sexta-feira, 19 de novembro de 2010

JOHN DAVIDSON: OS CORPOS SUBTIS NO HINDUÍSMO E NO TAOÍSMO

davidson-1> antologia – caminhos do maravilhoso

Domingo, 26 de Maio de 2002 - Desta imensa e balofa retórica, deste imenso lixo verbal, extraio, no máximo, os dados numéricos, para posterior reflexão e ajustamento à gnose vibratória, ao pensamento analógico e à numerologia como uma das doze ciências sagradas. Assim seja. OS CORPOS SUBTIS NO HINDUÍSMO E NO TAOÍSMO

Páginas de John Davidson, no livro «Energia Sutil», Ed. Pensamento, São Paulo, 1987

Agora estamos no mundo da dualidade, e todas as raças dominantes são equilibradas por um pólo negativo ou receptivo. O Um começou seu caminho em direcção ao muitos.
A exteriorização dessas forças e a perda de seu verdadeiro significado interior é responsável pelos milhares de deuses do hinduismo. A rica herança espiritual na literatura sagrada hin­du, juntamente com os ensinamentos dos iogues e dos místicos de variados graus de realização, degenera aqui, sem a orienta­ção pessoal de um verdadeiro místico, em rituais e formalidades exteriores e na adoração dessas forças como deidades a serem veneradas. Essa degeneração dos ensinamentos dos místicos em formalidades religiosas é o caminho compreensível que caracteri­za a perda do significado interior e da prática espiritual. E res­ponsável por todas as principais religiões do mundo.
Voltando à nossa descrição dos caminhos de energia que emanam do Supremo, Kal e Maya reúnem-se às três primeiras correntes criativas, tornando-se cinco. Kal e Maya são uma cria­ção das três primeiras correntes, exactamente como todas as correntes são emanações do Supremo. Com vestes ilusórias, Maya começa a ondear em torno delas, criando a ilusão de tempo, espaço e causa, bem como uma impressão de separação cada vez maior, que dá origem à formação dos três atributos ou gunas, discutidos em toda a literatura hindu:

1.Guna Rajas: o atributo da actividade, de chegar ao ser, de cria­ção, o pólo positivo, a força motor, o incansável impulso da mente e das emoções para a acção e a satisfação.
2. Guna Satvas: o atributo da harmonia, da preservação, da paz, o pólo neutro.
3. Guna Tamas: o atributo da inércia, da dissolução, da escuri­dão e da resistência a qualquer acção.

Se examinarmos qualquer aspecto da vida, poderemos ver esses três atributos em acção. Nas estações do ano, no ciclo anual nos ciclos que estão dentro dos ciclos. Nas personalidades, em nosso espaço de tempo de vida individual, funcionando tanto no mundano quanto no que aparentemente tem impor­tância.
Além disso, cada guna tem uma actividade positiva e uma negativa. Há um momento certo para a criação, e um tempo certo para a preservação, a dissolução ou a destruição. Derruba-se um velho prédio em ruínas para construir um novo — este é o aspecto positivo do guna tamas. A natureza também tem um período de outono e inverno, um período de repouso e recuperação.
Diz-se que muito da filosofia taoísta chinesa se origina das antigas culturas indianas. No taoísmo os gunas são conhecidos como yin (tamas, o receptivo, o princípio feminino) e yang (rajas, o que se expande, o princípio masculino). O Tao é o que não pode ser falado, enunciado ou descrito. E o Um, ou o princípio criador, é o Adi Shabd. E através desse Shabd ou Tao que o indivíduo toma o Caminho de volta à Fonte, muito além da manifestação. Enquanto ainda está nos domínios dos gunas e do yin e yang, o indivíduo luta pela harmonia e o equilíbrio. Isso é o guna satvas, ou o equilíbrio harmónico de yin e yang; o «objectivo» final da vida, porém, está muito além de todos os opostos e atributos. Ele não se encontra muito distante. Está “mais próximo que a respiração, mais perto que as mãos e pés”. Encontra-se bem dentro de nós, é realmente o que constitui a verdadeira essência de nosso ser.
Mais uma vez, resumindo nossa jornada com as correntes da energia, as agora oito correntes de Trikuti (as três originais e Kal, Maya e os três gunas) encontram o estado causal ou ideia mental dos cinco tattwas ou elementos, os precursores e o projecto da densa matéria de que são construídos nosso corpos e nosso universo físico. Nesse estágio, as correntes de energia dos cinco tattwas são extremamente finas e subtis. O projecto do projecto, por assim dizer, de nosso exuberante universo físico. Os cinco elementos ou estados são:

1. Prithvi: a terra ou o estado sólido da matéria.
2. Jal: a água ou o estado líquido da matéria.
3. Agni: o fogo ou o estado de calor.
4. Vayu: o ar ou o estado gasoso.
5. Akash: o éter, ou o ingrediente primordial a partir do qual o universo é criado e os outros elementos têm seu ser. E seu significado implícito, ele também pode ser descrito como “espaço” ou “vácuo”.

As cinco primeiras correntes que interactuam sobre os cinco tattwas produzem os vinte e cinco prakritis ou condições de mente e de matéria. Nesse aspecto, como os tattwas, eles são o projecto de energia do projecto daquilo que se manifestará no nível físico. Os vinte e cinco prakritis — não confundir com Prakriti (a matéria original) em Trikuti — são basicamente subdivisões de actividade dentro dos campos de energia dos cinco tattwas. Assim, no nível físico grosseiro o elemento terra tem prakritis que abrangem todos os estados sólidos do corpo — os ossos, a carne, a pele, o cabelo, os vasos sanguíneos e assim por diante, enquanto os prakritis associados ao elemento água go­vernam e proporcionam o substrato material subtil para os flui­dos do corpo — o sangue, a urina, a linfa, o citoplasma, as secre­ções exócrinas, etc. O elemento fogo está associado a aspectos como fome e sede, e os elementos aéreos e etéreos são princí­pios essências — a expansão e a contracção (qualidades aéreas) e os atributos mentais/emocionais como o desejo e a consciên­cia do eu (atributos etéreos).
Essas categorias estão apenas rapidamente esboçadas e de­veriam ser tomadas num contexto mais amplo, incluindo to­dos os sistemas e partes do corpo. Tal compreensão do corpo através dos elementos de que ele se constitui é a base do antigo sistema indiano de cura conhecido como medicina ayurvédica. E a alma ou consciência do corpo, que actuando através da men­te e dos pranas ou energias subtis, mantém reunidos os campos de energia que de outra forma seriam “inimigos”. Na hora da morte, quando a alma parte, começa imediatamente a desinte­gração do corpo e a partida dos outros elementos: “cinzas para as cinzas e pó para o pó”. A Ayurveda tenta criar a harmonia (ou saúde) dentro desses campos de energia em vibração.
Cada uma das oito correntes em Trikuti atrai e absorve as cinco modificações, prakritis ou aspectos dos cinco tattwas, per­fazendo no total quarenta correntes. Como chamas rodopian­tes de energia, ou pétalas do cálice de uma flor, elas assumem uma forma de lótus. Projectando-se para baixo as quarenta cor­rentes de energia interagem sobre os 25 prakritis, cada um le­vando os próprios atributos, as cores e os sons, todos palpitantes e resplandecentes com energia e esplendor astral — um total de mil (40 x 25) correntes em forma de chamas, mais uma chama central (a origem do mantra: “Om manepadme hum”, “Consi­dere a jóia no lótus”), e criam o que se chama Sahansdal Kan­wal, o Lótus das Mil Pétalas, às vezes chamado a Montanha de Luz, a casa de força dessa região astral e das regiões abaixo, até a física. Denomina-se astral porque ali a faculdade da visão é mais perfeita, e o que se vê parece mais brilhante do que qual­quer outra coisa em cima desta Terra, brilhando como se fosse visto através de um arco-íris e cintilante como as estrelas. Cada um desses jactos em forma de chama é a energia responsável pe­la existência de uma porção do universo físico, que extrai sua força de vida dessa fonte celestial.
As energias causais e astrais na Terra são, entretanto, dilui­ções muito fracas dessas mil correntes de força, menos subtis e voláteis e de alcance muito limitado. Pelas regiões subastrais abai­xo desse plano conseguem agir em separado, em permutações e combinações ilimitadas, diminuindo devagar em esplendor e energia enquanto interagem, mas apresentando um espectáculo arrebatador de sedução e brilho, dançando e rodopiando com vivacidade numa exibição sem fim.
À medida que a matéria se condensa sobre elas, enquanto se movimentam, lenta e gradativamente neutralizam-se e afundam até serem levadas para baixo, criando o universo físico como o conhecemos. Da mesma forma que uma grandiosa ópera trágica chegando ao fim, a música do Adi Shabd original, ou da Corren­te da Vida, se cala. As correntes difusas e neutralizadas penetram agora a esfera da mente humana física, com seus atributos (antash­karans) de intelecto (buddhi), memória (chit), volição e mudança (manas) e o maior obstáculo de todos, o ego humano (ahankar).
Quando a alma chega embaixo através dos reinos causal, as­tral e físico, toma sua cobertura ou seu corpo para poder co­municar-se e existir nesses níveis. O modo que prevalece nos mais elevados níveis astrais é o de bem-aventurança e paz. Po­rém, os sentimentos inatos de angústia na alma ao ser separada de sua fonte por uma inconsciência cada vez maior agora já não são mais percebidos como um anseio tão bem-aventurado e in­terior, mas como um desejo de preencher o vácuo pela activida­de e o movimento, para dentro e para fora, nos campos de energia que a rodeiam.
Exactamente como uma corrente eléctrica, que depois de dei­xar a casa de força central deverá ser reduzida nas estações transformadoras, a fim de se diluir o bastante para o consumo doméstico, o grande fluxo principal da Corrente da Vida sofre uma profunda mudança nessas localidades, vestindo-se com as roupas das diversas regiões que atravessa.
Por aquele primeiro desejo, demonstrado em cima de Brahm, a lei de causa e efeito, de carma, associou a corrente da Vida com o tempo, o espaço, a relatividade, a criação, a pre­servação, a destruição, os pares de opostos, a ilusão e todos os atributos da mente humana. Estes já tornaram completo seu iso­lamento da Fonte. A cobertura é tão eficiente que a pobre alma já não consegue encontrar o caminho de volta através da massa de minúsculas linhas que a prendem à Terra. Se por sorte ela perde algumas das linhas, por hábito ela retoma mais mil. As almas nascem muitas e muitas vezes na multidão de corpos dis­poníveis no mundo físico para satisfação do desejo não preenchido e para trabalhar a lei do carma, a lei de causa e efeito.
Só uma alma perfeita e livre, vinda directamente da Fonte, poderá passar por todas essas linhas, devolvendo à alma perdi­da a visão e a audição (Surat e Nirat) para que ela encontre o caminho de volta à Casa de origem no menor espaço de tempo possível.
Naturalmente, as palavras são uma fonte de confusão ao des­crever tais regiões e planos da consciência, e existem escolas eso­téricas de pensamento que descrevem as energias astral e causal como sendo as que nessa cosmologia equivalem às energias emo­cional e mental na mais baixa constituição humana. O “corpo do ego”, também mencionado, provavelmente equivale ao ahan­kar em sua associação com chit ou “coisas da mente
Quando a forma astral ou mental do homem foi inicialmen­te projectada de Anda, o reino astral, como alma isolada ou jiva (uma alma sem iluminação, aprisionada num corpo físico), a substância primária, que nesse estágio se chama akash, viu-se envolvida pelo prana (a força da Corrente da Vida vestindo-se com a substância mental — a forma padrão, ou impressão da energia subtil do corpo físico), para poder “viver” na Terra co­mo parte de Pinda, o plano físico. Nesses planos, compreende­mos o prana e o akash como “hálito” ou “respiração”. Ele cuida dos actos subconscientes do viver. O prana, exercendo atracção — de que o magnetismo e a gravidade são parte — e reunindo a matéria, forma a Terra ou faz um bebé haurir sua primeira inspiração, o coração bater, a digestão funcionar, e assim por diante. Em outras palavras, é o prana que vitaliza toda a consti­tuição, a manutenção e a distribuição das substâncias nesse pla­no, sem nenhum esforço consciente de nossa parte.
Akash é uma expressão encontrada com muita frequência na literatura esotérica e iogue, e pode provocar confusão. Tam­bém significa “céu”, no sentido de que todas as energias são cria­das de cima (ou de dentro) e, como os outros elementos, é encontrado primeiro na forma de semente em Trikuti, ou re­gião causal. Novamente se reflecte em Sahansdal Kanwal, ou a verdadeira região astral, e mais uma vez em matéria física subtil no chacra da garganta.
Assim, o jiva veste-se de uma forma física, ditada pelo total da soma de seus carmas até o presente. Nos primeiros estágios ou nos dias da criação, tudo era fresco, vital. Essa foi a Era Dou­rada (Sat Yuga), de maneira que os cinco tattwas estavam pre­sentes nesse novo ser; ele era o “Homem”, uma personalidade equilibrada, com os guna setwas dominantes. Mas, enquanto acção se sucedia à acção (o pralabdh ou carma do destino) em sua nova vida na Terra, com a ajuda dos cinco sentidos funcionan­do através dos nove orifícios do corpo (dois olhos, dois ouvidos, duas narinas, a boca e duas saídas inferiores), os gunas começaram a desequilibrar-se, e então o guna rajas (acção em ex­cesso) ou o guna tamas (excesso de inacção ou inércia) estabeleceu- se, e lentamente o elemento primário original do akash foi dei­xado de lado, e o jiva começou a assumir características de ani­mal. Tornou-se portanto necessário que habitasse um tipo de corpo em que lhe fosse impossível desenvolver um novo carma ou kryaman, de maneira a poder conquistar o “direito” de re­ceber um novo estoque de akash, e dependendo da violência de sua inclinação para a direita ou a esquerda (rajas ou tamas) ele receberia um corpo de animal, ou um de pássaro, insecto ou vegetal.
Em outras palavras, a Era Dourada havia começado a ter­minar, dando lugar a eras cada vez mais fracas em força de akash, ou seja, Prata, Cobre e por último Ferro (Treta, Dwapar e Kal Yugas). A cada degrau descendente, cada vez mais perto da Terra, inevitavelmente ele perde um tattwa para passar por um desti­no cada vez mais sombrio. Ele mesmo, por conta própria, pu­xou a primeira corda que o deixou dançando como uma marionete; daí por diante, cada acto passou a reduzir seu livre-arbítrio. Algumas vezes o equilíbrio de seu carma permitia que entrasse um pouco de akash tattwa em sua constituição, mas isso era rapidamente desperdiçado por camadas cada vez maio­res de maus hábitos, e ele voltava para baixo, com uma nova carga. É onde estamos agora.
Por fim, a miséria da alma é tal que o Shabd ou a Corrente da Vida que o anima envia um sinal ao Oceano de Shabd, ao Supremo, indicando que está em dificuldades tão desesperança­das, que só o braço mais forte pode resgatar o jiva. Sendo todo Amor, o Criador, o Supremo é tomado de intensa compaixão e projecta a Si mesmo para baixo, através de todas as camadas de Sua criação, encarnado como um Salvador ou Professor no mesmo plano que Seu filho em angústia; Ele coloca em Si todas as limitações em que Seu filho (a alma isolada) se envolveu. Estende à frente dele a mão amada e toca o torturado corpo do suplicante. Imediatamente a força começa a retornar, recuperando o equilíbrio dos tattwas, gunas, etc., de maneira a fazer com que seja levado de volta ao estado de Homem, com o desejo de conhecer Deus outra vez como parte consciente de sua constituição.
Os Mestres sempre estiveram presentes na Terra, mas, co­mo estava satisfeito com sua parte, o homem jamais aproveitou sua ajuda em eras anteriores. Em Kal Yuga, onde estamos hoje, akash encontra-se tão esgotado que a vida entrou numa Idade Negra. Os Mestres Perfeitos ou Sta Gurus estão activamente en­volvidos em ensinar no plano físico para proporcionar o con­solo eterno ao sofrimento, e os homens procuram com ardor sua assistência. O carma total de um indivíduo a ser regenerado por um Mestre é trazido a um estado mais próximo do equilí­brio do que já esteve desde sua queda, e de modo automático aquela pessoa começa a buscar o despertar espiritual e a libera­ção. O isolamento da alma pelo menos cessou. Ela atravessou o círculo vicioso do envolvimento com os planos negativos, e está quase voltando o rosto para a luz da eternidade mais uma vez, com a certeza de um retorno a sua origem.


O CARMA E A REENCARNAÇÃO

Em diversos pontos deste livro menciono aspectos do car­ma e da filosofia da reencarnação ligada a ele, de maneira que cabe aqui uma rápida explicação do fundamento dessa filosofia, embora uma “crença” em reencarnação ou mesmo na lei cár­mica não seja muito importante para compreender boa parte do conteúdo do livro.
“Carma” significa “acção”, ou “fazer”. Tudo no universo físico, diz essa antiga filosofia, acontece devido à relação de causa e efeito. Os cientistas não discordam disso, mas é preciso subir mais um degrau. Causa e efeito não apenas é a lei dos relaciona­mentos materiais neste mundo, em termos de espectro de ener­gia horizontal, mas é também a lei pela qual as coisas acontecem no espectro da energia vertical.
Na prática isso significa que todas as nossas acções, pensa­mentos, emoções, desejos, etc., deixam uma impressão na cera macia de nossa mente; eles se tornam uma causa, cujo efeito é sentido nos nascimentos subsequentes. Na verdade, todos os efei­tos do carma — bons ou ruins — de nossa existência numa vida tornam-se a substância em que se baseia nossa pr6xima vida, nosso destino, e qualquer carma remanescente é armazenado na complexa estrutura de nossa mente mais elevada, a fim de ser usado para o melhor ou para o pior em vidas futuras, ou ape­nas para ser armazenado indefinidamente.
Os místicos falam de três tipos de carma. Em primeiro lu­gar, nosso prahlabd ou carma do destino, com que nascemos, e que domina nossa personalidade básica. E o quadro maior de nossa vida. Nessa estrutura temos um livre-arbítrio condicio­nado para desempenhar o kryaman ou novo carma. Com nos­sa morte, passamos algum tempo nas regiões interiores, ou então nascemos imediatamente outra vez. Em qualquer desses casos nosso carma kryaman criado em vidas anteriores tornou-se o carma prahlabd para vidas futuras, que traz o resíduo de carma transformado em nosso sinchit, ou estoque de carma não ­utilizado. Nosso carma prahlabd também tende a conter carma do estoque sinchit, e assim é provável que venhamos a encarar numa vida acontecimentos relacionados a vidas passadas.
Há ainda muitos outros aspectos filosóficos que podem ser examinados, mas não é essa minha intenção aqui. Basta dizer que a natureza nada perde, nem é algo criado do nada. Desejos não-satisfeitos, o efeito de nossas acções em nossa mente, as acções de outros, juntamente com os sulcos profundos da mente que permanecem insaciados ou obscuros de uma vida para outra, serão levados para a frente, para uma vida futura. Esse comple­xo de energia não se extingue apenas com a morte do corpo — ele deverá continuar trabalhando. Relacionamentos entrela­çados e “incompletos” com pessoas nos atraem novamente às mesmas pessoas, continuamente. Cristo também diz: “Até os fios de cabelo de sua cabeça são todos contados” — isso quer dizer que a lei do carma e seu inevitável corolário de reencarna­ção são inexoráveis. Nossas acções para escapar delas se parecem com as de uma pessoa apanhada na areia movediça: a cada mo­vimento ela fica mais e mais enredada. Somente com a ajuda de alguém que esteja além desse agitado redemoinho é que po­deremos sair do domínio de nascimentos e morte.

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