domingo, 16 de janeiro de 2011

DUALISMOS E CONTINUUM ENERGÉTICO



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OS DUALISMOS E O CONTINUUM ENERGÉTICO
EM 19 PONTOS (*)

(8/10/1996-17/10/1996)

[ (*) Texto elaborado durante a leitura dos livros seguintes:
«A Mais Bela História do Mundo», Ed. Gradiva, 1996
«A Mónada», Leibnitz, Imprensa Nacional
«O Fim das Certezas», Ilya Prigogine, Ed. Gradiva, 1966
«Manual dos Novos Médicos», Ted Andrews, Ed. Estampa, 1996 ]


8/10/1996

As divisões classificatórias que tão largamente se praticam na cultura dualista do Ocidente são ultrapassadas pelo continuum energético a que chamámos «escala hierárquica do valor vibratório - de N8 a N56».

1 - Uma divisão que tem feito correr rios de tinta é a de Psíquico/Somático. De tal maneira que a medicina se viu obrigada a inventar esse produto híbrido chamado «psicosomática».
Divisões como esta são inevitáveis e insuperáveis, enquanto não se partir de um paradigma de pensamento que coloque a energia como continuum entre todos os planos da realidade, dos mais densos aos menos densos, dos mais subtis aos menos subtis.
Outro dualismo que se tem mostrado insuperável é o Corpo/Espírito ou Corpo/Alma. Quantas religiões, filosofias e sistemas não se arquitectaram para saltar esse muro.
Se se entender o continuum energético como a evidência que é - e se partir dele para a viagem aos confins do universo - desaparece a nomenclatura obstrutiva.
Aliás, as nomenclaturas é que são, se virmos bem, os obstáculos insuperáveis e não os dualismos.
O materialismo chama-lhes contradições e inventou o adjectivo «dialéctico» para dizer que as superava. Pelos vistos não superou nada, nem sequer a si próprio.
O surrrealismo também sonhou ultrapassar a barreira dos opostos ou contrários. O sonho (utopia) versus real. Houve suicídios e ranger de dentes. Os opostos permaneceram opostos. E o sonho não foi integrado na zona diurna do comportamento humano.

2 - O princípio dos 7 corpos energéticos proposto por Rudolfo Steiner, mesmo que seja só uma hipótese de trabalho, ajuda a criar um novo paradigma no comportamento humano, na medida em que fornece um continuum, uma área do real sem fronteiras nem barreiras, nem passaportes, nem especialidades cantonadas em guetos do conhecimento.
A dicotomia que o surrealismo mais se empenhou em ultrapassar - Real/Irreal - a ponto de se autodenominar «sur-réalisme» (que em Portugal, devido à inércia dos nossos costumes, nunca conseguiu ser traduzido por «super-realismo») é mais uma - decisiva - das antinomias ultrapassadas pela escala dos 7 corpos energéticos ou continuum energético entre macro e microcosmos.

3 - O surto da chamada «realidade virtual» no mundo recente é apenas um degrau mais abaixo da dicotomia dos surrealistas Real/Irreal.
De facto, aqui e agora, a dicotomia é total, completa e irreversível.
Tal como a energia atómica é o Mal absoluto (tocou-se, para a perverter, na energia da pedra filosofal) o virtual é o absoluto irreal, o autêntico vazio.
Chamar-lhe «realidade virtual» nem com aspas se deveria admitir.
Como a mais recente forma do abominável, o virtual já tem apóstolos, pensadores, militantes, profetas, gurus, cineastas, cronistas nos jornais.
E a decadência continua, com uma vantagem : mais longe e mais abaixo do que o virtual, não é possível ir. A decadência chegou ao fim.

10/10/1996
4 - A mitologia vulgar em torno da luz ilustra uma das ilusões mais frequentes dos nossos esoteristas em geral e de alguns adeptos do culto solar em particular.
É mais uma forma de inversão própria da Era Zodiacal dos Peixes, uma das muitas inversões que se verificam na mentalidade «espiritualista» em vigor.
As adorações da luz derivam das adorações do sol, dos cultos/ritos das idades agrárias, épocas bem demarcadas, bem limitadas da vasta história do universo.
É triste para todos estes «adoradores do sol» dizer-lhes que afinal viemos das trevas e que às trevas voltaremos. Aliás, só no mundo dos 5 sentidos a luz faz falta...
É graças às trevas, aliás, que eles podem ter esse breve minuto de ilusão ou de deslumbramento que é o sol.
É num céu negro de breu que se pode ver o magnífico espectáculo das estrelas brilhando.
O sono e o sonho encontram na noite o seu meio energético mais adequado. Em função da luz, o órgão da visão desperta e domina. O «império dos sentidos» é o império diurno. Deu muito trabalho aos surrealistas e a outros bons herdeiros do inconsciente junguiano, revalorizar a noite, as trevas, o sono, o sonho - invariavelmente associados ao tenebroso (tenieblas, em castelhano) .
Não significa que, ao nível N8 , luz e cores não sejam um campo interessante e importante de terapia energética ou vibratória.
Tão importante como a metaloterapia que lhe corresponde, a cromoterapia só tem que ser colocada no lugar da hierarquia vibratória que lhe compete. A esse nível actua e trata e a esse nível deve ser reconhecida. Sem perder o sentido global e holístico em que se insere.

11/10/1996
5 - O Leibnitz inventara a Mónada, em 90 pontos, que devem ser as 17 páginas mais ininteligíveis da história da filosofia ocidental.
Pois bem: após este esforço hercúleo do amigo Leibnitz, a ciência positiva não se dá por satisfeita e telescópio (microscópio) em riste, lá vai descobrindo mais umas tantas «partículas elementares», ou julga que descobre, e faz a única coisa que a ciência analítica sabe fazer: inventa nomes - variados, esquisitos, folclóricos - e chama nomes às partes em que continua dividindo e subdividindo o Todo.
Lá vão alguns:
Electrões
Fotões
Quarks
Neutrinos
Gravitões
Gluões
Etc.
Etc não é nome de partícula - note-se.
«Chamamos-lhes elementares porque não podemos decompô-los em elementos mais pequenos» - diz Hubert Reeves com visível desespero e sem grande certeza: há uma esperança de que a subdivisão ainda possa continuar e a lista de lindos nomes aumentar. É provável, portanto, que o «indivisível» dos físicos se torne outra vez «divisível». E assim vai progredindo a ciência. Complicando o que é simples.

6 - Em termos de energia - ou seja, em termos de filosofia - o melhor é ficar pela Mónada do Leibnitz. Essa , pelo menos, enquanto ideia pura tem mais hipóteses de ser invariável - como princípio - e portanto de ser:
uma constante
lei
estribilho
leit motiv
ou
o paradigma perdido
que nos falta e tanta falta nos faz.

7 - Ao falar-se de que a matéria é energia mais condensada (como dizem todas as grandes tradições da sabedoria universal), há quem aponte aí uma contradição. Na ciência há sempre um fiscal de serviço à procura de contradições...dos outros. Uma contradição ou, pelo menos, 2 sentidos inversos para a palavra «evolução».
Se o movimento da evolução cósmica foi no sentido do mais simples para o mais complexo - como querem os darwinistas e neo-darwinistas - e «em cada nível de organização os elementos (partículas elementares) se agrupam para formarem novas estruturas num nível superior » (Hubert Reeves) a evolução, afinal, é uma involução, à luz de uma escala de níveis energéticos de consciência.
A organização (densificação) da matéria vai no sentido contrário à evolução da consciência como se o Cosmos tivesse armadilhado o próprio cosmos, o ser vivo e o ser humano.
É um facto e não pode escamotear-se: se o progresso da evolução vai no sentido do complexo, então a ciência que temos, e o cáos que a própria ciência é, tenderão sempre a aumentar e, no limite, a autobloquear-se.
Vem a lei dos ciclos para, parcialmente, salvar a situação.
A um ciclo de densificação ou materialização da energia, seguir-se-ia agora, com as novas condições cósmicas da era zodiacal do Aquário, o ciclo da nova desmaterialização.

8 - A dialéctica taoísta do yin-yang veio em socorro do homem ocidental para lhe resolver algumas banalidades quotidianas - como comer, viver, respirar, amar - que a crescente complicação da ciência deixou de poder resolver.
No novo paradigma da nascente Idade de Ouro, o progresso vai no sentido da simplificação e não no da complicação.
Detecta-se em Hubert Reeves uma palavra-chave do novo paradigma, a palavra «emergência». Diz ele: «Em cada nível , os elementos agrupam-se para formarem novas estruturas num nível superior. E cada uma delas possui propriedades que não têm, individualmente, os seus elementos. Fala-se de «propriedades emergentes».»
Perante esta frase de Hubert Reeves, impossível não evocar a equação-chave de Etienne Guillé:
Energias Vibratórias X Suporte Vibratório = Função emergente (ou função criadora).
Impossível não evocar também o valor teosófico do número:
5 + 5 = 1
Mais um passinho e a ciência analítica dá de caras com as energias filosofais, dá de caras com o enxofre, o mercúrio e o sal filosofais. Se é que não deu já, atribuindo-lhes nomes mais arrevezados do que aqueles que os alquimistas lhes deram: tal como as «partículas elementares» descobertas pela física atómica - por enquanto indivisíveis - as energias filosofais são dadas também como os ingredientes criadores e indivisíveis de todas as energias do universo.
O indivisível é factor comum à ciência profana e à alquimia (1ª ciência sagrada).
Além disso, as 4 forças reconhecidas pela Física Quântica dentro do espectro electromagnético - único fragmento do continuum energético conhecido pela ciência - dão mais 4 nomes para o nosso «glossário das energias». Que a ciência sirva para alguma coisa.
Diz Hubert Reeves :
«Foram as 4 forças da física que presidiram à união das partículas , depois à formação dos átomos, das moléculas e das grandes estruturas celestes:
1 - a força nuclear solda os núcleos atómicos
2 - a força electromagnética assegura a coesão dos átomos
3 - a força da gravidade organiza os movimentos em grande escala - estrelas e galáxias
4 - a força fraca intervém ao nível das partículas designadas neutrinos.
É tentador, mais uma vez, usar a (lei da) analogia e lembrar as 4 forças que, ao nível do Cosmos, estas 4 forças da física fazem lembrar: as 4 energias filosofais da Criação: Enxofre, Mercúrio, Sal e Pedra Filosofal.
Outro símile tentador, no glossário das energias, é o binómio Calor/Frio, irresistivelmente identificado com Solve/Coagula e Yin/Yang. Inevitável também ver o Enxofre metal (desestruturante) associado ao Solve e o Sal associado ao Coagula. Inevitável ainda ver no Enxofre desestruturante o princípio masculino da Criação e no Mercúrio coleante o princípio feminino da criação.
A pouco e pouco, a ciência profana aproxima-se da ciência sagrada ou ciência das energias como também pode ser designada.
Mais tentadora ainda se torna esta sinonímia (4 forças físicas = 4 energias filosofais) quando Hubert Reeves lembra o que para a ciência é um dos maiores mistérios e um problema - diz ele - sem solução:
«Sabemos agora - escreve ele - que estas forças são por toda a parte as mesmas , aqui e nos confins do universo, e que não mudaram um nadinha que fosse desde o big-bang.»
E Hubert Reeves acrescenta : «O que levanta problemas num universo onde tudo muda». Para um praticante quotidiano a Alquimia (e, portanto, da dialéctica) isto que é incompreensível para a ciência é, para a ciência sagrada das energias, um dos alicerces do templo, o pilar ou referencial fixo a que todo o movimento se reporta.
E, sendo assim, a hipótese de as 4 forças da física serem as 4 energias filosofais ganha consistência. Mais: a imutabilidade das 4 forças físicas e a mutabilidade do universo não se contradizem ou contrariam mas necessitam-se. A mutabilidade requer a imutabilidade e vice-versa.
Por isso é que as leis conseguem ser leis e por isso é que o mutável é mutável.
Só espanta o espanto de H. Reeves...
Mais do que a simples lógica, é a dialéctica (ou abordagem global dos sistemas) que nos serve de guia no mundo das energias.

9 - Um pouquinho mais de atenção e percebemos que a velha - e polémica - questão do sagrado e do profano começa a clarificar-se quando as fronteiras, acima e abaixo do espectro electromagnético, se esbatem.
Sinónimo de «profano» é «energias conhecidas», ou seja, as do espectro electromagnético.
Dentro da mesma lógica, sinónimo do sagrado será « energias além do espectro electromagnético desconhecidas da ciência».
Penso que esta simples sinonímia contribui para des-sacralizar ( desmistificar) o sagrado e desenfatizar o profano. Afinal, sagrado e profano são apenas graus na escala das energias. Nada de especial, portanto.
Porque é que o sagrado é para adorar é que é talvez outra questão.

10 - Quando se estuda o mundo das energias, verificam-se algumas ocorrências constantes que funcionam como estribilho ou leit motiv ocorrente ao limiar da consciência com um certo ritmo.
Acção/Reacção é, por exemplo, uma das ocorrências mais frequentes . Pode considerar-se uma «lei», uma das muitas leis que se verificam no mundo global das energias.
Hubert Reeves indica, por exemplo, mais duas referindo-se ao Cosmos (dele) e à ciência a que chama Cosmologia:
a) O mundo não existiu sempre
b) O mundo está em mudança
Muitas destas verdades ou ocorrências rítmicas aparecem como «verdades de la Palice» - ou verdades do senso comum.
É então que a ciência acerta: quando se aproxima do bom senso e do senso comum.
Ousando um pouco mais, todo o compasso binário (de que acção/ reacção é um bom exemplo) pode significar uma dessas constantes, leis, estribilhos ou leit motiv.
Nas listagens de opostos complementares vamos encontrar bastantes desses estribilhos: Sim/Não, seria o exemplo mais banal, seguindo-se Noite/Dia, Tempo/Espaço, etc.
Ousando um pouco mais, podemos verificar que os nomes de deuses da Teogonia egípcia, por exemplo, são nomes de energias.
Esta verificação leva-nos a duas consequências imediatas:
a) Corrigir os nossos preconceitos relativamente às chamadas «mitologias»: nem todas são iguais, distinguindo as que contêm informação primordial das que se encontram vazias de informação, de conteúdo
b) Conseguir nomear áreas da realidade que seriam sempre inomináveis para a ciência analítica.
Aquém e além do espectro electromagnético (único que a ciência conhece) o mundo das energias continua até ao infinito.
Os nomes de deusas da teogonia egípcia expressam esse para lá e para cá do espectro electromagnético.

11 - Outros compassos binários interessantes para esta listagem de constantes energéticas :
Cosmos/Cáos
Frente/Dorso
Macrocosmos/Microcosmos
Matéria/ Não Matéria
Corpo/Espírito
Manifestado/Imanifestado
Incarnado/Desincarnado
Essência/ Imanência
Céu/Inferno
Luz/Trevas
Calor/Frio
Yin/Yang

12 - Pela boca de Hubert Reeves a cosmologia ordinária tem referenciais quase óbvios:
« a) O mundo não existiu sempre
b) O mundo está em mudança
c) A mudança traduz-se pela passagem do menos eficaz ao mais eficaz, quer dizer, do simples ao complexo.»
Mesmo quando acerta (ponto2) a ciência que temos nunca ganha a sorte grande, fica apenas com a terminação.
O ponto c) é apenas um simples e puro equívoco para alimentar outro equívoco, o mais rendoso de todos os equívocos que se reclamam da ciência: o mito do progresso.

13/10/1996
13 - É uma descoberta didacticamente importante: os livros da ciência comum que melhor contributo podem dar à ciência holística das energias são os que relatam a «génese» - a epigénese - dos fenómenos e não os livros que «analisam» os fenómenos até à pulverização do real.
Ou seja, os livros que contam, no tempo e no espaço, a história dos fenómenos, são os que melhor nos podem preparar para estudar as zonas energéticas do não-espaço e do não-tempo.
Onde a ciência «filosofa» sobre os seus próprios princípios, sobre a origem e evolução dos acontecimentos (do cosmos, da vida, do ser humano) torna-se clara a unidade - o continuum energético - que preside a todas as áreas do Real.
O continuum energético evidencia-se nas obras de «filosofia da ciência» - poderá dizer-se em termos simplificados.
A ciência (analítica) foi longe demais na minúcia do detalhe e das partes. Em ciências humanas (e portanto em medicina) esse exagero é fatal. Pulverizando completamente o real, torna inacessível e ininteligível a noção do Todo. Pulverizando o Todo, torna inacessível e ininteligível a noção do Real.
Linhas atrás falávamos das dicotomias que o continuum energético ajuda a ultrapassar.
A dicotomia - que acabamos de citar - é mais uma delas. Aquela de onde as outras dicotomias derivam.

14 - Alguém baptizara esta «ciência das origens» com um nome que parece feliz: «Escalometria» seria a ciência das grandes escalas, no tempo e no espaço, introdutória ao nível profano do conhecimento ou ciência do sagrado (Note-se outra dicotomia fundamental: sagrado/profano).
Lida-se na escalometria com milhares e milhões de anos e/ou de quilómetros. É a ciência dos anos-luz e dos enxames de galáxias.
É, curiosamente, a ciência da energia por excelência, o que lhe dá direito a usar um vocábulo completamente esquecido nos dicionários: Noologia.
Honra, mais uma vez, a Helena Petrovna Blavatsky, que a ela - Noologia - se refere no livro «Ísis sem Véu».
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«Noologia - Ciência que estuda o espírito humano; ant. Psicologia (Do grego nóos+lógos)
Noológico - Que diz respeito ao espírito; relativo à Noologia ; «ciências noológicas»: as ciências do espírito, correlativas das cosmológicas, na classificação de Ampère.
Noosfera, s.f. mundo do espírito e do pensamento, figurado, por analogia com a biosfera, por uma camada sobreposta à da vida.»
Noocentrismo, s.m. - Doutrina ou atitude gnosiológica «que faz gravitar o ser em torno do conhecer».
In «Dicionário da Língua Portuguesa», Porto Editora, 5ª edição
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15/10/1996
15 - Inter e Trans são os dois prefixos de emergência que, perante o caos da ciência analítica e suas teorias sobre o Caos, aparecem a tentar salvar a situação de abismo a que chegámos em 15 de Outubro de 1996.
A medicina, por exemplo, caiu fulminada de cansaço quando, num enorme esforço de inteligência, descobriu que a doença não era meramente física e que poderia (?) haver influência do chamado psíquico na doença chamada física.
Surgiu então o binómio somático/psíquico, o que daria, em termos de especialidade médica, a medicina psicosomática. Mau grado o nome sugestivo e, possivelmente, alguns grossos calhamaços entretanto escritos em seu nome, na prática não se dá por ela. A barrreira entre os dois termos do binómio continua a existir, tal como quando a ciência a descobriu. E nada, nenhum artifício lógico ou metodológico conseguirá derrubá-la ou sequer esbatê-la.
Não são, tão pouco, os bem intencionados grupos de trans-disciplinaridades e de inter-disciplinaridades que irão impedir o Caos de se continuar espalhando sobre o Planeta Terra e as nossas cabeças. Chega a parecer que o Caos não é, para a ciência, um problema mas sim um ponto de honra de que ela muito se orgulha e do qual não quer abdicar. O Caos, digamos, é o seu caldo de cultura. Dividir para reinar sempre foi o lema de todas as tiranias.
Ilya Prigogine, um génio da química muito lido em Portugal, desde que o presidente Mário Soares o convidou para um colóquio na Fundação Gulbenkian, escreve que o binómio Material/Imaterial continua insolúvel para a ciência, para a ortodoxia científica de que ele é um ilustre representante. Isto, numa obra - «O Fim das Certezas», Gradiva, 1996 - que se pretende de autocrítica gnoseológica e que, de 5 em 5 linhas, exibe as fabulosas aquisições da física quântica, faz pensar. É mesmo preocupante. É mesmo aterrador.
Porque para um leigo na matéria quântica o mais que é possível apurar como dado adquirido dessa famosa teoria é que existe um «continuum energético» e que, assente esse postulado, as dicotomias deixam de ser irreversíveis e insolúveis.
Uma das consequências mais imediatas e elementares da investigação quântica - julgavam os ingénuos - seria que certas barreiras e fronteiras milenares impostas por um paradigma dualista se entendiam agora, à luz de um «continuum energético» e da famosa «área unificada» ou «área quântica», como novo paradigma do pensamento.
Se este fundamento óbvio voltar a ser posto outra vez em causa pela ciência que levou um século a debitar discursos ininteligíveis sobre física quântica e biologia quântica, perde-se o único suporte que nos vinham a prometer para fazer face ao Caos, o único Fio de Ariadne capaz de nos sustentar, no meio do Caos, e evitar o total afundamento no abismo.
Então, sim, o cáos será eternamente cáos. Mas haverá então muito boa gente (como eu) que aproveitará a chance para (de vez) se suicidar. Não sem que antes suicide alguns dos responsáveis pelo Caos.
O «continuum energético» é o único antídoto contra o Caos e o estudo das bionergias ou ciências sagradas o único sistema imunitário. Contra os dualismos irredutíveis. Contra as contradições dilacerantes e dramáticas.
Ver um Prémio Nobel da Química afirmar que a ciência ainda não encontrou saída para o dilema «material/imaterial», que há dois mil anos a dialéctica taoísta do yin-yang já tinha resolvido , é aterrador. Quando o progresso científico atinge estes apuros de retrocesso, o horizonte é assustador.
(Ver ponto deste capítulo sobre o mito do progresso)

16 - Além de muitos outros significados que lhe reconhecemos (e vamos sempre descobrindo novos) a escala hierárquica do valor vibratório mostra-nos, visualiza-nos esse continuum energético de forma coerente, graduada, rítmica (ou logarítmica).
As irredutíveis oposições desvanecem-se. Há um sistema de vasos comunicantes (ou um encaixado tipo «capas-de-cebola») que nos permite viajar pelas energias entre os vários níveis de densidade e de frequências vibratórias.
A intercomunicação é natural e dispensa os dois prefixos com que a ciência analítica pretende evitar a sua própria agonia :
o prefixo «trans» e o prefixo «inter».
Com a realidade virtual dos computadores vulgarizou-se o termo «interface», que uns consideram do género feminino e outros do género masculino. Possivelmente, como tudo no tal mundo virtual, é andrógino.

17 - O vocábulo «virtual», contemporâneo do caos dos fractalistas, ao surgir no mundo contemporâneo, serve como termo de oposição a real. De tal maneira que eles inventaram a «realidade virtual», ou seja a negação absoluta. O real que não é nem nunca será real. Com o virtual, descemos ao fundo do buraco.

16/10/1996
18 - A composição trinitária do ser humano( corpo/alma/espírito) não é um dado evidente apesar de se encontrar em todas as grandes tradições que conheciam o sagrado.
As classificações que os livros de divulgação «energética» hoje nos apresentam, usam uma variedade de planos que inevitavelmente confunde o leitor.
Há os que falam, por exemplo , em 3 planos:
corpo
mente
alma
Outros referem 4 níveis :
físico
emocional
mental
espiritual
Um livro de teosofia talvez adiante, além do patamar físico, outros patamares:
etérico
astral
causal
mental
Por vezes a simplificação leva a um mero binário:
corpo
espírito
onde espírito significa tudo o que não é corpo.

São alguns exemplos, recolhidos de um livro interessante de Ted Andrews - «Manual dos Novos Médicos», Estampa, 1996 - mas que mostram a confusão reinante, hoje em dia, no campo unificado das energias, das bionergias ou energias vibratórias.
O trabalho de unificar a nomenclatura é, portanto, o que se impõe com maior urgência e necessidade.

19 - «Debilidade» ou «fraqueza» de um órgão, que o torna mais susceptível de contrair determinada doença, pode significar «estagnação energética» igual a «bloqueio energético».
Quando fundamentalmente se aconselha uma técnica de «relax» em casos de extremo stress, está a constatar-se que para uma situação yang o melhor antídoto é o yin.
As psicoterapias complicam as técnicas de relaxamento - com hipnotismo, yoga, meditação, imposição de mãos, massagem, etc - mas a macrobiótica receita bons yin e tenta preparar o terreno para que a alquimia se faça, ou seja, para que o bloqueio se desfaça.
A acupunctura, por exemplo, tenta desbloquear por intervenção directa nos meridianos, mas se a causa do bloqueio é de terreno orgânico, a situação volta a verificar-se passada a acção das agulhas. Sem desintoxicação alimentar nunca o desbloqueio é completo. E quando a intoxicação é medicamentosa - química em geral - , intramolecular, portanto, mais difícil será conseguir de novo o fluxo energético normal.
A medicina ortomolecular surge hoje como um recurso para atingir essa zona profunda do terreno orgânico mas esquece duas condições de base:
1) É condição sine qua non, uma situação yin à partida, para que as trocas intermembranares da célula se verifiquem
2) É condição sine qua non encontrar uma técnica capaz de remover os metais mal colocados na zona da heterocromatina constitutiva.
Sem estas duas condições, não há hipótese de realizar:
- uma verdadeira desintoxicação do organismo
- um verdadeiro desbloqueio energético dos canais de circulação da informação
- uma verdadeira desestagnação que leva a um movimento alquímico necessário e suficiente.
Tal como no tráfego da cidade, quando há engarrafamento num sítio toda a circulação é afectada.
Fisicamente, os bloqueios energéticos podem significar «intoxicação» , um terreno em stress, uma imunidade diminuída, um metabolismo perturbado, um equilíbrio PH (ácido/base) desequilibrado. A nível intra-molecular tudo isto é a mesma coisa.
Dizer que as nossas doenças começam no corpo energético significa que elas surgem ao nível do corpo através dos sistemas de fronteira em intercomunicação recíproca e que portanto se intercondicionam:
- sistema endócrino
- sistema nervoso
- sistema imunitário
- sistema circulatório
- sistema reticulo-endotelial
- pele
Se a acção incidir no meio intra-molecular, ou seja, se o movimento alquímico se iniciar e realizar , se os princípios da homeostosia (ou inteligência do organismo) funcionarem, eis que as sinapses e outros mecanismos (enzimas, por exemplo) cibernéticos da célula, encarregados de levar as informações necessárias onde elas fazem falta, começam a funcionar.
Se se quer tratar o terreno físico, terá de se começar por aqueles 6 sistemas de fronteira e removendo causas que condicionam estes sistemas.
Essas causas terão de ser procuradas onde nenhuma medicina , até agora, as procurou:
- ao nível dos 7 corpos energéticos (Rudolfo Steiner)
- ao nível dos 12 órgãos dos sentidos (de que só reconhecemos 5) (Hierofantes egípcios)
- ao nível das 9 camadas da alma (que totalmente esquecemos) (Hierofantes egípcios)
- ao nível do espírito e das energias filosofais - enxofre, mercúrio, sal - que directamente o alimentam.
Afonso Cautela

Lisboa, 17/10/1996
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(*) Texto elaborado durante a leitura dos livros seguintes:
«A Mais Bela História do Mundo», Ed. Gradiva, 1996
«A Mónada», Leibnitz, Imprensa Nacional
«O Fim das Certezas», Ilya Prigogine, Ed. Gradiva, 1966
«Manual dos Novos Médicos», Ted Andrews, Ed. Estampa, 1996

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