sábado, 13 de novembro de 2010
BIORITMOS NA CRIANÇA: CRÉPON, LLONGUERAS E MONTAGNER
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CIÊNCIA DESCOBRE BIORITMOS
Com «O Ritmo Biológico da Criança»(*), de Pierre Crépon, surge o primeiro e até agora (que saibamos) único título, em língua portuguesa, sobre uma ciência relativamente recente, a Cronobiologia, largamente divulgada por Alain Reinberg, um dos primeiros a «descobrir» no mundo ocidental o que desde há mais de cinco mil anos a ciência da Acupunctura já tinha descoberto e dado como assente: os ritmos do cosmos são os ritmos da vida e vice-versa.
Com a Cronobiologia tenta-se responder, in extremis, a necessidades de sempre que tinham sido negligenciadas pela ciência analítica ocidental e seu proverbial pitosguismo. De facto, a mais antiga ciência do Planeta - a Acupunctura - que aos cinco mil anos antes de Cristo ( o mais que os historiadores da cultura chinesa conseguem recuar no tempo) já era perfeita e completa como é hoje, constitui exactamente o que hoje se entende por «ciência dos ritmos», ilustrando o que os hermetistas viriam também a «descobrir» mais tarde: o que está em baixo é igual ao que está em cima, microcosmos e macrocosmos são apenas faces da mesma moeda...
Mas o Ocidente esqueceu isso como esqueceu quase tudo o que era importante e fundamental para a vida das pessoas. E anda agora, muito à pressa, com a Cronobiologia, a ver se ganha o tempo (e o ritmo...) perdidos. «Qualquer pessoa não pode fazer qualquer coisa em qualquer momento» disse Alain Reinberg, cujos ensinamentos Pierre Crépon, autor deste livro, se limita praticamente a transcrever na íntegra, com pouco de inovador relativamente ao mestre. Reinberg adverte ainda, como o autor cita no prefácio, para um erro crasso, entre tantos, nos costumes desumanos da sociedade moderna: « A repartição do tempo consagrado ao trabalho, às actividades de tempos livres e ao repouso, sempre se fez em função de imperativos sociais e económicos, sem nunca se ter tido em conta os imperativos relevantes da biologia humana.»
Vê-se por aqui como a Cronobiologia pode ser subversiva do Establishment e em que medida ela irá ser, portanto, boicotada (curtocircuitada) pelos poderes económicos estabelecidos. Os nossos ritmos são os da vida e não os da Economia, embora seja a economia que continua a mandar nos nossos ritmos. Isto é quase tão subversivo como a proclamação : «Operários de todo o Mundo uni-vos, só tendes a perder as vossas algemas...»
Por isso o livro de Crépon se refugia numa idade ainda não produtiva - a infância - onde a bioritmologia é menos susceptível de criar problemas nas fábricas e outros lugares de trabalho.
Tal como acontece à saúde, à liberdade e a tantos outros bens preciosos da vida humana, só sentimos verdadeiramente a sua decisiva e fundamental importância quando os perdemos: acontece isso mesmo com os ritmos e ciclos que nos governam, mas que, como patetas, completamente ignoramos.
Dos ritmos anuais (as chamadas «estações do ano») aos ritmos circadianos (dia/noite), a descoberta deste mundo, deste ambiente invisível que nos modela e determina, surge na consciência colectiva com o simultâneo colapaso dos outros tipos de ambiente. Inscreve-se, portanto, nas preocupações ditas ecológicas com o Meio Ambiente, cuja importância só foi reconhecida também quando nos começou a faltar (o ar, a água, os solos, etc.).
Inventou-se, portanto, nessa linha de preocupações, a Cronobiologia, mais de sete mil anos depois de existir a mais completa ciência dos ritmos e ciclos cósmicos que foi a Acupunctura. Mais vale tarde do que nunca. Em matéria de ritmos, o ser humano já poderá saber que não vai morrer cego. Nem gago.
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(*) « O Ritmo Biológico da Criança», Pierre Crepon, Editorial Verbo■
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