1-1-caos-1>nucleo12> acetatos – frontespícios – autoterapia – da epistemologia à naturologia – em demanda do novo paradigma
O CAOS DOS CIENTISTAS
19-8-1996
Ao analisar, a ciência profana reduz e, portanto, mata.
O holístico, o global, o sistémico, o total não resiste à sistemática fragmentação a que a ciência analítica o submete. À fragmentação do Todo em partes separadas. Especialmente se é do universo humano que falamos.
O que separa jamais volta a unir o que separou, por mais que diga o contrário.
A abordagem holística coloca problemas de método que a ciência experimental nunca conseguirá ultrapassar.
As boas intenções de Fritjof Capra são pouco mais que boas intenções, embora para o estudioso das ciências sagradas seja lisonjeiro ver um físico atómico a dizer que o taoísmo já tinha pensado o que a física atómica hoje pensa.
Mas o discurso da chamada área quântica diz bem que os dois modos - Analítico e Holístico - são inconciliáveis, irreconciliáveis.
Caos verdadeiro e irreversível é a teoria do caos e todas as teorias surtas no âmbito da área que a ciência designa de quântica. ■
1-3 quinta-feira, 19 de Dezembro de 2002 capra > - livros na mão - notas de leitura
UMA HERESIA COM VINTE ANOS: A DANÇA CÓSMICA DE FRITJOF CAPRA(*)
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», em «Livros na Mão», série do autor, a 7 de Agosto de 1990
5/8/1990 [7-8-1990, in «A Capital»] - Há livros tão carregados de energia e consequências, que estabelecem à sua volta, após a fase de pânico, uma espécie de vácuo protector, de silêncio tácito, única forma que o sistema de referências e valores tem de se defender contra o implacável desafio que lhe é proposto e que o abala desde os alicerces.
«O Tao da Física», publicado em Londres, em 1975, pelo físico atómico Fritjof Capra - e que a editora Presença teve agora, vinte anos depois, a coragem de lançar em tradução portuguesa - , é um desses livros raros que só pode esperar dos poderes constituídos, nomeadamente da respeitável instituição científica, o vazio do silêncio, o silêncio do vazio (como diria um discípulo de Lao Tsé).
No entanto, cada página, cada parágrafo de «O Tao da Física»(*) - subintitulado «uma exploração dos paralelos entre a física moderna e o misticismo oriental » - suscita questões de tal maneira decisivas, importantes e vertiginosas para o futuro do sistema (que vive de ir matando os ecossistemas) e do próprio planeta Terra, com toda a carga humana a bordo, que se esperaria um debate constante, nos grandes «media», em torno deste explosivo concentrado de teses «revolucionárias», de questões de «alta voltagem energética»
O sistema leva um certo tempo a digerir o que o contesta - é certo - mas, num caso destes, vinte anos decorridos não será tempo demais para hesitarem ainda em dar o prémio Nobel ao físico atómico Fritjof Capra, exorcismando-o assim de todos os malefícios? Seria o suficiente para o neutralizar, darem-lhe uma cátedra na Universidade de Berkeley? Não será uma distracção muito perigosa para o poder científico - que inclui a microfísica no topo das suas glórias, e respectivas bombas termonucleares daí advenientes - não ter ainda conseguido calar este herege, recuperar este filósofo maldito, neutralizar este investigador suspeito de grave heresia, calar, pura e simplesmente calar este autor do diálogo entre a física do Tao e o Tao da física?...
Não serei eu, neste modesto espaço de jornal, a poder quebrar tamanha conspiração de silêncio, e muito menos a poder esgotar o inesgotável manancial de ideias que constitui o livro-manifesto de Capra. Tanto mais que ele, entretanto, já acrescentou, ao seu currículo, outro livro-manifesto, talvez ainda mais explosivo do que este - «Le Temps du Changement», na edição francesa da Rocher(1983) (**) - no qual analisa aquilo a que chama a abordagem «holística» da realidade, indo, neste caso, buscar a palavra «holística» à tradição hermética da Astrologia ... Pior a emenda que o soneto, como se vê.
Um sistema ideológico como o ocidental, tão homogéneo e totalitário na sua inquebrantável tirania, que leva vinte anos a digerir uma tese destas - o paralelismo óbvio entre ciência de ponta e o erradamente chamado «misticismo» oriental (hinduísmo, budismo, pensamento chinês, taoismo e zen, ocupam, em exaustivas descrições, toda a segunda parte da obra) - coloca-se definitivamente em causa, pelo menos quanto à sua capacidade digestiva e metabólica. Por muito duro e redondo que seja o «pedregulho» dado a comer pelo rebelde filósofo inglês, a verdade é que a truculenta instituição científica sempre revelou, para estas coisas, um estupendo estômago, mostrando que tem sabido recuperar quase tudo aquilo que a contesta. Quando não pode calar, compra. E quando não pode comprar, manda perseguir, até que o autor seja «calado»(enjaulado num «gulag» psiquiátrico, por exemplo). Os poucos investigadores que escaparam a esta lei da «linchagem» - como é o caso, por exemplo, de Ivan Illich, que continua a constituir a maior carga subversiva que alguma vez o sistema teve de suportar - , vivem como autores de livros uma existência larvar, na semi-clandestinidade.
Capra parece-me gozar desse estatuto privilegiado: a seu respeito continua a manter-se um «muro de silêncio», muro que só a sua outra qualidade, de especialista na área da microfísica nuclear, impede que seja tão espesso e intransponível.
«O Tao da Física» está aí, em tradução portuguesa, (bastante correcta, diga-se de passagem, nos pontos nevrálgicos), sujeito a todas as contingências do marketing editorial, que tanto promove como derruba, conforme a «conjuntura. Aí está «O Tao da Física», silenciado mas capaz das mil leituras e das mil discussões que os espíritos livres dos investigadores independentes (se é que ainda os há) teriam o maior gozo, prazer e empenho em realizar. O resto não é com Capra. É pura e simplesmente connosco e com o nosso senso mínimo da dignidade intelectual.
CLARIDADE CARTESIANA
De uma claridade cartesiana, o discurso de Fritjof Capra ilustra racionalmente a realidade. Mas não conclui que todo o real é racional e que todo o racional é real, como fizeram hegelianos e neo-hegelianos das últimas fornadas na filosofia ocidental. Capra aceitou o desafio daquilo a que chama, de forma um tanto abusiva e simplista, as «místicas» orientais, e postula zonas do real que se espraiam, como um oceano de ritmos, para lá das praias amenas que a ciência estuda, para lá das baias limitativas e simplórias do racionalismo cartesiano, do idealismo hegeliano e «tutti quanti». Quer o Zen quer o Tao, são exactamente o contrário da mística e da metafísica, e mesmo o seu melhor e único antídoto.
No prefácio da primeira edição, o autor confessa, de forma quase lírica, como a intuição dessa realidade profunda (que é uma profunda unidade de todas as coisas, feita de relações mais do que de conteúdos) o apanhou, numa tarde Verão, à beira-mar, e o tocou, sem alterar as suas convicções de físico atómico, antes as confirmando e ampliando: «Sendo um físico - escreve Capra - eu sabia que areia, rochas, águas e ar que me rodeavam são feitas de moléculas e átomos vibrantes (...) Tudo isto me era familiar pela minha investigação na física das altas energias, mas até ali só tinha sentido isso através de gráficos, diagramas e teorias matemáticas. Sentado na praia, as minhas anteriores experiências vivificavam-se: «vi» cascatas de energia descendo de um espaço externo, onde as partículas eram criadas e destruídas ritmicamente; «vi» os átomos dos elementos e os do meu corpo participando nesta dança cósmica de energia; «senti» o meu ritmo e ouvi o seu som, e nesse momento soube que era a Dança de Shiva, o Senhor dos Dançarinos adorado pelos hindus.»
Definida assim, pelo próprio autor - em palavras que mais ninguém podia subscrever, porque a «experiência interior» é pessoal e intransmissível - a intuição central de Capra tem, como se calcula, incalculáveis consequências para ele( apanhado em um daqueles momentos-limite existenciais que decidem de uma vida inteira) mas também para a ciência que cultiva e para o sistema cultural a que deve obediência. Um verdadeiro drama. A estes momentos únicos de hecatombe interior há quem chame momentos de «iluminação».
Neste sentido, Capra é um autor sincero, pois bem podia ter ficado calado, continuando a jogar conforme as regras do jogo estabelecido, em vem de obedecer às motivações profundas da sua consciência moral, abalada nos alicerces. Só assim se poderá compreender que ele ousasse desafiar, com teses heréticas e extremamente perigosas para a sua segurança pessoal, o sistema, permanecendo assalariado do próprio sistema: o mundo organizado, pré-programado e totalitário da instituição científica.
INSTITUIÇÃO IMPERTURBÁVEL
Mas a instituição parece não ter ainda percebido o enorme serviço que Capra lhe prestou com esta sua «ousadia». É que, feitas as contas, medindo os prós e os contras, não se sabe quem mais beneficiou deste súbito «aggiornamento»: se a ciência ocidental (à beira do descrédito pelas desastrosas consequências ecológicas já hoje indisfarçáveis), nomeadamente na sua especialidade de ponta, a microfísica nuclear, - se a sabedoria oriental, que nunca oscilou um milímetro, ao longo de mais de sete milénios. Limitou-se a ser ignorada dos filósofos socráticos e pós socráticos, o que só a prestigia e em nada a afecta. Antes, com Heraclito e Parménides, o próprio Capra não deixa de identificar as inúmeras afinidades entre estes pensadores ditos pré-socráticos, e a dialéctica do taoísmo, essencialmente movimento.
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(*) «O Tao da Física», Fritjof Capra, Ed. Presença
(**) «Le Temps du Changement», Fritfoj Capra, Editions du Rocher, Monaco, 1983
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(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», em «Livros na Mão», série do autor, a 7 de Agosto de 1990 ■
1-2- 88-11-26-ls> quinta-feira, 19 de Dezembro de 2002-scan
NA «ERA DA TRANSMUTAÇÃO» O PARADIGMA PERDIDO(*)
(*) Este texto de Afonso Cautela, quase cinco estrelas, foi publicado no jornal «A Capital», em 26 de Novembro de 1988
[ 26-11-1988, in «A Capital»] – 1 - Na transição para o terceiro milénio e para a era do Aquário, é a abordagem holística, imediatamente após a abordagem ecológica, o instrumento metodológico adequado à complexidade dos problemas que a civilização tecnológica, completamente cega ao ambiente que a rodeia, tem provocado.
A abordagem ecológica é, no momento de transição, a pedra angular para não perder o pé da realidade e poder realizar o salto para o espírito sem cair no angelismo idealista dos pseudo-espiritualismos que hoje igualmente inflacionam o mercado.
2 - A abordagem holística da realidade põe fim a uma ilusão estrutural do próprio sistema que vive de ir matando os ecossistemas.
Consiste essa ilusão em «correr constantemente para metas que constantemente se vão afastando».
É o espectáculo pornográfico da concorrência, alimentado por teorias «científicas» como o darwinismo, que invadiu praticamente todo o panorama do mundo contemporâneo, a Leste e a Oeste, onde o paradigma logarítmico do desenvolvimento provoca necessariamente a destruição maciça e inevitável dos recursos naturais.
No mito das metas a alcançar, reside um dos vícios fundamentais em que assenta a civilização tecnológica: e nada adiantam reformas sectoriais no Ambiente, com políticas reformistas de anti-poluição, se todo o sistema continuar a ser minado por vícios estruturais como esse.
«Os Cavalos também se Abatem», romance de Horace Mc Coy (1962), ilustra este vício estrutural da civilização industrial, sem renunciar ao qual essa civilização poucos mais anos poderá sobreviver à falta de recursos naturais que explorar.
Sem um paradigma (ecológico à partida, enquanto radicalização da realidade histórica e holístico nos objectivos e nos programas de acção política), que retome os mais antigos paradigmas das mais altas civilizações da Terra, o planeta continuará a sua marcha para o abismo da autodestruição. Não é por acaso que filósofos como Garaudy apelam às fontes orientais da Sabedoria e historiadores, como Toynbee, ao diálogo das civilizações.
Não é por acaso, também, que um dos mais conhecidos «contemporâneos do futuro», o profeta Ernest Frederich Schumacher, apontou, na sua obra «Small Is Beautiful», a «economia budista» como modelo alternativo de vida à economia tecnocrática actual.
3 - A crise ecológica e os problemas de ambiente não surgem por acidente, no contexto da civilização europeia e devem ser consideradas questões estruturais do modelo ideológico (ou «paradigma», Edgar Morin) que, através dos séculos, preside à história do mundo ocidental (ver Fritjof Capra, in «A Era Transmutação»).
A abordagem ecológica da realidade implica assim, incessantemente, uma intervenção de maior ou menor alcance no modelo cultural vigente, ou, dito de outro modo, na ideologia dominante.
Não se trata de mudar alguma coisa à superfície para deixar, na essência, tudo na mesma, mas de dar um contributo à «mudança».
Note-se que a mudança, no sistema totalitário que caracteriza a cultura europeia e ocidental, só poderá fazer-se pela criação de alternativas paralelas (de autarcia e auto-suficiência) à sociedade estabelecida.
4 - Conta-se a ciência entre os subsistemas do sistema cultural vigente, pelo que a crítica da ciência estabelecida, servindo esta incriticamente o sistema, se inscreve entre as primeiras «démarches» da abordagem ecológica.
Não se trata de ir contra a ciência, mas de mostrar que a ciência actual, submetida como está às forças económicas e políticas, não pode ter a independência suficiente para se distanciar dessas forças a quem deve total submissão.
A ciência é financiada pelo Estado ou pelas multinacionais, que são entidades super-estados. O mecenato constitui-se hoje como política dos países europeus que dizem, assim, servir a cultura e as artes.
A Ecologia não poderá, enquanto constelação de ideias, incluir-se então nesse conceito de cultura «dependente», já que a independência do sistema económico é condição «sine qua non» de uma abordagem ecológica, necessariamente crítica do sistema estabelecido, sistema que é «causa rerum» da chamada crise ecológica.
5 - A ideologia, traduzida através do discurso dominante em todos os «mass media», é outro objecto fundamental da abordagem ecológica, enquanto análise do sistema que vive de ir matando os ecossistemas.
A abordagem ecológica da realidade política, económica, cultural, artística, literária, desportiva, implica uma análise crítica do discurso e das mitologias que efectivamente sustentam o sistema biocida.
Mathias Finger, da Eco-Ropa (organização fundada por Denis de Rougemont) fala de uma «tanatocracia», da palavra «tanatos», morte, que na «Frente Ecológica» temos designado por «biocídio» nas suas variantes de homicídio e etnocídio qualificados.
6 - A procura holística da unidade universal no mundo fragmentário dos reducionismos e sectarismos, tem, como qualquer outra construção do espírito, riscos que a capacidade humana não consegue, por vezes, evitar.
O «holismo» é necessário, é mesmo condição «sine que non» da sobrevivência planetária e humana, mas espreitam-no perigos e erros, acidentes de percurso: «abstraccionismo», «materialismo espiritual» (Chogyam Trungpa), «dogmatismo», «angelismo», «irrealismo», etc. são alguns desses erros.
Correndo esses riscos, o «holismo» terá, como corrente fundamental deste nosso tempo, que reforçar o seu peso na mentalidade contemporânea, corrigindo os excessos de divisionismo e fraccionamento que levou, de facto, longe de mais a pulverização da realidade, a «atomização da realidade» (Lanza dal Vasto).
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(*) Este texto de Afonso Cautela, quase cinco estrelas, foi publicado no jornal «A Capital», em 26 de Novembro de 1988■
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AVENTURAS E DESVENTURAS DO NOVO PARADIGMA: O CONTRIBUTO DE GUILLÉ
Lisboa, 20/6/1997 - Quando a abordagem de um novo paradigma de pensamento ainda dava pena de prisão e sentença de morte - as inquisições nunca dormem! - o aparecimento de alguns filósofos e pensadores aparentemente insatisfeitos com o paradigma vigente - MMM (Merda, Morte e Mentira) - foi considerada um acto de coragem. E era.
Fritjof Capra elogiando as virtudes «científicas» do taoísmo (1) , o sr. Jeremy Rifkim, desmontando, em «Entropia» (2), os mecanismos autodestrutivos do macrosistema vigente (o tal que vive de ir matando os ecossistemas) ou mesmo Teilhard de Chardin, armado em «charneira» entre o mundo da ciência analítica (a que alguns chamam ordinária) e as grandes sínteses cósmicas (cosmogonias), todos esses livros e autores pareciam trazer o suporte de ideias que faltava à anunciada Nova Idade, a profetizada Era do Aquário, a ansiada Nova Idade de Ouro, único antídoto contra o apocalipse.
A expressão «novo paradigma», inclusive, começou a ganhar terreno com a obra ensaística de Edgar Morin.
Cedo, porém, se verificou que esses prudentes e cautelosos autores de ponte só iam até onde o sistema - podre - os deixava ir. No campo santo da Santa Ecologia, proliferaram os simulacros de Novo (paradigma de)Pensamento. Davam uma no cravo, mas davam logo a seguir trinta na ferradura, de contrário arriscavam-se a perder o emprego. Única excepção conhecida: o filósofo Ivan Illich, eterno resistente.
Quando surgiu a obra de Etienne Guillé, já se poderia dizer, com toda a desconfiança, que também cheirava a esturro, como os anteriores autores virados para o novo paradigma.
Uma análise mais atenta do contributo Guillé, porém, viria mostrar que era, realmente, o único capaz de assegurar a ponte entre os dois paradigmas. E que não havia tempo a perder.
Errado. Afinal, em todos estes anos, desde 1983, ano em que foi publicada a 1ª edição de «L'Alchimie de la Vie», (3) primeiro livro de Etienne Guillé, pouco ou nada se fez, a nível planetário, para aproveitar o legado insubstituível de Etienne Guillé. Os proliferantes aproveitamentos da sua obra para fins terapêuticos, inclusive alguns autores de livros que se desenvolveram à sombra do pensamento de Etienne Guillé (*), como foi o caso de Guy Londchamp, serviram, mais uma vez, o sistema estabelecido, em vez de o ultrapassar.
É de notar um autor, Guy Londechamp(4) , cujo primeiro livro apareceu nas edições Miexon, de Paris, em relação estreita com Patrice Kerviel e em que o segundo livro, «L'Homme Vibratoire» procedia ao aproveitamento das melhores teses holísticas de Etienne Guillé para as colocar, um pouco sectorialmente e de maneira redutora, ao serviço do sistema estabelecido - ou seja, o assistanato da sintomatologia ou a sintomatologia do assistanato: o aproveitamento para fins de terapia específica, e muito pouco ou nada holística, do melhor da holística de Etienne Guillé. Tal como acontece com os anteriores «autores de ponta e de ponte», Guy Londechamp cria, como médico, uma certa expectativa com a assumida atitude crítica em relação ao sistema de MMM em geral e ao sistema do assistanato em particular.
Preocupa-se com a destruição dos ecossistemas - claro! - mas quem não se preocupa hoje com os ecossistemas , principalmente os principais autores e actores da sua destruição?
Claro que Guy Londechamp faz críticas ao arcaísmo de um paradigma médico que continua a considerar a doença uma questão de vírus ou de bacilo, sem jamais questionar o terreno orgânico, onde, em matéria de saúde e doença, tudo se passa.
Claro que Guy Londechamp se mostra actualizado com os «avanços da ciência» na área quântica e em relação às descobertas da microfísica que, afinal, até confirma o que o taoísmo já dizia.
Mas a verdade é que fica pelo beicinho com a auriculoterapia de Nogier, o que, não sendo muito, também não é um caminho que leve à necessária abertura holística da medicina, como os novos tempos impõem e exigem.
O sistema que vive de ir matando os ecossistemas, levou longe demais as suas próprias premissas de MMM para que a passagem se possa fazer com algumas críticas de pormenor ou superfície, deixando o fundo da questão (MMM) inalterável.
No campo da Ecologia, a estratégia das ecoalternativas foi totalmente silenciada e recuperada. No campo da filosofia, os epistemólogos e outros antropófagos, igualmente recuperaram o sistema dizendo que o contestavam. Além de Etienne Guillé, talvez um só pensador - Jean Baudrillard(*) - tenha conseguido escapar à contaminação, não ser perverso e não fazer o frete ao sistema.
Em matéria de contaminações, estejamos seguros que o establishment ainda não esgotou todas as reservas de miasmas que tinha para arrasar este pobre e triste Planeta.
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(1) «O Tao da Física», Fritoj Capra, Ed. Presença, Lisboa,
(2) «Entropia - Uma Visão Nova do Mundo», Jeremy Rifkim, Ed. Universidade do Algarve, Faro, s/d
(3) «L'Alchimie de la Vie», Etienne Guillé, Ed. Rocher, Paris, 1983
(5) «Simulacros e Simulação», Jean Baudrillard, Ed. Relógio d'Água, Lisboa, 1991
(4) «L'Homme Vibratoire», Guy Londechamp, Ed. Amrita, Paris, 1994■
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