistema (que vive de ir matando os ecossistemas) e do próprio planeta Terra, com toda a carga humana a bordo, que se esperaria um debate constante, nos grandes «media», em torno deste explosivo concentrado de teses «revolucionárias», de questões de «alta voltagem energética»
O sistema leva um certo tempo a digerir o que o contesta - é certo - mas, num caso destes, vinte anos decorridos não será tempo demais para hesitarem ainda em dar o prémio Nobel ao físico atómico Fritjof Capra, exorcismando-o assim de todos os malefícios? Seria o suficiente para o neutralizar, darem-lhe uma cátedra na Universidade de Berkeley? Não será uma distracção muito perigosa para o poder científico - que inclui a microfísica no topo das suas glórias, e respectivas bombas termonucleares daí advenientes - não ter ainda conseguido calar este herege, recuperar este filósofo maldito, neutralizar este investigador suspeito de grave heresia, calar, pura e simplesmente calar este autor do diálogo entre a física do Tao e o Tao da física?...
Não serei eu, neste modesto espaço de jornal, a poder quebrar tamanha conspiração de silêncio, e muito menos a poder esgotar o inesgotável manancial de ideias que constitui o livro-manifesto de Capra. Tanto mais que ele, entretanto, já acrescentou, ao seu currículo, outro livro-manifesto, talvez ainda mais explosivo do que este - «Le Temps du Changement», na edição francesa da Rocher(1983) (**) - no qual analisa aquilo a que chama a abordagem «holística» da realidade, indo, neste caso, buscar a palavra «holística» à tradição hermética da Astrologia ... Pior a emenda que o soneto, como se vê.
Um sistema ideológico como o ocidental, tão homogéneo e totalitário na sua inquebrantável tirania, que leva vinte anos a digerir uma tese destas - o paralelismo óbvio entre ciência de ponta e o erradamente chamado «misticismo» oriental (hinduísmo, budismo, pensamento chinês, taoismo e zen, ocupam, em exaustivas descrições, toda a segunda parte da obra) - coloca-se definitivamente em causa, pelo menos quanto à sua capacidade digestiva e metabólica. Por muito duro e redondo que seja o «pedregulho» dado a comer pelo rebelde filósofo inglês, a verdade é que a truculenta instituição científica sempre revelou, para estas coisas, um estupendo estômago, mostrando que tem sabido recuperar quase tudo aquilo que a contesta. Quando não pode calar, compra. E quando não pode comprar, manda perseguir, até que o autor seja «calado»(enjaulado num «gulag» psiquiátrico, por exemplo). Os poucos investigadores que escaparam a esta lei da «linchagem» - como é o caso, por exemplo, de Ivan Illich, que continua a constituir a maior carga subversiva que alguma vez o sistema teve de suportar - , vivem como autores de livros uma existência larvar, na semi-clandestinidade.
Capra parece-me gozar desse estatuto privilegiado: a seu respeito continua a manter-se um «muro de silêncio», muro que só a sua outra qualidade, de especialista na área da microfísica nuclear, impede que seja tão espesso e intransponível.
«O Tao da Física» está aí, em tradução portuguesa, (bastante correcta, diga-se de passagem, nos pontos nevrálgicos), sujeito a todas as contingências do marketing editorial, que tanto promove como derruba, conforme a «conjuntura. Aí está «O Tao da Física», silenciado mas capaz das mil leituras e das mil discussões que os espíritos livres dos investigadores independentes (se é que ainda os há) teriam o maior gozo, prazer e empenho em realizar. O resto não é com Capra. É pura e simplesmente connosco e com o nosso senso mínimo da dignidade intelectual.

CLARIDADE CARTESIANA

De uma claridade cartesiana, o discurso de Fritjof Capra ilustra racionalmente a realidade. Mas não conclui que todo o real é racional e que todo o racional é real, como fizeram hegelianos e neo-hegelianos das últimas fornadas na filosofia ocidental. Capra aceitou o desafio daquilo a que chama, de forma um tanto abusiva e simplista, as «místicas» orientais, e postula zonas do real que se espraiam, como um oceano de ritmos, para lá das praias amenas que a ciência estuda, para lá das baias limitativas e simplórias do racionalismo cartesiano, do idealismo hegeliano e «tutti quanti». Quer o Zen quer o Tao, são exactamente o contrário da mística e da metafísica, e mesmo o seu melhor e único antídoto.
No prefácio da primeira edição, o autor confessa, de forma quase lírica, como a intuição dessa realidade profunda (que é uma profunda unidade de todas as coisas, feita de relações mais do que de conteúdos) o apanhou, numa tarde Verão, à beira-mar, e o tocou, sem alterar as suas convicções de físico atómico, antes as confirmando e ampliando: «Sendo um físico - escreve Capra - eu sabia que areia, rochas, águas e ar que me rodeavam são feitas de moléculas e átomos vibrantes (...) Tudo isto me era familiar pela minha investigação na física das altas energias, mas até ali só tinha sentido isso através de gráficos, diagramas e teorias matemáticas. Sentado na praia, as minhas anteriores experiências vivificavam-se: «vi» cascatas de energia descendo de um espaço externo, onde as partículas eram criadas e destruídas ritmicamente; «vi» os átomos dos elementos e os do meu corpo participando nesta dança cósmica de energia; «senti» o meu ritmo e ouvi o seu som, e nesse momento soube que era a Dança de Shiva, o Senhor dos Dançarinos adorado pelos hindus.»
Definida assim, pelo próprio autor - em palavras que mais ninguém podia subscrever, porque a «experiência interior» é pessoal e intransmissível - a intuição central de Capra tem, como se calcula, incalculáveis consequências para ele( apanhado em um daqueles momentos-limite existenciais que decidem de uma vida inteira) mas também para a ciência que cultiva e para o sistema cultural a que deve obediência. Um verdadeiro drama. A estes momentos únicos de hecatombe interior há quem chame momentos de «iluminação».
Neste sentido, Capra é um autor sincero, pois bem podia ter ficado calado, continuando a jogar conforme as regras do jogo estabelecido, em vem de obedecer às motivações profundas da sua consciência moral, abalada nos alicerces. Só assim se poderá compreender que ele ousasse desafiar, com teses heréticas e extremamente perigosas para a sua segurança pessoal, o sistema, permanecendo assalariado do próprio sistema: o mundo organizado, pré-programado e totalitário da instituição científica.

INSTITUIÇÃO IMPERTURBÁVEL

Mas a instituição parece não ter ainda percebido o enorme serviço que Capra lhe prestou com esta sua «ousadia». É que, feitas as contas, medindo os prós e os contras, não se sabe quem mais beneficiou deste súbito «aggiornamento»: se a ciência ocidental (à beira do descrédito pelas desastrosas consequências ecológicas já hoje indisfarçáveis), nomeadamente na sua especialidade de ponta, a microfísica nuclear, - se a sabedoria oriental, que nunca oscilou um milímetro, ao longo de mais de sete milénios. Limitou-se a ser ignorada dos filósofos socráticos e pós socráticos, o que só a prestigia e em nada a afecta. Antes, com Heraclito e Parménides, o próprio Capra não deixa de identificar as inúmeras afinidades entre estes pensadores ditos pré-socráticos, e a dialéctica do taoísmo, essencialmente movimento.
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(*) «O Tao da Física», Fritjof Capra, Ed. Presença
(**) «Le Temps du Changement», Fritfoj Capra, Editions du Rocher, Monaco, 1983

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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», em «Livros na Mão», série do autor, a 7 de Agosto de 1990
1-2- 88-11-26-ls> quinta-feira, 19 de Dezembro de 2002-scan

NA «ERA DA TRANSMUTAÇÃO» O PARADIGMA PERDIDO(*)

(*) Este texto de Afonso Cautela, quase cinco estrelas, foi publicado no jornal «A Capital», em 26 de Novembro de 1988

[ 26-11-1988, in «A Capital»] – 1 - Na transição para o terceiro milénio e para a era do Aquário, é a abordagem holística, imediatamente após a abordagem ecológica, o instrumento metodológico adequado à complexidade dos problemas que a civilização tecnológica, completamente cega ao ambiente que a rodeia, tem provocado.
A abordagem ecológica é, no momento de transição, a pedra angular para não perder o pé da realidade e poder realizar o salto para o espírito sem cair no angelismo idealista dos pseudo-espiritualismos que hoje igualmente inflacionam o mercado.

2 - A abordagem holística da realidade põe fim a uma ilusão estrutural do próprio sistema que vive de ir matando os ecossistemas.
Consiste essa ilusão em «correr constantemente para metas que constantemente se vão afastando».
É o espectáculo pornográfico da concorrência, alimentado por teorias «científicas» como o darwinismo, que invadiu praticamente todo o panorama do mundo contemporâneo, a Leste e a Oeste, onde o paradigma logarítmico do desenvolvimento provoca necessariamente a destruição maciça e inevitável dos recursos naturais.
No mito das metas a alcançar, reside um dos vícios fundamentais em que assenta a civilização tecnológica: e nada adiantam reformas sectoriais no Ambiente, com políticas reformistas de anti-poluição, se todo o sistema continuar a ser minado por vícios estruturais como esse.
«Os Cavalos também se Abatem», romance de Horace Mc Coy (1962), ilustra este vício estrutural da civilização industrial, sem renunciar ao qual essa civilização poucos mais anos poderá sobreviver à falta de recursos naturais que explorar.
Sem um paradigma (ecológico à partida, enquanto radicalização da realidade histórica e holístico nos objectivos e nos programas de acção política), que retome os mais antigos paradigmas das mais altas civilizações da Terra, o planeta continuará a sua marcha para o abismo da autodestruição. Não é por acaso que filósofos como Garaudy apelam às fontes orientais da Sabedoria e historiadores, como Toynbee, ao diálogo das civilizações.
Não é por acaso, também, que um dos mais conhecidos «contemporâneos do futuro», o profeta Ernest Frederich Schumacher, apontou, na sua obra «Small Is Beautiful», a «economia budista» como modelo alternativo de vida à economia tecnocrática actual.

3 - A crise ecológica e os problemas de ambiente não surgem por acidente, no contexto da civilização europeia e devem ser consideradas questões estruturais do modelo ideológico (ou «paradigma», Edgar Morin) que, através dos séculos, preside à história do mundo ocidental (ver Fritjof Capra, in «A Era Transmutação»).
A abordagem ecológica da realidade implica assim, incessantemente, uma intervenção de maior ou menor alcance no modelo cultural vigente, ou, dito de outro modo, na ideologia dominante.
Não se trata de mudar alguma coisa à superfície para deixar, na essência, tudo na mesma, mas de dar um contributo à «mudança».
Note-se que a mudança, no sistema totalitário que caracteriza a cultura europeia e ocidental, só poderá fazer-se pela criação de alternativas paralelas (de autarcia e auto-suficiência) à sociedade estabelecida.

4 - Conta-se a ciência entre os subsistemas do sistema cultural vigente, pelo que a crítica da ciência estabelecida, servindo esta incriticamente o sistema, se inscreve entre as primeiras «démarches» da abordagem ecológica.
Não se trata de ir contra a ciência, mas de mostrar que a ciência actual, submetida como está às forças económicas e políticas, não pode ter a independência suficiente para se distanciar dessas forças a quem deve total submissão.
A ciência é financiada pelo Estado ou pelas multinacionais, que são entidades super-estados. O mecenato constitui-se hoje como política dos países europeus que dizem, assim, servir a cultura e as artes.
A Ecologia não poderá, enquanto constelação de ideias, incluir-se então nesse conceito de cultura «dependente», já que a independência do sistema económico é condição «sine qua non» de uma abordagem ecológica, necessariamente crítica do sistema estabelecido, sistema que é «causa rerum» da chamada crise ecológica.

5 - A ideologia, traduzida através do discurso dominante em todos os «mass media», é outro objecto fundamental da abordagem ecológica, enquanto análise do sistema que vive de ir matando os ecossistemas.
A abordagem ecológica da realidade política, económica, cultural, artística, literária, desportiva, implica uma análise crítica do discurso e das mitologias que efectivamente sustentam o sistema biocida.
Mathias Finger, da Eco-Ropa (organização fundada por Denis de Rougemont) fala de uma «tanatocracia», da palavra «tanatos», morte, que na «Frente Ecológica» temos designado por «biocídio» nas suas variantes de homicídio e etnocídio qualificados.

6 - A procura holística da unidade universal no mundo fragmentário dos reducionismos e sectarismos, tem, como qualquer outra construção do espírito, riscos que a capacidade humana não consegue, por vezes, evitar.
O «holismo» é necessário, é mesmo condição «sine que non» da sobrevivência planetária e humana, mas espreitam-no perigos e erros, acidentes de percurso: «abstraccionismo», «materialismo espiritual» (Chogyam Trungpa), «dogmatismo», «angelismo», «irrealismo», etc. são alguns desses erros.
Correndo esses riscos, o «holismo» terá, como corrente fundamental deste nosso tempo, que reforçar o seu peso na mentalidade contemporânea, corrigindo os excessos de divisionismo e fraccionamento que levou, de facto, longe de mais a pulverização da realidade, a «atomização da realidade» (Lanza dal Vasto).
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(*) Este texto de Afonso Cautela, quase cinco estrelas, foi publicado no jornal «A Capital», em 26 de Novembro de 1988

1-26144 bytes novo paradigma - notas de leitura

AVENTURAS E DESVENTURAS DO NOVO PARADIGMA: O CONTRIBUTO DE GUILLÉ

Lisboa, 20/6/1997 - Quando a abordagem de um novo paradigma de pensamento ainda dava pena de prisão e sentença de morte - as inquisições nunca dormem! - o aparecimento de alguns filósofos e pensadores aparentemente insatisfeitos com o paradigma vigente - MMM (Merda, Morte e Mentira) - foi considerada um acto de coragem. E era.
Fritjof Capra elogiando as virtudes «científicas» do taoísmo (1) , o sr. Jeremy Rifkim, desmontando, em «Entropia» (2), os mecanismos autodestrutivos do macrosistema vigente (o tal que vive de ir matando os ecossistemas) ou mesmo Teilhard de Chardin, armado em «charneira» entre o mundo da ciência analítica (a que alguns chamam ordinária) e as grandes sínteses cósmicas (cosmogonias), todos esses livros e autores pareciam trazer o suporte de ideias que faltava à anunciada Nova Idade, a profetizada Era do Aquário, a ansiada Nova Idade de Ouro, único antídoto contra o apocalipse.
A expressão «novo paradigma», inclusive, começou a ganhar terreno com a obra ensaística de Edgar Morin.
Cedo, porém, se verificou que esses prudentes e cautelosos autores de ponte só iam até onde o sistema - podre - os deixava ir. No campo santo da Santa Ecologia, proliferaram os simulacros de Novo (paradigma de)Pensamento. Davam uma no cravo, mas davam logo a seguir trinta na ferradura, de contrário arriscavam-se a perder o emprego. Única excepção conhecida: o filósofo Ivan Illich, eterno resistente.
Quando surgiu a obra de Etienne Guillé, já se poderia dizer, com toda a desconfiança, que também cheirava a esturro, como os anteriores autores virados para o novo paradigma.
Uma análise mais atenta do contributo Guillé, porém, viria mostrar que era, realmente, o único capaz de assegurar a ponte entre os dois paradigmas. E que não havia tempo a perder.
Errado. Afinal, em todos estes anos, desde 1983, ano em que foi publicada a 1ª edição de «L'Alchimie de la Vie», (3) primeiro livro de Etienne Guillé, pouco ou nada se fez, a nível planetário, para aproveitar o legado insubstituível de Etienne Guillé. Os proliferantes aproveitamentos da sua obra para fins terapêuticos, inclusive alguns autores de livros que se desenvolveram à sombra do pensamento de Etienne Guillé (*), como foi o caso de Guy Londchamp, serviram, mais uma vez, o sistema estabelecido, em vez de o ultrapassar.
É de notar um autor, Guy Londechamp(4) , cujo primeiro livro apareceu nas edições Miexon, de Paris, em relação estreita com Patrice Kerviel e em que o segundo livro, «L'Homme Vibratoire» procedia ao aproveitamento das melhores teses holísticas de Etienne Guillé para as colocar, um pouco sectorialmente e de maneira redutora, ao serviço do sistema estabelecido - ou seja, o assistanato da sintomatologia ou a sintomatologia do assistanato: o aproveitamento para fins de terapia específica, e muito pouco ou nada holística, do melhor da holística de Etienne Guillé. Tal como acontece com os anteriores «autores de ponta e de ponte», Guy Londechamp cria, como médico, uma certa expectativa com a assumida atitude crítica em relação ao sistema de MMM em geral e ao sistema do assistanato em particular.
Preocupa-se com a destruição dos ecossistemas - claro! - mas quem não se preocupa hoje com os ecossistemas , principalmente os principais autores e actores da sua destruição?
Claro que Guy Londechamp faz críticas ao arcaísmo de um paradigma médico que continua a considerar a doença uma questão de vírus ou de bacilo, sem jamais questionar o terreno orgânico, onde, em matéria de saúde e doença, tudo se passa.
Claro que Guy Londechamp se mostra actualizado com os «avanços da ciência» na área quântica e em relação às descobertas da microfísica que, afinal, até confirma o que o taoísmo já dizia.
Mas a verdade é que fica pelo beicinho com a auriculoterapia de Nogier, o que, não sendo muito, também não é um caminho que leve à necessária abertura holística da medicina, como os novos tempos impõem e exigem.
O sistema que vive de ir matando os ecossistemas, levou longe demais as suas próprias premissas de MMM para que a passagem se possa fazer com algumas críticas de pormenor ou superfície, deixando o fundo da questão (MMM) inalterável.
No campo da Ecologia, a estratégia das ecoalternativas foi totalmente silenciada e recuperada. No campo da filosofia, os epistemólogos e outros antropófagos, igualmente recuperaram o sistema dizendo que o contestavam. Além de Etienne Guillé, talvez um só pensador - Jean Baudrillard(*) - tenha conseguido escapar à contaminação, não ser perverso e não fazer o frete ao sistema.
Em matéria de contaminações, estejamos seguros que o establishment ainda não esgotou todas as reservas de miasmas que tinha para arrasar este pobre e triste Planeta.
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(1) «O Tao da Física», Fritoj Capra, Ed. Presença, Lisboa,
(2) «Entropia - Uma Visão Nova do Mundo», Jeremy Rifkim, Ed. Universidade do Algarve, Faro, s/d
(3) «L'Alchimie de la Vie», Etienne Guillé, Ed. Rocher, Paris, 1983
(5) «Simulacros e Simulação», Jean Baudrillard, Ed. Relógio d'Água, Lisboa, 1991
(4) «L'Homme Vibratoire», Guy Londechamp, Ed. Amrita, Paris, 1994■

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

JOSUÉ DE CASTRO NA BIBLIOTECA DO GATO









1-4 josué-md-1-2> sexta-feira, 7 de Novembro de 2003
josué-1> notícias do futuro - releituras

JOSUÉ DE CASTRO E A URGÊNCIA DE MUDAR(*)

Josué de Castro voltará a Lisboa neste mês de Agosto. Cidadão do Mundo, ele é hoje a grande voz da esperança que se levanta para falar ao presente dos futuros possíveis.
Desde que em 1951 escreveu «Geopolítica da Fome», o seu pensamento não cessou de evoluir, de acompanhar os acontecimentos e os pressentimentos, de propor cada vez mais interrogações de índole prospectiva.
E quando em Março último, Josué de Castro pronunciou em Lisboa, na Sociedade de Geografia, a sua comunicação sobre «O Futuro Biológico do Homem», não foi surpresa para nós que nela falasse tanto em mutação e em necessidade de mudança, não foi surpresa que um dos mais lúcidos críticos das trágicas carências do mundo contemporâneo olhasse o futuro e dele nos viesse falar, dele exigisse o método, a via, a solução e a salvação.
Entre a explosão demográfica e o sub-desenvolvimento, Josué de Castro vê agora o Terceiro Mundo como a definitiva aposta do homem. Ou mudamos (Josué de Castro fa-lou insistentemente de mutação biológica) ou sucumbimos. O velho adágio «ou cresce, ou morre» é agora mais verdadeiro do que nunca e para o tornar mais nítido, mais óbvio, basta que à palavra «crescer» se acrescentem os seus mais urgentes sinónimos: desenvolver, progredir, evoluir, mudar.
Sem um esforço prospectivo de mentalização (a que Josué de Castro se consagra hoje com a fé do apóstolo, a inteligência do pensador e o rigor do cientista) para uma política planetária, o homem-enquanto-espécie encontrar-se-á no fosso sem saída de que já se anunciam os mais trágicos sintomas em matéria de destruição dos recursos naturais.
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(*) Este texto foi publicado no diário «O Século» (Lisboa) , na rubrica do autor «Etapas para o Ano 2000», em 14/8/1970, e no diário «Notícias da Beira (Moçambique), na rubrica do autor intitulada «Notícias do Futuro» , em 12/8/1970
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AS SALMONELAS QUE MERECEMOS

Autores citados:
André Gide
Josué de Castro
La Palice
Ministro da Qualidade de Vida
Wilhelm Reich


4/Setembro/1984 - Ciência maldita por excelência, a ecologia humana aguardará, na clandestinidade, o tempo de ser ensinada universalmente às futuras gerações como a ciência de todas as ciências humanas.
Não nos lamentemos. Para ser compreendida, estudada, investigada, a ecologia humana - ao estudar as relações entre o ser humano e o Ambiente - precisa mais do que cientistas: precisa de um levantamento popular colectivo dos populações vítimas desse ambiente cada vez mais poluído. O que está, evidentemente, cada vez mais longe de se verificar.
Será esse levantamento a utópica greve geral que os anarquistas do século passado sonharam para derrubar o despotismo?
Por enquanto, temos a educação do consumidor que temos, água chilra dada ao público para o manter enganado e calado.

Sempre que um crime contra a saúde pública é denunciado, lá quando o rei faz anos, nota-se uma restolhada nas hostes telecomandadas das EP's e multinacionais.
Nota-se um quadro sintomatológico muito característico ou conjunto típico de reacções indicadoras do nosso subdesenvolvimento moral e intelectual, da nossa covardia colectiva, do nosso ancestral sadomasoquismo.
Ofende-nos a denúncia mas não nos ofende sermos vítimas daquelas violências que alguém pudesse ter a veleidade em denunciar.
Chama-se então poluição ao que é apenas e há muito tempo, na gíria popular, aquela palavra tão comum começada por M.
Raramente surge alguém, no entanto, com coragem e desassombro para dizer que a poluição mata e que as maiores empresas (EP's) são as que matam mais, melhor e mais impunemente.
Quando surge esse alguém, falando em nome do anónimo publico que é vítima da opressão ambiental e de todo o tecnicismo industrial, quando uma voz se levanta em defesa da saúde e da integridade física de todos nós, eis que um coro de protestos bem pensantes de autoridades bem pensantes em matéria de ambiente se ouve, como se nos tirassem um dente a frio, nos dessem um pontapé no traseiro ou nos pusessem nus diante do espelho.

É este um dos fenómenos de psicologia de massas que Wilhelm Reich inclui no seu conceito de «lepra emocional».
Mas não fica por aqui o sindroma, o quadro patológico originado por qualquer denúncia pública dos crimes contra a vida.
Personalidades consideradas representativas do meio ambiente logo chegarão à ribalta da comunicação social fazendo saber ao país que a denúncia dos crimes contra a sua saúde vai pôr em risco um sector importantíssimo do negócio, quer dizer, a metafórica e metafisicamente chamada «economia nacional», que nunca ninguém soube o que era.
Se de colibacilo nas praias do Estoril se trata, lá vai o turismo por água abaixo e a nossa economia, tão saudável, afunda-se.
Se de salmonelas em Quarteira se fala, aqui d'El Rei que lá matamos a galinha dos ovos de ouro, nossa fonte de divisas, os turistas coitadinhos, etc.
Ah! É que há sempre uma excepção à regra: se morre súbdito britânico, então a conversa é outra e aí sim, vai haver paleio mediático que farte, ninguém já se cala c'u escândalo. Vem primeiro um jornal britânico, levanta o problema que os portugueses não quiseram ou não puderam levantar e aí, sim, já podemos dizer o que mata e esfola gente, sem prejudicar a economia turística. Desde que transcritos do estrangeiro, os crimes contra a saúde, doença e segurança estão mediaticamente autorizados.
Jornalista português passou à categria de transcritor.

Quem não se perfilará, respeitoso, venerador e obrigado, perante argumento de tal peso como é o da «economia nacional»?
Ninguém viu nunca essa senhora mas ela - diz-se - condiciona os nossos estômagos e, como tal, é muito mais importante que as nossas saúdes.
O busílis da questão à vista.
Nesta inversão de valores radica o sistema (que destroi ecossistemas) todo o seu poder despótico sobre o cidadão, a saúde, a segurança, a vida e a liberdade do consumidor.
Cidadão consumidor que, enquanto vítima dos crimes contra a chamada saúde pública, também reage mal, como se sabe, aos alertas e alarmes que em defesa dele cheguem.
Sadomasoquista por herança genética, o português não gosta muito que lhe defendam a saúde, gosta muito mais daqueles que o adoecem. E gosta ainda mais de - consumada a tragédia - tanger suas queridas guitarras nos areais de Alcácer Quibir.
Mas nem só por masoquismo ancestral nos desinteressamos de nós próprios. Desde o berço, o futuro consumidor é educado (condicionado) por escola, família e mass media, a reivindicar a doença, aquilo a que se convencionou chamar saúde.
E isto por uma simples aberração que se tornou nomenclatura corrente: a partir do momento em que se institucionalizou o princípio - consumir saúde é consumir medicamentos -, a partir do momento em que toda a moral médica está do avesso, é evidente que, denunciar a causa produtora de determinados efeitos (doenças) põe tudo em polvorosa, incluindo a editorialista do jornal «A Tarde» que se abespinha (4/Setembro/1984) contra o Ministro da Qualidade de Vida por este ter dito algumas pequenas grandes verdades.

As próprias vítima da poluição não ficam menos irritadas quando o caso vem à primeira página dos jornais, ao serem confrontadas com uma situação incómoda que nos obriga, sem querer, a fica automaticamente responsabilizados, também, pelas salmonelas que papamos.
Pôr em causa um sistema que dá tanta coisa boa e doce para a gente consumir, chateia.
Em polvorosa ficará também o mundo dos negócios que vivem de nos ir matando, pois, como é natural, a interrupção de gravidez chamava-se dantes aborto.
Resumindo: nunca digas ao público que desta água (suja e colibacilenta) não beba, porque o pessoal, mesmo que beba colibacilos não quer, acima de tudo não quer, que lho lembrem, já que isso era chamá-los à responsabilidade de subverter um sistema que mata e adoece.
O pessoal talvez não queira colibacilos, mas lá que anda mais feliz a tomar antibióticos, é um facto.
A julgar pelo editorial «Poluição verbal» do já citado vespertino «A Tarde», as élites também se pelam por colibacilos e salmonelas. Mais: entendem mesmo que um membro do governo não tem nada que andar a contar a verdade ao povo nem a proferir palavras contra os grandes crimes nacionais. Deve comer e calar como todos nós. Mais: avisar disso a população é que é passível de tribunal. Assim o insinuava o vespertino, invertendo a equação e dando razão ao nosso niilismo: temos ou não as salmonelas que merecemos?

Não levem a mal este súbito derrotismo, esta descrença na autodefesa civil do cidadão. Mas lá que é de manifestar certo pessimismo relativamente às funções e limitações da «informação ao consumidor», é verdade.
Enquanto a informação ao consumidor não passar, como até agora, destas festinhas mansas e hipócritas no lombo do sistema biocida, a estas cócegas meigas no sistema que mata por sistema, é quase tão suporífera como o futebol, a televisão em dia de futebol ou mesmo um editorial de «A Tarde».
Estou a pensar a campanha de ecologia humana em que me vejo metido há dezena e meia de anos. Em princípio, nada mais lógico e ecológico: a defesa da saúde e da vida parece ter logo à partida e a priori, a adesão de todos os que prezam a sua saúde e a sua vida, ou seja, todos nós. Claro como água sem salmonelas nem colibacilos .
Só que a coisa não é tão linear como teoricamente poderia e deveria ser. A verdade pura e dura é que ninguém quer saber de si mesmo, por mais que diga que sim.
À medida que o tempo passa, o maluquinho da frente ecológica sente que está a pregar aos peixinhos e a ladrar no deserto.
Não só as vítimas dos crimes contra a saúde pública se estão borrifando em quem os defenda, não só as vítimas ainda ameaçam de tribunal não os carrascos mas as outras vítimas, como ainda se arranja uma carga de sarna, em casa, na rua, no emprego, na política ou lá no raio que o parta, porque adquiriu esta doença vergonhosa e venérea chamada Ecologia Humana.
A tal doença, como dizia o André Gide, de que ninguém diz o nome.

Basta ligar a causa ao efeito, a hepatite ao colibacilo que a produz e pronto, aí temos todo a gente a gritar: heresia, heresia.
Mais científico, mais tecnocrático, mais CEE, mais moderno, mais médico-progressista é noticiar que um senhor cientista A,B ou C anda a investigar, abnegadamente, o vírus X, Y ou Z da misteriosa doença que ataca o povo e que ninguém sabe de onde vem ou mesmo se terá caído do céu por não ter unhas.
Aí, sim, a editorialista do jornal «A Tarde» aplaude a quatro mãos.

É aqui, nesta suprema humilhação, que se pode localizar o horror que sentimos quando nos vemos ao espelho, quando nos dizem que estamos a beber o que dejectámos.
É aqui o ponto crucial em que o inconsciente colectivo se levanta e protesta, fazendo calar as denúncias e partindo os espelhos que o reflectem. Não queremos jamais admitir que uma sociedade tão perfeita, tão tecnológica, tão refinada, tão pràfrentex, tão bonita e a cores, uma sociedade com medicina radioactiva e qualidade de vida, se reduza a este ciclo, a esta cloaca fechada onde se bebe o que se dejecta, como Josué de Castro descreve no livro «O Ciclo do Caranguejo», a este cancro galopante chamado química.
Parte da explicação da revoada que se levanta quando alguém aponta que o rei vai nu - e desta vez por acaso até foi o Ministro da Qualidade de Vida - deve residir nisto. Todo o mundo reage mal quando a verdade lhe é dita, ainda por cima quando a verdade não tem grandeza nem nobreza e até se resume àquela palavra tão portuguesa que começa por M e os tecnocratas chamam poluição.

Tenho de confessar que alguns leitores desta crónica do planeta Terra me lisonjeiam quando me encorajam a continuar «ladrando no deserto». «É preciso que alguém lute pela verdade...» dizem-nos com a melhor das intenções-
Mas com a melhor das intenções, respondo: acho que deveriam ser todos a lutar e não um só. Está tudo errado se o consumidor quer ter em quem delegar as obrigações de se defender.
Se defender a saúde é o primeiro direito e dever de cada um, segundo a Constituição da República, delegar noutros esse direito e esse dever é imoral.
Imoral é também que seja sempre o mesmo a ganir e a ganhar fama de irascível, só porque não engole toda a poluição com M que lhe metem pela boca abaixo, só porque se limita a dizer «basta» aos crimes, que às centenas se continuam a praticar, com o amen de tanta gente dita ecologista.



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1946-2007: MEIO SÉCULO DE LUTA

A despropósito ainda do milho transgénico e dos activistas do estilo verde-eufémia, José Júdice, colunista do jornal «Metro» ( 5 de Setembro de 2007), aproveitou para dizer mal dos ecologistas em geral e para tentar reanimar um morto totalmente morto(1766-1834) Thomas Robert Malthus. E o seu maltusianismo, completamente arrumado e enterrado, diga-se, pelo biologista, sociólogo e político Josué de Castro, em obras que estão hoje mais vivas do que quando foram publicadas, na segunda metade do século passado: Geopolítica da Fome, O Livro Negro da Fome, O Ciclo do Caranguejo e Geografia da Fome.
Ainda não há muito tempo, Luísa Schmidt, socióloga e especialista na área do Ambiente, rendia grandes elogios a este autor, um dos pensadores fundamentais da Idade Moderna. E considerava o livro «Geografia da Fome» o livro que mais a marcou.
Outros, mesmo não sociólogos, poderiam dizer o mesmo.
Josué de Castro foi voz de uma geração. Quando o Terceiro Mundo, a Fome e a Pobreza ainda eram tema de conversa. E de luta. E de combate. E de ódio ao poder que eterniza a miséria.
Que pena o José Júdice, que de vez em quando diz umas coisas acertadas, não se ter lembrado deste autor e das suas obras fundamentais sobre as causas estruturais da fome.
Em vez disso, desenterra conversas antigas, do tempo em que os animais falavam e em que a famosa teoria de Malthus fazia carreira para pôr os ecologistas a ridículo.
Por causa dos transgénicos e dos activistas do verde Eufémia , o poeta não hesitou em reanimar o que já tinha sido definitivamente arrumado por Josué de Castro.
Escreve o articulista:
«A humanidade não morreu à fome porque o progresso da química, da biologia e da agronomia produziu nos últimos 15 anos adubos, pesticidas e novas plantas capazes de alimentar o planeta.»
Curiosamente, não invoca a explosão demográfica que era o grande cavalo de batalha dos malthusianos.
O dilema não é, como José Júdice falaciosamente afirma, entre agricultura química (com pesticidas, adubos químicos, transgénicos e etc) e agricultura biológica.
Qualquer das duas é, a médio e longo prazo, insustentável: o que qualquer ecologista sensato defende é uma «agricultura sustentável» e não uma agricultura «biológica» para elites.
Não vale a pena manter antigas falácias para continuar a indrominar a malta.
Mais adubos químicos, mais pesticidas, mais transgénicos, mais biocombustíveis hão-de significar sempre mais fome. Ponto final parágrafo.