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1/11/1995
ELE E AS IDEOLOGIAS DOMINANTES: PORTUGAL NÃO É SÓ LISBOA (*)
Pistas para 80 reportagens no «país em vias de extinção» e antes que se extinga
- 20 sítios da Geografia Sagrada de Portugal -> Série de reportagens com base na informação confidencial e pistas fornecidas por organizações discretas e secretas existentes em Portugal
- 20 sítios da Arqueologia Industrial -> Série de reportagens com base em informações e pistas da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial (esta série pode incluir um subtema, «Artes e Ofícios que Ainda Vivem»)
- 40 sítios - rios, serras, aldeias - a revisitar, 20 anos depois -> Série de reportagens s/ ecologia e ambiente que fiz para «O Século», em 1975 , e que dariam ponto de partida e pistas para saber, nos mesmos sítios, o que mudou ou não mudou nesses lugares ao longo de 20 anos -: Série de reportagens com base no meu «know-how» sobre regiões e no arquivo pessoal que ainda não foi destruído.
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Agora descobre-se que na paisagem - e na paisagem pré-histórica, com (dizem os arqueólogos) mais de 30 mil anos - está o nosso futuro. Não deixa de ser bizarro, mas ao mesmo tempo é consolador esta súbita ternura pelo antigo, o velho, o arqueológico: especialmente para dinossauros e múmias como eu, que pensavam que o antigo, o velho e o terceiro idoso estavam irremediavelmente condenados às galés, trocar os cavalinhos de Foz Côa por 50 milhões, é consolador e indicativo de que alguma coisa vai mudar até ao Terceiro Milénio e por força da própria precessão dos equinócios.
Quase trinta anos depois de o país me ter convencido de que eu não tinha razão, o país vem dar razão ao meu ecologismo precoce e ao meu milenarismo serôdio. Mais vale tarde do que nunca.
A próxima alegria vou tê-la quando Guterres anunciar o cancelamento da barragem de Alqueva, para salvar os mais de 200 sítios arqueológicos que iriam ser submersos pela albufeira, incluindo o cromeleque do Xerez, que, como os arqueólogos não vão nunca saber, é sagrado alquimicamente puro, tal como os 20 quilómetros de sagrado do Coa.
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[ 1/Novembro/1995] - 1 - Com as figuras rupestres de Foz Côa , numa remota região transmontana, Portugal saltou, de repente, para a celebridade internacional.
Nunca o local e o universal estiveram tão perto e nunca foi tão claro que são as duas faces da mesma moeda, da mesma realidade: com as figuras rupestres de Foz Côa e a Expo98, Portugal entra portanto, com os dois pés, e não ao pé cochinho, na vanguarda da civilização do futuro, a tão falada mas pouco compreendida Era do Aquário.
Se, como alguns pensam, para construir o próximo 3º Milénio, o passado mais remoto é tão necessário como a ciência e a tecnologia de ponta mais recente, as figuras do Côa e a Expo 98 são, de facto, os dois grandes símbolos orientadores desse rumo.
O signatário deste projecto «New Age» sabe que, para se ter razão sobre este planeta Terra, não basta ter razão. É preciso também ter o poder. Ou o apoio de quem tem o poder.
Mas, tal como em 1969, defendi totalmente sozinho o projecto ecologista - que ninguém, das ideologias em presença, aceitava, encontro-me hoje, em Novembro de 1995, na situação de defender (quase) sozinho, um projecto milenarista de primado do espírito sobre a matéria, quando a humanidade parece totalmente dominada pela sociedade de consumo e seu lógico totalitarismo.
2 - Ontem como hoje, o signatário está consciente do seu principal handicap: não tem, no seu curriculum, um curso universitário. Por isso sabe que não pode aspirar a cargos. Pensa, no entanto, que os nossos antepassados de há 40 mil anos - os que gravaram no xisto as figurinhas onde temos hoje preservado o Sagrado em estado alquimicamente puro - também não. Sei que pertenço à raça desses primitivos.
3 - Quando entrou para a redacção de «A Capital» - onde foi colaborador regular de cinema e literatura, desde os anos 60 - o primeiro trabalho de fundo que propôs ao então director Rudolfo Iriarte foi um circuito de reportagens sobre «geografia sagrada de Portugal». Ainda o património cultural não estava na berra. Ainda não subira a Conselho de Ministros. Ainda não ocupava plenários da AR. Ainda a ecologia era vista com desconfiança. Ainda o nosso querido presidente Soares não tinha feito a sua presidência aberta sobre ambiente, dizendo NIM a Alqueva.
Ainda as grandes organizações de inspiração maçónica, ocultista e esotérica viviam uma forçada clandestinidade, face ao poder do materialismo e do positivismo.
Não era possível, portanto, mostrar à luz do dia o «outro Portugal», o Portugal secreto e escondido. Em outros países vizinhos da UE, trabalhos sobre os segredos do sagrado de cada país foram entretanto efectuados. No caso da Espanha, por exemplo, por um jornalista - Juan Atienza -, que tem feito em Espanha o que eu gostaria de ter feito, quando propus ao Rudolfo Iriarte uma série de reportagens sobre a nossa geografia sagrada, uma das mais ricas do mundo como só agora (!!!) , com as figuras do Côa, se mostra e demonstra.
4 - Entretanto, e sem que haja uma voz - nacional ou internacional - a defendê-lo, todo o núcleo representativo do puro sagrado no Alto e no Baixo Alentejo, com a capital mundial em Monsaraz - irá ser submerso pela albufeira de Alqueva, o maior crime jamais cometido contra este tesouro de um país de tesouros: mais de 100 sítios arqueológicos de alta antiguidade, vão ser submersos.
Neste sentido, a batalha do futuro mundial do mais antigo e precioso passado, trava-se em Portugal e exactamente nestes dois pólos da contradição: em Côa e em Alqueva. O Sagrado contra o Cimento armado das barragens.
5 - O que encoraja o signatário a viver tudo de novo - a partir de zero - e a refazer todos os projectos alternativos de vida que teve de meter na gaveta - desde 1969, trabalhava ele no jornal «O Século» - o que o encoraja é ter a certeza , a absoluta certeza, de que, ontem, como hoje, tem razão.
Ainda que não tenha qualquer ilusão de que alguém lha dê ou venha a dar.
6 - Um projecto editorial capaz de transmitir e levar esta informação - esta dialéctica e esta lógica do «regional-universal» - a um público mais ou menos distraído com as atracções do imediatismo político e económico, talvez seja rentável - economica, editorial e culturalmente.
No novo espírito - a que alguns, em língua anglo-saxónica, chamam «new age» mas que o signatário prefere designar por Nova Idade de Ouro, porque matematica e geometricamente o é, - cabem todas as correntes alternativas que, desde 1969, o signatário deste projecto tem procurado detectar e, quando possível, fazer-se eco no seu trabalho de jornalista.
Se a ciência e tecnologia de ponta (fim da Idade do Ferro), têm algum lugar, no próximo Milénio, como «meios benévolos», a verdade é que o verdadeiro conteúdo do próximo Milénio será, obvia e evidentemente, espiritual - desde que esta palavra contenha todo o rigor de significação que vários milénios de tradição primordial viva lhe podem dar.
A ciência e a tecnologia de ponta (só) servem de ponte, de meio para que a grande mensagem do terceiro Milénio possa passar, até às novas gerações que dela vão precisar como de pão para a boca.
Os jornais e telejornais vivem do imediatismo quotidiano - e com esse imediatismo se pretende, quase sempre, justificar muita concessão (ao acessório) e muita omissão (do essencial).
Houve tempo em que a «Grande Reportagem» era o pivô do jornalismo: deixou de o ser quando o grande argumento contra a «grande reportagem» passou a ser as «despesas ... de deslocação», «os custos que implica para o jornal... », etc.
Hoje, a «Grande Reportagem» é nome de revista a que, pelos vistos, está confinada. E o (grande) repórter tem que ir para a reforma.
A Proposta
6 - Resumindo as linhas essenciais do projecto «New Age - 3º Milénio», proponho:
- Um destacável in «A Capital», que ligue o regional-e-local ao mundial, o passado mais remoto ao presente mais avançado e ao futuro mais arrojado
- Além de um noticiário seleccionado em função das «alternativas de vida» e da «vida alternativa» que a nova idade de Ouro pressupõe (noticiário escasso, neste momento, pelo óbvio círculo vicioso que a própria situação pantanosa do mundo suscita) - o projecto seria alimentado com reportagens de fundo ao «Portugal Profundo» - Geografia sagrada - desde as nossas tradições templárias às nossa raízes paleolíticas.
Afonso Cautela
1/11/1995
quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008
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