terça-feira, 12 de abril de 2011

GURDJIEFF COM A AJUDA DE PAUWELS



gurdjieff> inéditos favoritos

PENSADORES 2013

 RELENDO GURDJIEFF COM A AJUDA DE PAUWELS

 ANTECEDENTES DA HIPÓTESE VIBRATÓRIA

 INTUIÇÕES AC 1964
+
domingo, 15 de Setembro de 2002

fv - [inédito 1964]

A BESTA ADORMECIDA

Sob a influência da leitura de «Monsieur Gurdjieff», de Louis Pauwels

A neurose ou habitat neurótico
Alienado às forças que o manejam, comandado por causas que desconhece, mistificado por mitos que inconsciente ou involuntariamente alimenta e coadjuva, o homem das sociedades industriais (a leste e a oeste, capitalistas e socialistas), por muitos desportos que pratique, por muitas olimpíadas em que participe, por muita tecnologia que o conforte e muitos ideais de propaganda que o embalem, por muitos governos que o sirvam mas que ele acaba por servir, é apenas um drogado, dormindo um interminável sono cataléptico, letárgico ou sonambúlico.
A máquina humana funciona apenas e sempre de meio para servir fins alheios, de objecto para uso dos que, em nome da pátria, do progresso, de deus, do partido, da classe, da liberdade, etc,. dele se servem.
Atrofiado ou hipertrofiado, conforme importa ou interessa às instituições que a usam, alienada a tudo o que a transforma de sujeito em mero objecto ou utensílio, a chamada «máquina humana» -- como dizem os cientistas da fisiologia!... -- que os humanistas designam de maravilhosa, é para cada indivíduo, à mercê de todos os «humanistas», apenas um pesadelo, uma doença, um fardo. O desporto -- mentira máxima dos humanistas -- não se destina a desenvolver a máquina e a coordenar-lhe harmoniosamente as funções mas apenas a fazer dela a máquina de competições» que sirva nas pistas e estádios + ou - olímpicos.
O desporto, no clima de alienação geral, é apenas uma fábrica de mitos com que se jugulam massas ou se estabelece competição de homem para homem, de região para região, de cidade para cidade, de país para país, de continente para continente.
O desporto é mais uma forma (uma força) de alienação, uma forma de distrair e adiar, de adiar e distrair, de tornar dóceis grandes massas humanas para os fins últimos que as potências se propõem, de as escravizar à vontade dos que (hipocritamente em nome delas) delas decidem.
O habitante das sociedades hiper(des)organizadas, dorme. Este sono, porém, não tem o carácter de um sono sadio e reparador (restaurador de energias) mas sim o carácter mórbido de uma intoxicação colectiva.
Karen Horney chamou-lhe a «personalidade neurótica do nosso tempo», mas não é necessário perfilhar a doutrina psicanalítica para reconhecer um estado ou clima geral para o qual os homens procuram remédio em (paradoxalmente) mil outras formas de sono, esquecimento ou intoxicação: álcool, drogas, estupefacientes, religiões, ópios -- eis os sonos a que recorre para não se lembrar que dorme. Ainda que inconsciente, o estado de alienação é para ele insuportável e procura derivativos, ersatzs que o adormeçam e entorpeçam mais profunda, mais completamente.
Neste contexto, se algum há com «forças para reagir» é ele afinal que adquire sintomas neuróticos. O que reage, por uma explosão ou descontrole de nervos, por uma revolta ou inconformismo sistemáticos, às condições mórbidas do ambiente, à sociedade doente, o que resiste e reage, é afinal o inadaptado.
O que surge nas clínicas para curar a sua «neurose» é efectivamente o amoral e às vezes o suicida, o que ainda possui demasiada saúde ou individualidade, o que procura «curas de sono» porque tem ainda consciência do sono colectivo. Para os que se julgam sãos, é ele o doente.
Mas para quem saiba que doente é a sociedade e doentes os que se incorporam nela sem desajustes e sem resistência e sem crítica e sem relutância -- facilmente se concluirá que os neuróticos ou normais são ainda, no meio da demência colectiva, os únicos sãos.
Pensaram alguns que, se na sociedade está a doença, ninguém individualmente poderá nada contra um estado de coisas colectivo. Freud e a psicanálise, Mesmer e o magnetismo animal, por exemplo, teriam sido tentativas, historicamente localizadas mas frustradas, de curar as neuroses individuais.
Pensaram outros, entretanto, que a político-terapia seria um caminho, porque só transformando politicamente as sociedades, o indivíduo poderá curar-se.
Até agora e entretanto, porém, as soluções políticas totalitárias assemelham-se muito àquela receita panglossiana que para curar a dor de cabeça manda cortá-la. Cortando o mal pela raiz, as soluções totalitárias teriam suposto que eliminavam o mal -- a neurose generalizada -- apenas porque eliminaram de facto o sujeito ou indivíduo. Se era isso o que se pretendia (o que vinte séculos de retórica humanista judaico-cristã pretenderam com a exaltação do indivíduo e da «pessoa humana») então já o conseguiram. E acabaram-se os problemas.
-----
(*) Repescagem de 1964 em 1989

+
1-2 - domingo, 22 de Dezembro de 2002-scan

À MARGEM DO LIVRO «MONSIEUR GURDJIEFF»

A DOENÇA DA CIVILIZAÇÃO (*)

[29-8-1963 , in «Diário de Notícias» (Lisboa) ] - A neurose ou nevrose generalizada de que sofre toda ou quase toda a humanidade dita civilizada traduz-se principalmente e em ultima análise na doença da vontade, na sua como que atrofia secular, agravada pelo peso e pesadelo de uma educação cada vez mais atrofiante e de uma guerra de nervos à escala mundial cada vez mais aterradora ou terrorística. A vontade não é vontade, mas um simulacro de vontade.

Como diria Gurdjieff, nós não temos vontade, temos desejos, que, por sua vez, não passam de hábitos disfarçados. Algo nos move, não somos nós que nos movemos. Por isso auto-móveis são os propriamente ditos e não nós...

O principal problema que o médico alienista ( psiquiatra, psicanalista) hoje defronta é, pois, o da vontade, que foi e continua sendo um objecto de estudo e nada mais; estuda-se, subdivide-se, fazem-se tratados e filosofa-se sobre a vontade, sabe-se tudo ou quase tudo acerca dela menos como usá-la, menos como ter vontade.

« A cette époque, il me semblait que la manque de volonté était la «bête noire» dans le traitement des nevroses.» - afirma, em 1927, o doutor Young, discípulo de Jung. E é a seu propósito que Louis Pauwels escreve na página 182 do livro(1) que estamos referindo: «alguns anos após de aprofundamento e aplicação da psicanálise, ele (refere-se a Young) põe a única questão importante, aquela que Jung não ousa enfrentar, nem, por maioria de razão, Freud: a questão da vontade.

Não se trata, evidentemente, desta vontade descrita nos manuais de psicologia clássica, mas se assim se pode dizer, da vontade da vontade, ou, noutros termos, da mola número um da libertação do homem.»

NEVROSE GENERALIZADA

A nevrose generalizada é um facto conhecido e reconhecido pelos médicos alienistas.

«Toda a gente sofre dos nervos» - seria a expressão comum com que se banalizou uma das mais trágicas realidades do nosso tempo, realidade contra a qual pouco podem as forças até agora desencadeadas para a combater. A ciência médica parece que teria continuado aliás mais empenhada em defender dogmas teóricos do que em curar doentes, a fazer fé no que afirma ainda o dr Young na página 181 do livro «Monsieur Gurdjieff»:

«Eu estava, sem dúvida. um pouco desencorajado pela inconsistência e ambiguidade dos resultados da terapêutica analítica, comparados aos resultados concretos da cirurgia que eu próprio tinha praticado bastante, antes e durante a guerra.

«Este desencorajamento profundo era agravado pelos cantos de júbilo dos sectários obtusos que aclamavam uma técnica esclerosada logo que inventada, e também pelas discussões dos meus confrades analistas, mais preocupados em defender pontos de vista dogmáticos do que em curar os doentes. A cura, para os mais eminentes, parecia ter-se tornado um problema imediatamente sem interesse e eu começava a encontrar-me, com desespero, entre os cépticos que modificando os termos da brincadeira clássica: «A operação foi um êxito mas o paciente morreu», lançavam a fórmula: «A análise foi um êxito, mas o paciente suicidou-se.» Em resumo, a psicologia moderna parecia-me pretender muito como ciência e por aí se tornava ridícula e muito pouco como arte e por aí se empobrecia.»

Perante este e outros testemunhos, é que parece justificada uma crescente sensação de logro perante a medicina oficial. O grande e maior problema, a grande e maior doença, é a da vontade. No entanto a ciência até hoje nada fez, nada faz , nada consta que esteja resolvida a fazer, de prático, de efectivo, de realmente eficaz na sua terapêutica. Espécie de peste do nosso tempo, a « epidemia» neurótica, ao lado do cancro generalizado pela progressiva viciação do ar respirável - eis as doenças da Hipercivilização contra as quais a ciência hipercivilizada continua impotente.

Não se pretendendo recusar à ciência revelada, oficial ou académica, os poderes que efectivamente tem para debelar outros tipos de doença que não sejam as «doenças da civilização», cremos que, quanto a estas, ia sendo tempo de pedir à ciência académica que abrisse os olhos e percebesse que outros caminhos, extra-académicos , se terão de abrir.
----

(') Louis Pauwels , «Monsieur Gurdjieff,» - documentos, testemunhos, textos e comentários sobre uma sociedade iniciática contemporânea - Editions, du Seuil, Paris, 1954.
----

(*) Este texto de Afonso Cautela, 5 estrelas pela antecipação das intuições fulcrais, foi publicado no suplemento literário do «Diário de Notícias», dirigido então por Natércia Freire que lá me acolhia os textos. Foi publicado no dia 29 –8-1963 ♦



LINKS RELACIONADOS:

http://countdown-2012-artigot.blogspot.com/2008/01/hiptese-ovni-1978.html

http://www.catbox.info/catbooks/+the-way-pdf+/Guiao-0-GF-HV.pdf

http://www.catbox.info/catbooks/+the-way-pdf+/zen-2-ac-mc.pdf

http://ecologiaemdialogo.blogspot.com/2009/02/abjeccao-1961.html

http://www.catbox.info/catbooks/+the-way-pdf+/Episte-1-8-SW-BA+Capa.pdf




sexta-feira, 8 de abril de 2011

STANISLAV LEM: O FUNDO TOTALITÁRIO DA TECNOCRACIA




1-4 domingo, 7 de Dezembro de 2003 -lem-md-ls-gl>

merge de 3 files da série
lem-1> livros sobre livros - gato das letras 1ª linha - notas de leitura - diário de um leitor (des)atento


UM CRAQUE DA FICÇÃO MUNDIAL: A «GUERRA LIMPA» DE STANISLAW LEM (***)

10/7/1992 - O maior dos pequenos livros ultimamente editados entre nós, ou o mais pequeno dos maiores, poderia ser o «slogan» para celebrar o novo título aparecido na famosa colecção de capa negra, B, mantida pela Estampa há vários anos.
O polaco Stanislaw Lem apresenta-se na sua melhor forma, com esta «Biblioteca do Século XXI»(*), livro que, denso como um ovo, elimina de um trago muita literatura inútil e premiada, ao mesmo tempo que repõe a dignidade da ficção como técnica de conhecimento para lá dos limites do racional.
De repente, apenas com 156 páginas formato mini-bolso, temos consumado o processo da tenebrosa sociedade industrial, sem alibis que a defendam e justifiquem, totalmente a claro o fundo totalitário da tecnocracia, a violência intrínseca da tecnologia de ponta que, nascida da guerra e com ela aperfeiçoada, a ela retorna, para se autoreproduzir.
Ter-se servido da ficção científica para desmontar todo o abominável da sociedade industrial, é com certeza um dos motivos que fazem de Stanislaw Lem um autor de primeira fila entre os escritores de todos os tempos. Mas outros motivos há, como por exemplo a sua arte danada para condenar, de uma penada, ambos os termos do género -- «science fiction» -- em que teimam em catalogá-lo. De uma cajadada, mata ele dois coelhos: a ficção romanesca tal como a conhecemos, alfobre de intrigas (palacianas e/ou burguesas) para queimar tempo, e a ciência, na sua estrutural abjecção, mãe de todas as abjecções.
Não será este trabalho depurador de lixo o único mérito de Stanislaw Lem mas é, com certeza, um dos motivos que leva a preferi-lo por quem sabe que não tem tempo a perder com jogos de computador iguais a jogos de guerra. Stanislaw Lem enfileira entre os defensores do ambiente mais dotados e proveitosos. Ao inventariar a porcaria do nosso século -- inventário que constitui a matéria da tal «biblioteca do século XXI» a que se refere o título da obra --, ao realizar o que nenhum banco de dados teve a coragem ainda de fazer (meter a abjecção em computador), o autor realiza uma das operações mais vastas de higiene e profilaxia que já foram efectuadas. É a chamada «guerra limpa». Juntamente com o filme de Oshima «O Império dos Sentidos», mais o Pasolini de «As 120 Jornadas de Sodoma», era este o livro propedêutico que eu recomendava para prova geral de acesso às escolas. Infantes de todas as idades, incluindo políticos, devem lê-lo até à última das suas sóbrias 156 páginas, formato mini-bolso, como o breviário de todas as glórias a que aspiram. Livro pai de todos os livros, ou seja, a bíblia do apocalipse, «Biblioteca do Século XXI» põe o dedo na ferida, ao ficcionar a informação inflacionária de um mundo que tem, no bombardeamento de dados (e mensagens mediáticas) o contraponto lógico e ecológico dos bombardeamentos sobre o Iraque, para salvar a civilização ocidental, ou qualquer outro eventual alvo dos que serão sempre necessários para gastar munições.

O CONGESTIONAMENTO

Pergunta-se como consegue Stanislaw Lem, ao mesmo tempo, não nos nausear com tantos milhões de cadáveres e distanciar-nos o suficiente deles para sabermos quem os fabrica? Pelo processo clássico de todos os verdadeiros modernistas, podia ser a resposta: usando o Humor como categoria vectorial do Espírito e não levando jamais a sério nenhuma das solenes anedotas da «racionalidade» económica que nos rege. Pelo Humor, ele pulveriza também os cânones da ficção que mandam entrar a marquesa X, às cinco horas e meia, no fiacre que a conduzirá a casa de madame Y, tudo isto em, pelo menos, duas páginas de suculenta e barroca prosa. O truque manipulatório da ficção que enche não só os horários da televisão como a maior parte da torrente editorial que nos alimenta, é aqui, por omissão, tornado apenas um personagem de ficção irrisório. Aliás, com a perspectiva de escala -- a que os surrealistas, para facilitar, chamaram Humor, timbre da modernidade -- tudo faz de conta e o que conta é apenas o essencial: quer dizer, o que nunca foi nem será dito.
Lem serve-se da ficção para amortecer o choque das suas teses polémicas e chega a confessá-lo, com certa ingenuidade.
Não estamos, evidentemente, perante um autor de massas, nem sequer de elites, candidato a «best-seller», ou eventual premiado de um júri com maioria aritmética da APE. Lem é do contra, radical e definitivamente do contra, anda cá, na literatura e na vida, por acaso. Leu tudo o que a ciência deste tempo e mundo lhe deu para ler e desse cisco, desse lixo, devolve-nos o «flash» rápido que, à beira do abismo, nos permite ver em que abismo estamos à beira. O maior perigo deste perigoso iconoclasta vem do possível encorajamento que ele vai dar, que ele tem dado, a todos os autores «out-siders» que, por esse mundo, meteram as teses loucas na gaveta e desistiram de pensar, de escrever, de publicar.

UM «CRAQUE» DA FICÇÃO CIENTÍFICA

O que faz a diferença, como diz a publicidade, entre o escritor polaco e a divulgação científica corrente, ficará bem ilustrado se compararmos a forma como ele trata certos temas nestas narrativas e a forma como os mesmos são tratados (ou omitidos) em autores da moda como Carl Sagan (nas especulações de astronomia) ou Alvin Toffler (no capítulo dos computadores). O que faz a diferença é uma visão crítica por parte do escritor europeu face ao «beatismo» que transpira em todas as letras de Sagan (a vedeta) ou de Alvin Toffler, o advogado da terceira vaga.
Considerado por alguns analistas um dos maiores nomes da actual ficção científica, raramente ou nunca ele aparece em antologias e colecções portuguesas da especialidade. Com a honrosa e única excepção da «Caminho de Bolso», onde há quatro títulos(**) de Stanislaw Lem, um deles, -- número 1 da colecção, «Memórias Encontradas numa Banheira» -- dificílimo de encontrar. Os peritos em «sf» parece não engraçarem lá muito com ele e mesmo a colecção mais atenta ao fantástico de qualidade -- o «livro B», da Estampa -- só agora se lembra de Lem, ao atingir o número 53 e já depois de ter lançado alguns dos maiores nomes do fantástico, Vian, Bierce, Lovecraft, Allais, Lagerloff, Henry James, Nerval, Borges, etc. Mas não perdeu pela demora: com «A Biblioteca do Século XXI», denso que nem um ovo, podemos agora respirar a atmosfera sem ozono de Lem na melhor das companhias, planeta perfeitamente indicado num sistema solar de grandes estrelas.

A PERSPECTIVA DE ESCALA

Queiram ou não os puristas da «sf», há uma tese deliberada nas narrativas de Stanislaw Lem, que se poderia resumir assim: uma desmontagem ao modelo logarítmico do crescimento, mas uma desmontagem de tal modo global e simultaneamente pormenorizada, como se fosse feita ao telescópio de outro planeta, que se torna irrespondível por qualquer das sofísticas adrede preparadas, por onde e com as quais o sistema reinante se costuma escapar.
Levando às últimas consequências -- pelo truque da antecipação -- o absurdo da racionalidade científica, tecnológica e económica, inutiliza esse absurdo no plano teórico e, portanto, abre campo à construção inevitável de uma outra racionalidade. Se, à luz do simples bom senso ou mesmo do senso comum, é impossível ao modelo de crescimento continuar crescendo até ao infinito, basta ao escritor evidenciar as contradições que essa contradição inicial gera, para se ter um espectáculo verdadeiramente «fantástico».
Fictícia ou não, fantástica ou não, a tese de Stanislaw Lem (e seu segredo de Polichinelo) obriga-nos a alterar a óptica com que lemos os factos noticiados pelos «mass media». À luz deste seu ponto de vista -- com posto de observação em Marte -- a versão que temos e nos foi dada pelo sistema mediático mundial da última guerra do Golfo, por exemplo, é no mínimo irrisória. Quando vemos por dentro, com a ajuda de Lem, como funciona o sistema e que nada foi deixado ao acaso, o suspense vivido pelos 41 dias de guerra surge como uma descomunal montagem de teatro e nunca a expressão «palco de guerra» foi tão adequada. Tal como chegou a ser dito durante a Guerra do Golfo -- mas logo calado -- e tal como este «observador de Marte» nos adverte, o napalm caiu sobre o Iraque, enquanto o maior ênfase dos «media» era dado ao eventual ataque químico sobre Israel que, afinal, o Iraque não chegou a consumar...
O estratagema mostra-se eficaz: levando às últimas consequências a lógica interna do absurdo sistema do crescimento ilimitado e mostrando que o resultado só pode ser a sua autodestruição, o quadro de horror liofilizado (científico-cirúrgico) mostrado por Lem demonstra que a alegada racionalidade científica e tecnológica é, no médio e no longo prazo, a pura expressão do irracional. Quer dizer: do absurdo. E demonstra-o também «cirurgicamente», com anestesia, servindo-se das armas do inimigo.
-----
(*)«Biblioteca do Século XXI -- Novelas Fantásticas», Stanislaw Lem, Col. Livro B, Editorial Estampa
(**) «Memórias Encontradas numa Banheira», «Congresso Futurológico», «Viagens de Ijon Tichy» e «A Máscara», números 1, 31, 45 e 113 da Colecção «Caminho-Ficção Científica», Editorial Caminho
(***) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no jornal «A Capital», secção «Livros na Mão», 11/Junho/1991
+
lem-3> scan - quinta-feira, 20 de Junho de 2002

UM ESCRITOR SEM ESPERANÇA (*)
[(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário « Mar Alto», na rubrica Temas de Amanhã, em 19-7-1972]

No número 17 da revista Le Nouveau Planète (Julho de 1970), Jacques Bergier publica um estudo sobre a obra de Stanislaw Lem, autor polaco de ficção científica, jornalista de profissão e cujo pessimismo radical o distingue de quase todos os autores do género.
Jacques Bergier, que diz discordar das teses materialistas de Stanislaw Lem não deixa de lhe reconhecer um formidável talento de escritor e uma rara bagagem de cientista. Totalmente desconhecido em Portugal, Stanislaw Lem tem várias obras traduzidas para o francês
Retour das étoiles
L'Invasion venue d'Aldébaran ;
Edem;
L'Invincible ;
La Formule du professeur Limvatar.
Ed. Denoel : Journal das étoiles ; Le Livre des robots ; La Cybériade ; Solaris
Ed. Gallimard : Feu Vénus.
Resumindo as teses de Lem, podemos dizer que elas convergem sempre em um ponto: o universo é inexplicável e o homem vive mergulhado numa absoluta solidão cósmica, da qual não há saída nem esperança. Da qual não há futuro possível.
Ao contrário do postulado optimista que o racionalismo do século XIX divulgou até aos nossos dias, e segundo o qual o universo é cognoscível - só questão de dados adquiridos, pois mais cedo ou mais tarde o homem decifrará todos os enigmas que o cercam - Lem coloca as suas personagens perante barreiras intransponíveis. Principalmente barreiras de comunicação.
«O cérebro contém um calculador analógico podendo construir nos seus circuitos um modelo do universo que se deixa em seguida interpretar e que faz com que o universo possa sempre ser compreendido».
Este postulado, segundo Jacques Bergier, nem sempre é formulado tão nitidamente mas está sempre presente no espírito do cientista e constitui a sua razão de viver. Pensa-se que, se com a ajuda de máquinas extremamente caras, fornecermos ao cérebro humano dados suficientes sobre as partículas últimas da matéria, o cérebro humano poderá então compreender a matéria e, a partir desta matéria, tudo o resto.
Sempre, portanto, a mesma fé, a mesma convicção, a mesma crença: o cérebro é uma máquina que pode decifrar todo o universo, compreender tudo, sob a única condição de possuir dados. Precisará de computadores para compreender estes dados, relacioná-los e interpretá-los. mas a vitória final está assegurada.
Ora Stanislaw Lem contesta radicalmente essa crença, esse postulado e essa vitória. É mesmo - segundo Jacques Bergier - o primeiro escritor de science-fiction a rejeitar o que toda a ciência oficial tem como indiscutível e inabalável. E não o faz em volumes filosóficos de restrita audiência mas através de romances apaixonantes cuja tiragem global atinge milhões de exemplares em um grande número de línguas.
Stanislaw Lem como o professor Jacques Monod, prémio Nobel francês, como o professor Pierre Auger e como muitos outros espíritos, deve pensar que os limites da imaginação estão muito próximos e sofre com isso. Não retira nenhuma alegria do aspecto feérico e fantástico do Universo. Está bem longe da mentalidade do biologista inglês J.B.S. Haldane (materialista e marxista, também e todavia) que dizia: «Colecciono o que é realmente bizarro em química e física e nunca neglicencio nada».
O choque de pensamento entre posições opostas como as de Jacques Bergier (um teilhardiano convicto) e Stanislaw Lem (um marxista pouco ortodoxo) é não só um curioso espectáculo de tolerância intelectual mas um fascinante exemplo a seguir para quem deseja avançar em novas direcções a caminho do desconhecido : seja ele, o futuro, possível ou impossível.
- - - - -
(*) Este texto de Afonso Cautela foi publicado no semanário « Mar Alto», na rubrica Temas de Amanhã, em 19-7-1972
+
lem-2> gato das letras - 1ª linha


STANISLAW LEM: OBRAS EM EDIÇÃO PORTUGUESA

LEM, Stanislaw - Congresso Futurológico - 1ª Ed 86- Col. Caminho de Bolso - 192 Pág. - Ed. Caminho
LEM, Stanislaw - Fiasco - 1ª ed. 89 - Col. Nébula - 312 Pág. - Ed. Europa - América
LEM, Stanislaw - A Máscara - 1ª Ed 90 - Col. Caminho de Bolso - Série Ficção Científica - 194 Pág - Ed. Caminho
Lem, Stanislaw - Memórias Encontradas numa Banheira - 1ª Ed 84 - Col. Caminho de Bolso - Ed. Caminho
LEM, Stanislaw - Regresso das Estrelas - 1ª Ed 83 - Col. Livros de Bolso - Série Ficção Científica -188 Pág. - Ed. Europa América
LEM. Stanislaw - Solaris - 1ª Ed 83 - Col. Livros do Bolso - Série Ficção Científica - 184 Pág. - Europa América
LEM, Stanislaw - Viagens de Ijon Tichy - 1ª Ed 87 - Col. Caminho de Bolso - 192 Pág. - Ed. Caminho
LEM, Stanislaw - A Voz do Dono - 1ª Ed 85 - Col. Livros de Bolso - Série Ficção Científica - 144 Pág.- Ed. Europa-América
+

http://www.cyberiad.info/english/main.htm■

D.H.LAWRENCE: OS CAMINHOS DO MARAVILHOSO




lawrence-1> quinta-feira, 13 de Junho de 2002

solta ou em secção «releituras do acaso» - suplemento «Largo» - 3772 caracteres - hipóteses para ilustrar: retratos de D.H. Lawrence, Henry Miller, Henri Michaux, etc - correspondências mágicas - caminhos do maravilhoso - releituras do Acaso

VANGUARDA, REGRESSO ÀS ORIGENS

3/2/1992 - Em pintura, as aquisições da revolução modernista foram, quase sempre, a descoberta do que permanecera até então virgem dos olhos ocidentais do colonizador branco, no tempo e principalmente no espaço. E a arte dos chamados «povos primitivos» passou ao primeiro plano das revistas e casas da especialidade. Generalizou-se mesmo um snobismo do exótico, que houve aliás em todos os tempos mas a que a sensibilidade ocidental (europeia, norte-americana e satélites) se tem mostrado particularmente sensível, talvez com objectivos turísticos.
Apaixonado pelos padrões de vida diferentes do padrão Ocidental, o profeta e escritor de língua inglesa David Herbert Lawrence, deixou impregnar a sua obra de culturas alheias e quase adoptou como suas: o México de «A Serpente Emplumada», e a Austrália de «O Canguru».
Henry Miller, outro crítico implacável da «civilização» ocidental, adoptou como suas, outras culturas e outras obras. Manifesta, por exemplo, é a sua predilecção pela tradição dos magos e alquimistas, nomeadamente numa das obras capitais do seu pensamento, «Souvenirs, Souvenirs».
Henri Michaux -- pesquisador das realidades-limite, sempre em viagem fora e dentro de si, à procura de novas ópticas para compreender aspectos da realidade que a razão até agora não esgotou -- não inventou apenas países na sua imaginação, mas viveu em outros que se diriam «imaginários» de tão desconhecidos e desprezados. Michaux, que leu poetas chineses e místicos hindus, conferiu à poesia atribuições que muitos ignoram mas de que ele foi arauto e profeta. Será que sem essa universalidade, e essa gama de pesquisas nas mais diversas experiências, o poeta hoje já pouco ou nada tem a descobrir que valha a pena dizer ao homem da sociedade industrial, estandartizado pelos próprios produtos standart a que se reduziu todo o processo de criação?
Movidos quase só pelo exótico, recordam-se alguns autores que captaram de culturas não ocidentais os aspectos por vezes só exteriores mas que tinham afinidades com a sua própria linguagem: Venceslau de Moraes e Camilo Pessanha são casos bem conhecidos na literatura de autores portugueses.
Pode ser uma minoria de vinte milhões (os negros americanos dentro da população) ou apenas de algumas unidades. Mas o que define as minorias -- a solidariedade universal -- torna-as na soma e totalidade da (?) maioria absoluta. Só que, por distribuição irregular de riquezas, as minorias aparentes são as maiorias reais (em poder económico e político) e as minorias reais são as maiorias aparentes.
Exemplificando, na literatura: autores privilegiados, pertencentes à classe que pode e manda, monopolizam o direito de falar dos outros, dos próprios humilhados e ofendidos, do lumpen-proletariat, dos que não têm voz; monopolizam a voz dos que a não têm e deles, sobre eles, por eles falam.
Caryl Chessmann, Albertine Sarrazin, Violette Leduc, Jean Genet, surgidos da inframiséria que os privilegiados denominam abjecção, falam de si e por si. Mostram o avesso da sociedade luxuriante e luxuriosa. Quando procuramos, no deserto humano que constitui hoje o «convívio» tal como as empresas e o trabalho o estabeleceram, só nos perseguidos de todos os tempos encontramos, tanto como na música, a companhia não alienada, a companhia que não é ainda outra forma burlesca de solidão. Perseguidos e doentes, «out-siders» e franco-atiradores, segregados e famintos, de qualquer forma e por qualquer motivo o rebotalho da sociedade da pilhagem, as sobras da abundância, as migalhas do banquete.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

ALEXANDRA DAVID-NEEL NA BIBLIOTECA DO GATO



[publicado em «leituras de verão», eventualmente modificado] - neel > emcurso>-1043 caracteres - artes de viver - caminhos do maravilhoso – notas de leitura

ROTINA DO MILAGRE NA MAGIA TIBETANA

[13/5/1992 ] - O que vulgarmente se classifica de «mágico», acontece, em sociedades ainda ligadas às origens do Mundo, como um fenómeno normal de rotina.
Esta podia ser uma das conclusões a retirar do livro «Místicos e Mágicos do Tibete», da escritora Alexandra David-Neel, nascida em França, livro que se encontra em edição portuguesa das Publicações Europa-América(*)
O olhar que esta autora lança sobre o mistério tibetano é de um jornalista ou de um investigador científico, habituado ao nível racional e factual dos acontecimentos e sem ir muito além da casca ou superfície dos fenómenos. Ainda assim e se tivermos em conta que o Tibete (e o lamaísmo) já foi vítima de um «gangster» chamado Lobsang Rampa, pelo menos Alexandra David-Neel é honesta e de boa fé, com o mínimo de abertura a um tipo de sensibilidade completamente diferente da maneira de ser ocidental e a um fundo secular de sabedoria que nada tem a ver com os padrões em vigor nas tradições europeias.
Ela deixou-se apaixonar pela cultura tibetana e, se é certo que não compreende muito daquilo que observou, também é verdade que o mostra sem preconceitos, sem classificar de charlatanismo, como tantos fazem, tudo aquilo que não está à altura de compreender. É como se tivesse sido chamada à missão de divulgar no Ocidente a mais antiga tradição primordial viva. A sua vida tem sinais muito claros dessa predestinação, que ela, aliás, aceita e assume com a maior naturalidade. Ela percebeu, pelo menos, que nada acontece por acaso e que também a sua vida estava traçada... Alexandra David-Neel trouxe, assim, desse mundo «desconhecido e proibido» uma fabulosa amostra do tesouro que se contém no cofre do conhecimento milenar e secreto, a sabedoria prática (mágica) contida nas ciências ditas ocultas.
Nascida em Paris em 24 de Outubro de 1868, de uma família francesa protestante, faz a primeira escapadela para a Grã Bretanha aos dezassete anos. Estuda filosofia e línguas orientais. Uma manhã resolve ir para o Tibete, onde se iniciará no budismo. Até à guerra 1914-18, vem à Europa algumas vezes mas por pouco tempo. Da China aos Andes, muitas vezes a pé e como peregrina, atravessa todo o Tibete e conta essa experiência no livro «Viagem de uma Parisiense a Lassa». Bloqueada na China, durante a Segunda Guerra Mundial, volta a França com o filho adoptivo, o lama Yongden. Alexandra David-Neel morre em Digne, a 8 de Setembro de 1969, deixando duas dezenas de livros sobre o Tibete, o budismo e cultura oriental.
-----
(*) «No Rasto de Místicos e Mágicos do Tibete», Alexandra David-Neel, Publicações Europa América, Colecção «Portas do Desconhecido», nº 56

2589 caracteres lse=lembrete para o segundo encontro

30-7-1995

FAZER OU NÃO FAZER PRODÍGIOS:EIS A QUESTÃO

[ Diagrama 0]

* Os 3 níveis de leitura
* Acesso às fontes em directo
* Moisés era o Chico esperto da altura
* Milagres de Jesus

[ 30 /6/ 1995 ] - A questão ética dos prodígios talvez nunca chegue a ser questão. Alexandra David Neel quando visitou o Tibete, ficou seduzida pelas práticas mágicas que viu por toda a parte e julgou serem elas a prova da superioridade espiritual do budismo Nyingma.
O Egipto tornou-se meta de romagens, inclusive dos hebreus, inclusive de Moisés, porque constavam e davam brado os seus poderes de transformar varas em serpentes e vice-versa. Segundo conta Santo Estêvão, o próprio Moisés teria exibido essa faculdade do vice-versa com grande gáudio das multidões.
Os «milagres» de Jesus, ao lado disto, eram menos gratuitos, Já que, ao menos, tinham o ser humano no centro dos prodígios. Em 1917, na Cova da Iria a mania da magia (e dos prodígios) voltou a fazer história.
Não vale a pena querer fugir a esta fatalidade. O ser humano gosta de prodígios e ninguém acredita em quem não os fizer. A verdade é que a Magia se inscreve entre as 12 ciências sagradas dos egípcios. Mas seria o tarô, por exemplo, aproveitado com fins adivinhatórios? Ou tratar-se-ia, com o Tarô, do big problema dos 3 níveis de leitura :
1 - Tarô de bruxos para o povo
2 - Tarô simbólico para intelectuais
3 - Tarô iniciático para hierofantes
É neste acesso às fontes fidedignas que se coloca a hesitação do estudioso, quando aborda o Tarô.
Com a ajuda do Pêndulo e de Etienne, há a mínima hipótese de chegar a perceber, ao menos, porque é que os prodígios são tão queridos do ser humano e porque é que aquele que um dia é capaz de os fazer, já não está espiritualmente nada interessado em fazê-lo.
A vara de Moises seria, sem abusar da lógica, a fase degenerativa ou, pelo contrário, pré-histórica do radiestesista ou rabdomante?
Conta a história pró-moisaica que a vara ou serpente de Moisés teria engolido as varas ou serpentes dos egípcios, da mesma forma que os seus poderes mágicos eram declarados superiores aos dos egípcios.
Egípcios e hebreus mediam, assim, forças, com varas. Restando saber se eram de pau de marmeleiro e para fins de porrada uns nos outros, ou se eram, com a mania das magias, para teledetectar ou tele-adivinhar alguma coisa.
Na época de Moisés, o mais provável é que já se vivesse um declínio muito acentuado das práticas mágicas. E que a verdadeira vara detectora já estivesse esquecida nas brumas do passado. ■

segunda-feira, 4 de abril de 2011

SERGE HUTIN NA BIBLIOTECA DO GATO






ddi-1> diário de ideias

A LINHA DE EVOLUÇÃO HISTÓRICA, COMO TEM SIDO DITO, É CÍCLICA.

«Considerando que o nosso planeta não se encontra isolado das linhas gerais de evolução do sistema solar da galáxia, para não falar de todo o universo...»
Serge Hutin, «Governantes Invisíveis», Ed. Hemus, São Paulo,


2/3/1999 - A linha de evolução histórica, como tem sido dito, é cíclica.
Com altos e baixos, portanto...
Neste ano de 1999, verifica-se que, no mundo manifesto dos acontecimentos, aquilo que transparece para jornais e telejornais, as notícias do ciclo ascendente não só igualam como já ultrapassam, em número, as do ciclo descendente.
E não é dizer pouco, quando sabemos que as notícias são filtradas pelo índice de sucesso que podem ter junto do público.
E que é a desgraça, o derrotismo e a tragédia que fazem vender papel e aumentar audiências.
Se jornais e telejornais são coagidos a dar relevo, cada vez mais relevo ao que tradicionalmente é de menos sucesso público, alguma coisa, alguma vaga de fundo se verifica.
Finalmente. ■
+

ddi-2> diário de ideias


CRIA FAMA E DEITA-TE A DORMIR
2/3/1999 - Uma certa lenda, uma certa mitologia sobre sociedades secretas , pode não corresponder a factos e realidades de facto. Mas serve, sem dúvida, a algumas organizações que, ao abrigo de terem criado fama de secretas ou semi-secretas ou apenas discretas, é dessa aura que vão vivendo, prosperando e, principalmente, ganhando poder.
Cria medo e põe-te a dormir. O provérbio serve perfeitamente a esta circunstância - em que as sociedades secretas aumentam de fama e poder quanto maior é a fama de serem fortes, poderosas e, principalmente, de agirem na sombra.
Também aqui, o segredo é a alma do negócio.
A teoria conspirativa da história poderá não passar de teoria, mas está a ser hoje largamente aproveitada pelas redes de crime organizado que, para lá do poder que já possuem, o multiplicam, exactamente, na medida do secretismo com que actuam.
Frase a reter do livro « Governantes Invisíveis» de Serge Hutin, Ed. Hemus, São Paulo, 1972 :
«Examinando a história humana do ponto de vista de Sírius, ou seja, do ponto de vista mais impessoal e geral...»
+
2170 caracteres - 2 páginas - - transcrição doc de um único file wri com o nome < digitos1> - diário de uma descoberta - diário de um aprendiz - o alfabeto luminoso
+
2108 caracteres digitos1>adn>

COINCIDÊNCIAS E CORRESPONDÊNCIAS

Coincidências com Números
* Em 1616, um Adepto anónimo publicava uma obra hermética «As Núpcias Químicas», na qual pretendia dar a chave da alquimia por um cálculo cabalístico. Ele substituía as letras da palavra Alquimia por seu valor numeral, ou seja, A= 1, L= 12, C= 3, H = 8, I = 9, M =13, I = 9,, A = 1 , o que dá um total de 56. Ora, 56 é o peso atómico do Ferro (J. Sadoul, 239)
* Talvez tenham ocorrido colisões ainda mais terríveis, sendo lícito imaginar que o Mar do Japão, a Baía de Hudson e o Mar de Weddell sejam de origem semelhante. A ser exacta esta hipótese, as energias teriam sido da astronómica ordem de 10 33 , número que, em si, não é eloquente, pois corresponde a um quarto de energia emitida pelo sol num segundo, ou à conversão, na proporção de cem por cento, de um milhão de toneladas de matéria em energia ( OHE, 84]

* STONEHENGE: A aproximação mais satisfatória, como rapidamente o demonstrou o cálculo, é um grande ciclo 19, 19, 18. O leitor pode fazer o cálculo. Obtém-se 56, ou seja, quantas as cavidades de Aubrey (no solo de Stonehenge). Note-se que o número de 56, que vemos assim aparecer pela primeira vez na história da humanidade, é o número da Alquimia, a massa do isótopo estável do Ferro (OHE, 114)

* Existem 48 tipos de palavras, decompostas em duas vezes 24, número-chave do mundo. Assim, a cada palavra corresponde um acto, uma técnica, uma instituição, ou um elemento de criação. (OHE, 119)

* Na escrita enigmática da Ilha de Páscoa, Alfredo Métraux vê uma série mnemónica para uso dos bardos. Barthel observa que os 120 sinais deste sistema escritural gráfico produzem de 1500 a 2000 combinações. (OHE, 121)

* Serge Hutin (Les Gnostiques) «adicionando os respectivos valores numéricos das letras gregas da palavra abraxas ou abrasax - visto que no grego os algarismos eram representados por letras - o número obtido era 365, que também é o valor de Mitra e corresponde, a um tempo, ao número de círculos aparentemente descritos pelo Sol e à crença dos Basilidianos de que existem 365 céus ou universos
+

cabo-c>

29-3-1999


SUBLINHADOS SOBRE O SAGRADO (E ALGUM PROFANO) NA TV CABO, DURANTE O MÊS DE JULHO DO ANO 2000

Este é um pequeno passo para o homem, mas um passo gigantesco para a humanidade. ( Chegada à Lua)
In «Ciência e Ficção» (CH)

Os cientistas discutem muito, faz parte da sua forma de estar no mundo.
In «Ciência e Ficção» (CH)

A cidade inca de Machu Pichu .
In «Para lá do Seu Tempo » (CH)


Romanos, cristãos e muçulmanos : os terroristas que incendiaram, reiteradamente, a biblioteca de Alexandria.
AC, vendo «Para lá do seu tempo» (CH)

O eixo principal de uma árvore prolonga-se, crescendo para cima.
In «Árvores de Folha Caduca»

A escrita hieroglífica não tem vogais.
In «Múmias - Episódio 3» (CH)

A beleza alquimicamente pura.
Ac, vendo «Musique Émotion»

Citibank - Wall Street - o maior banco do mundo, milhões de dólares roubados pela Internet (CD)

Japão: o maior índice de suicídio entre as nações mundiais.
In «Canal Discovery»

Uma cultura (egípcia) que condena à morte todo aquele que matar um gato, tem direito a considerar-se uma civilização.
AC, 16/7/2000

A imortalidade física seria um dos previlégios superiores do Adepto.
Serge Hutin, in « Les Alchimistes»

Não será a deusa Pele e a cultura Hawaiana (flores!) a prova mais evidente de um vestígio do continente lemuriano?
AC, vendo «O Mistério da Maldição da Deusa Pele» (CH)

Não tiveram que esperar muito (os hawaianos que protestaram contra a abertura de fontes geotermais na ilha).
In « O Mistério da Maldição da Deusa Pele»

O canal História é agora o meu diário telejornal.
Ac, 13/7/2000

O culto de Staline era a nova religião da União Soviética.
In «Staline» (CH)

As prisões estavam cheias de pessoas que tinham chegado tarde ao trabalho.
In «Staline» (CH)

O ideal de serviço altruísta a Deus e à Humanidade.
In «Os Templários» (CH)

Lenine: o homem mais humano do género humano (apologista dixit).
In «Lenine» (CH)

Para os etruscos, tudo estava vivo.
In «Cidades Etruscas Escondidas» (CH) ■




CLAUDINE BRELET-RUEFF NA BIBLIOTECA DO GATO




ARTHUR KOESTLER NA BIBLIOTECA DO GATO



koestler-1->

GOOGLE REGISTA E OBRIGADO:
http://catbox.info/big-bang/gatodasletras/leituras70.htm


+
FILES AC:

1-1 - <70-06-14-ls1> segunda-feira, 9 de Dezembro de 2002-scan

A RAZÃO DE OUTRAS RAZÕES (*)

(1) - "Alienação e Liberdade no Pensamento Contemporâneo", textos de John Robinson, Arthur Koestler, Michel Drancourt, Alfred Fabre-Luce, Jean William Lapierre, André Amar, Desmond Mor-ris, Michel Foucault e Raymond Aron. Colecção "Cadernos do Século", nº 7, Ed. "O Século", Lisboa, 1970.

14-06-1970 - Não seria difícil encontrar os pontos comuns que aproximam os vários testemunhos compilados neste livro (1): pensamento de vanguarda, em todos eles existe a preocupação de analisar e criticar o presente, visionando, contudo, as necessidades e virtualidade de amanhã.
Um ponto há comum a quase todos: a relatividade cultural.
Quer dizer: cada vez se compreende melhor que o homem, na acepção de espécie ou raça humana, não é apenas o ocidental, segundo os padrões e modelos que foi mais ou menos impondo a todo o mundo.
Há o direito e a urgência de dar voz a outras vozes, de fazer entrar na História outros tipos culturais (outras "epistemologias", diria Foucault) e a antropologia, finalmente ciência porque universal, abre-se às novas formas do humano, conhecidas e por conhecer, até agora menosprezadas ou ignoradas, porque a espécie se apresenta de facto una mas diversa, susceptível de diversos padrões de comportamento que são outros tantos universos culturais.
Especialmente Desmond Morris, Arthur Koestler e Michel Foucault, acentuam a urgência de dar razão às outras razões que não apenas a greco-latina, romana, judaica e adjacentes.
Caminhar-se-á, de facto, para um mundo de tolerância, embora através de intolerâncias e violências sem conta?
Haverá um equilíbrio universal, de que muitas vezes nos não apercebemos, dentro da nossa óptica forçosamente limitada porque humana, mas que testemunhos como alguns dos que aqui divulgamos nos ajudam a consciencializar, lenta e penosamente como todo o processo gestativo?
Sempre que observamos uma hipertrofia, um desequilíbrio ou um paroxismo, não haverá sempre, algures e em surdina, em silêncio e anonimamente, o seu contraponto positivo, o seu termo de correcção, o seu contrário dialéctico?
Sem esta esperança de três interrogações, a História, de facto, apodreceria sem remédio e à espécie humana não restaria mais do que uma asfixia gradual, nas carências primeiro, na abundância e no tédio, por último.
Não foi por acaso que ao termo alienação - que figura no título dessa breve antologia - quisemos adiantar o de liberdade. Se são mais intensos, audíveis e trágicos os sinais da primeira, não deixam, porém, de ouvir-se já, através de alguns porta-vozes ou mais lúcidos, ou mais sensíveis, ou mais prospectivos, os sinais da segunda.
----

(1) - "Alienação e Liberdade no Pensamento Contemporâneo", textos de John Robinson, Arthur Koestler, Michel Drancourt, Alfred Fabre-Luce, Jean William Lapierre, André Amar, Desmond Mor-ris, Michel Foucault e Raymond Aron. Colecção "Cadernos do Século", nº 7, Ed. "O Século", Lisboa, 1970.

MARIE-LOUISE VON FRANZ NA BIBLIOTECA DO GATO



OS ESSÉNIOS NA BIBLIOTECA DO GATO