terça-feira, 29 de março de 2011

sexta-feira, 18 de março de 2011

GUY TARADE NA BIBLIOTECA DO GATO







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A VERTIGEM DOS NÚMEROS : ANTOLOGIA DE GUY TARADE

O geólogo austríaco Otto H. Much estabeleceu com precisão, graças a informações dadas pela astronomia, o dia e a hora deste apocalipse (dilúvio) e indicou a data de 4 de Junho de 8.496 a. C., às 20 horas precisas (hora da América do Sul).
Guy Tarade, in «As Portas da Atlântida», pg.96

Livro das Coisas que estão na Duat (Livro dos Mortos), narrativa babilónica do dilúvio.
Guy Tarade, in «As Portas do Atlântico», pg

O universo teme o tempo, mas o Tempo teme as pirâmides (provérbio árabe).
Guy Tarade, in «As Portas do Atlântico», pg


25 vezes 1461 anos faz 36.525 anos e como é necessário contar para o passado a partir do ano 4.241 a.C, origem do calendário egípcio actual, recuaríamos na antiguidade do Egipto até 40.000 anos antes da era cristã. Encontraram-se nas sepulturas mapas do Céu onde a posição das estrelas corresponde pouco mais ou menos a esta fantástica cronologia.
Guy Tarade, in «As Portas da Atlântida», pg. 112


Sabe-se que a data de edificação da Grande Pirâmide é incerta. Ninguém está verdadeiramente de acordo no seu estabelecimento. E se a história clássica coloca essa edificação em 2900 ou 2700 a.C., Heródoto aventa 6000 anos e outros, tal como o historiador Abu-Zeyd-el-Balkhy, datas ainda mais recuadas. O número fabuloso de 50.000 anos foi já dado por Richard Hennig em «Os Grandes Enigmas do Universo».
Guy Tarade, in «As Portas do Atlântico», pg. 126

Há um facto curioso na história do Egipto: quanto mais se recua no tempo, mais os reis são identificados aos deuses, quer dizer, aos seres vindos do céu.
Guy Tarade, in «As Portas da Atlântida», pg. 126

No mito egípcio, o crocodilo identifica-se com Saturno, pois é tão voraz que chega a devorar os seus próprios filhos. Segundo Plutarco e Elien, o crocodilo é a própria imagem de Crono, deus do tempo. A sua fêmea, segundo estes autores, tem dentro de si os ovos durante 60 dias, põe 60, choca-os 60 dias, tem 60 dentes e 60 vértebras e, enfim, vive 60 anos; 60 é a primeira unidade de que se servem os astrónomos.
Guy Tarade, in «As Portas da Atlântida», pg. 144

Se, por razões naturais (terremoto) ou provocadas, a barragem do Assuão fosse destruída, seis horas mais tarde o Egipto e a Líbia ficariam totalmente riscados do mapa do mundo!
Guy Tarade, in «As Portas da Atlântida». pg. 150

Os antigos textos egípcios ensinam-nos que várias vezes o Sol se ergueu ao contrário da lei normal (...) Assim tudo leva a crer que o fim do Antigo Mundo foi provocado por um acidente cósmico.
Guy Tarade, in «As Portas da Atlântida», pg.153
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DESCOBRIR O CONTINENTE PERDIDO: FIOS CONVERGENTES NO FIO DE ARIADNE

Que vamos fazer, com a radiestesia, à ciência acumulada?
Como aproveitar (e integrar alquimicamente), como alquimizar os conhecimentos que o cérebro esquerdo foi acumulando ao longo dos séculos?
Impõe-se um critério de escolha e selecção e a radiestesia alquímica, provavelmente, com a sua faculdade de teledetecção, poderá dar uma ajuda nessa selecção.
Para já, com o 6º sentido da radiestesia, é possível fazer uma escolha, desde logo e à partida, que exclui toda a informação não relevante para a Gnose Vibratória. A intuição guiará o investigador numa primeira triagem. Perante os textos que nos «cheiram» como contributo válido (para alguma coisa há-de servir o sexto sentido da radiestesia), há depois que seguir um método.
Vamos tomar, como exemplo, o livro «As Portas da Atlântida», de Guy Tarade.
Se o percurso é labiríntico, então o livro de Guy Tarade «As Portas da Atlântida» pode constituir um itinerário suficientemente interessante para testar vibratoriamente e começar a reconstituir o «puzzle» das civilizações desaparecidas, especialmente a da Atlântida.
É como se vários fios mais ou menos imperceptíveis fossem tecendo um tecido coerente de eventos, entre o real e o fantástico.
Neste contexto, as informações começam a hierarquizar-se através de algumas pontas que aparecem mais claras e acessíveis aos cinco sentidos: a viagem para o continente perdido - situado no espaço tempo transcendente - não tem outros meios de acesso que não sejam os cinco sentidos.
O método que pessoalmente proponho, neste como em outros casos, é o da listagem.
Podemos, por exemplo, começar pelos lugares, ditos mágicos ou sagrados, que contenham eventualmente informações conducentes à perdida Atlântida:
Baalbeck
Creta
Nasca (pistas de)
Stonehenge

Vamos depois para as inscrições escritas, mesmo aquelas de que não se sabe ainda se correspondem a uma linguagem ou se são meros desenhos rupestres: Manuscrito Troano

Podemos depois pegar em outro fio, o das datas, ligado à vertigem dos números

O exame hematológico das raças, dará «coincidências» curiosas

O estudo comparado das palavras, então, quer dos nomes comuns quer dos nomes próprios, poderá fornecer mais alguns fios e pistas

Os reagrupamentos de energias - com nomes de deuses, por exemplo - é outro campo fértil de semeadura, tal como já tem sido demonstrado

O léxico dito sagrado, poderá ser outro fio a seguir com cuidado.

quinta-feira, 17 de março de 2011

À PROCURA DOS ARQUÉTIPOS PERDIDOS





1-2 terça-feira, 9 de Dezembro de 2003 - 5760 bytes -ce-8>

À PROCURA DOS ARQUÉTIPOS PERDIDOS

9.12.2003

«Os visitantes celestes traziam com eles a Ordem do Universo e o conhecimento de como usar o fogo.»
(...)
«A maior migração de visitantes celestes foi há 1.700.000 anos. Mais tarde houve outras mais pequenas».
(...)
«Os antigos podiam comunicar (e desdobrar-se) entre este e o mundo dos espíritos. Não existiam quaisquer barreiras que proibissem a entrada dos terrenos no mundo dos espíritos (...) Conseguiam desmaterializar os corpos e entrar no mundo da morte (mundo do espírito). Depois voltavam a poder materializá-los neste mundo.»
Michio Kushi,

1 - Quando se fala de arquétipos, estamos a tornar verosímil a hipótese, realista mas fantástica , colocada por alguns autores, de «pessoas de outros planetas, vindas do céu», como diz Michio Kushi, terem visitado a Terra.
Sem esta hipótese, de facto, quase nada na história do mundo faz sentido ou tem alguma lógica.
Dessa hipótese fantástica mas realista, derivam, para já, outros tantos axiomas básicos para nos entendermos em Noologia:
a) A existência de um Paraíso ou Idade de Ouro, que Michio faz remontar a 1/4 de milhão de anos (250 mil anos) mas de que outros autores darão estimativas diferentes
b) A capacidade quotidiana que os terráqueos teriam de materializar/desmaterializar
c) Desta capacidade decorre directamente a intercomunicação (telepatia) à distância, que hoje a ciência ordinária diz estudar experimentalmente como fenómeno PES (percepção extrasensorial)
As PES, aliás, seriam o pão nosso de cada dia antes da «catástrofe»: no seu conjunto, os fenómenos hoje classificados de parapsíquicos, constituiriam a rotina na Idade de Ouro (Ver o que se escreve no file sobre os protochineses, herdeiros directos do continente Mu e das capacidades inerentes ao Adam primordial antes da queda, ou seja, ao Adam da Idade de Ouro)
d) Michio situa essa catástrofe, como se disse, à volta de há 12 mil anos, outros autores situam-na há 41 mil anos e falam, tal como a Bíblia e muitas outros textos sagrados, de «Queda»
e) Única dúvida neste quadro óbvio: saber se a Queda corresponde à perda de capacidade transmutativa - materialização/desmaterialização - ou se a Queda significa a catástrofe material provocada pela alteração do eixo da terra - o que modificou a posição dos pólos e do equador (Ver gravuras no livro de Michio, pg 86), ou se ambas as coisas, ou se ainda uma quarta hipótese.
Transmutar a matéria - materializar/desmaterializar - estaria assim muito próximo da Alquimia - 1ª ciência das 12 ciências sagradas - , não sendo de admirar que as energias filosofais do Enxofre, Mercúrio e Sal se situem à saída do canal cósmico, como indica o Diagrama nº21)
f) Livros como o «Génesis» e o «Apocalipse» terão que ser lidos não como relatos de lendas mas como mensagens codificadas que importa descodificar.
À luz da hipótese «visitantes celestes» , a hierarquia das grandes civilizações pode, finalmente, ser estabelecida (Ver Diagrama Nº 21) da Lemuriana à Hebraica, assim:
Lemúria
Atlântida
Celtas
Mesopotâmia
Índia
Egipto
Hebreus
g) Chegar aos arquétipos é chegar à informação de origem celeste.
A importância energética do som (alfabetos, vogais, mantras, música, etc) deriva daqui, como Michio Kushi também nos lembra: é a forma de acesso mais pura aos arquétipos. Atendendo à degradação sofrida pelas inscrições escritas (ocorrência onde se inclui a torre de Babel e a confusão das línguas), pelo som se poderá sintonizar algo da informação primordial. Tal como no sonho. ( Sobre a degradação dos símbolos primordiais, ver Lavier, «Bio-Energétique Chinois», Maloine, 1976 )
h) Se essa informação está, como não pode deixar de estar (o código genético é ininterrupto) no ADN da célula - sob a forma de memória genética - talvez a linguagem vibratória de base molecular, inventada por Etienne Guillé, seja uma forma de comunicar de novo com os arquétipos e, portanto, com os deuses ou visitantes celestes
i) A grelha das letras estabelecida por Etienne Guillé é o instrumento que temos à disposição para esse diálogo com os deuses. A «tradução vibratória» , através da grelha das letras, significa a reconstituição das palavras, no sentido de conjunto de sons que os deuses ensinaram aos humanos nesses recuados tempos de há 250 mil anos...
j) O alfabeto terá sido assim uma invenção dos deuses, o que não significa que os homens não tenham inventado nada, nem sequer o fogo, tradicionalmente obra dos deuses. Talvez o barco a remos, talvez as estradas, talvez os canais de rega, etc.
Mas o Alfabeto e os Números, não. Mas o Fogo, não. O que deverá colocar , por natureza de origem, a Alfabetologia e a Numerologia no grupo das 12 ciências sagradas.

2 - A propósito de arquétipos, idade de ouro, visitantes celestes, alfabetos, números, sons, fogo celeste, sublinham-se 4 obras que podem constituir matéria de leitura interessante:
a) O Continente Perdido de Mu , James Churchward, Ed Hemus, São Paulo, 1972
b) Uma História do Paraíso, Jean Delumeau, Ed. Terramar, Lisboa, 1994
c) A Procura da Língua Perfeita, Umberto Eco, Ed. Presença, Lisboa, 1995
d) Bio-Énergétique Chinoise, J.A. Lavier, Ed Maloine, Paris,1976 ■

quarta-feira, 16 de março de 2011

PETER TOMPKINS:«A VIDA SECRETA DAS PLANTAS»


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«A VIDA SECRETA DAS PLANTAS»: O LIVRO DE PETER TOMPKINS POSTO À PROVA

30/12/1974 - Dois cientistas da Universidade de Munique iniciaram, com grande cepticismo, uma série de experiências destinadas a comprovar - de forma mensurável - se as plantas estão em condições de se alegrar ou assustar em presença de contacto de pessoas. As reacções das plantas foram captadas através de um electroencefalograma, destinado, em geral, à medição da corrente cerebral. O iniciador da experiência foi o terceiro programa da cadeia de televisão da Baviera, através da redacção da série «A Autenticidade do Livro».
O físico Hans Piper, sua esposa e o dr. Josep Schonberger, biologista e psicólogo, dedicaram-se à observação cuidadosa da vida interior de cinco filodendros, seleccionados especialmente para o efeito. Durante toda a semana a srª Piper cuidou das plantas com um carinho muito especial. Chegou então a altura de iniciar as observações no electroencefalograma. E, por incrível que pareça, os dados registados demonstraram que as plantas dormiam durante a noite, se excitavam na presença de muita gente, «palpitando» ainda mais quando a srª Piper se aproximava delas.
O electroencefalograma registou, porém, as curvas de maior excitação nos momentos em que se fazia a ameaça de cortar uma folha. Os cientistas começaram a ficar desconfiados com a capacidade telepática das plantas e repetiram, por isso, a experiência, alterando as condições exteriores. No final, porém, viram-se obrigados a reconhecer a autenticidade das observações e das medições recolhidas.
O livro cuja autenticidade se pretendeu confirmar é o original americano «A Vida Secreta das Plantas»; os autores, Peter Tompkins e Christopher Bird, referem experiências semelhantes na sua obra. Neste sector, situado à margem da investigação moderna, inserem-se as experiências de cientistas indianos que pretendem comprovar que a música influencia favoravelmente o crescimento das plantas. Todos estes fenómenos pertencem ainda ao domínio dos mistérios da criação ainda por esclarecer.
Josef Schonberger e Hans Piper não aceitam todas as teorias do livro americano. A referência à vida interior ou a emoções experimentadas pelos filodendros são totalmente de excluir, em sua opinião, dada a falta de um sistema nervoso nas plantas. Não obstante, o tom final do parecer dos cientistas foi conciliador, com recurso a uma citação de Santo Agostinho: «O milagre não é contrário à natureza, mas sim apenas àquilo que dela conhecemos...»
Josef Gruber
30/Dezembro/1974

terça-feira, 15 de março de 2011

BRIAN INGLIS: O MISTÉRIO DA INTUIÇÃO


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O LIVRO DA VIDA

14.04.2002

«A intuição não é contrária à razão, é apenas qualquer coisa fora da província da razão.» - Carl Gustav Jung

A psicologia fala de «intuição», a radiestesia holística de 6 º sentido, Sócrates dizia-se possuído por um «daimon», Goethe falou de «doppelgangers» e Maurice Maeterlinck chamou o «hóspede desconhecido» a essa entidade protectora, especificamente encarregada de velar por nós.
Mudam-se os tempos, mudam-se os nomes, mas a ideia central de um «anjo da guarda» (vinda da tradição cristã) persiste como constante do espírito humano.
Razão esta mais do que suficiente para lhe dedicarmos, na ciência holística da vida, a atenção que a ciência analítica e ordinária lhe nega: Brian Inglis, autor do livro que em brasileiro foi editado com o título «O Mistério da Intuição» mas que no original inglês se chama «O Hóspede Desconhecido» (The unknown guest), explica assim um pouco do que é esse «hóspede desconhecido»:
«Há outro ser, mais secreto e muito mais activo, que apenas começamos a estudar e que é, se descermos ao leito de rocha da verdade, nossa única existência verdadeira. Desde os recantos mais obscuros do ego, ele dirige a nossa verdadeira vida, a que não morrerá, e não presta atenção ao nosso pensamento, nem a coisa alguma que emane da nossa razão, a qual acredita que ele nos guia os passos. Só ele conhece o longo passado que precedeu o nosso nascimento e o futuro sem fim que se seguirá à nossa partida desta terra. É ele mesmo esse futuro e esse passado, todos aqueles de que brotamos e todos aqueles que brotarão de nós. Representa no indivíduo não somente a espécie, mas também o que a precedeu e o que a ela se seguirá; e não tem começo nem fim; eis aí porque nada o toca, nada o move que não diga respeito ao que ele representa.»

Curioso na descrição de um fenómeno estudado pela psicologia – a intuição – é o paralelismo deste texto de Maeterlinck com as descrições que hoje podemos ver bastante divulgadas sobre o ADN molecular e o código genético que nele se contém.
Jean Noel Kerviel, no seu opúsculo « A Procura da Pedra Filosofal», compara-o mesmo a um livro onde podemos ler toda a informação passada, presente e futura.
Referindo-se a «este ADN muito complexo » - Kerviel sublinha um facto que dá que pensar: «um a dois metros por célula perfazem, colocados ponta a ponta, para os 600 biliões de células que constituem o nosso organismo, uma distância superior a 600 vezes a da Terra ao Sol.»
Ora – sublinha ele - é «sobre este ADN muito complexo que estão inscritos: o nosso código genético, a nossa hereditariedade, tudo o que foi vivido pela vida desde que ela existe, tudo o que poderá ser vivido no futuro (a potencialidade para que esta ou aquela coisa se produza está já inscrita) e o modo de funcionamento desta molécula, sem esquecer algumas páginas em branco que são a imagem da nossa estreita e real liberdade.»
Esta passagem de Kerviel, não só dá que pensar como nos remete para a questão vertical do nosso sonho: a informação em ciências da vida. De facto, nada mais apropriado do que comparar o ADN molecular a um livro ou, como faz Maurice Maeterlinck, a um «hóspede desconhecido».
Aqui o citamos com ênfase, por nos parecer que exorbita da psicologia académica para nos apontar pistas no sentido de compreender o nosso mundo vibratório e a informação que dele recebemos e através dele transmitimos. Sem que a ciência analítica saiba nada desse mundo vibratório, ou já tenha esboçado algum esforço sério para o saber.
Recorde-se que o último livro de Étienne Guillé, publicado no ano 2000 , se chama «O Homem e o Seu Duplo», sendo «duplo», neste caso, a palavra que podemos ir buscar à tradição iniciática dos hierofantes (?) do antigo Egipto faraónico.
Interfaces à vista para este «duplo» que, no livro de Étienne Guillé, é considerado por oposição ao que ele designa por «ser directo», são alguns dos itens emergentes na actual conjuntura do meio considerado esotérico, como por exemplo: o tarô, a geomancia, o I Ching, a profecia, a numerologia, a parapsicologia, a astrologia, etc.

PARACELSO NA BIBLIOTECA DO GATO






1-2 -paracelso-1-ls-> - clássicos do século XXI - tese noologia - leituras moraes - banalidades de base

PARACELSO DESCONHECIDO(*)

[«Livros na Mão», «A Capital», 11-9-1990] [24/8/1990] - A reabilitação póstuma de Paracelso, que teve o seu auge ao longo de todo o século XIX, assenta afinal em bem pouca coisa, a julgar por uma leitura retrospectiva das suas obras: um punhado de intuições fulgurantes, aquém e para além do tempo, é talvez o que resta de uma obra que, em vida do autor ( 1493-1521), foi sistematicamente vilipendiada pelos invejosos da época, inclusive pelos mais dilectos discípulos como esse misterioso Oparinus, canalha que assume o recorte refinado do clássico traidor. Como se para cada Jesus tivesse sempre que haver um Judas. E a verdade é que, em certos aspectos, Paracelso até nem era nenhum santo.
Resta dele, hoje, portanto, a lenda que se vai formando quando são grandes as lacunas na vida e na obra de um autor: Paracelso é também o mito que dele fizeram as dezenas de obras sobre a sua personalidade controversa, surgidas pró e contra, nos mais diversos países da Europa, durante o século XIX.
Entre as intuições que se podem citar a título de exemplo, que nele assinalam um «contemporâneo do futuro» e que dele fazem um profeta só tardiamente reconhecido como tal, é de sublinhar a que escreveu sobre a predestinação, na qual desenvolve uma ardilosa «teoria do castigo divino como causa das enfermidades», teoria que coincide, em muitos pontos, com a lei cármica das cosmogonias orientais (hindu, tibetana, chinesa) mas que no Ocidente, quer pela via greco-latina, quer pela via judaico-cristã, foi sempre letra morta.
Esta «teoria do castigo divino» é claramente desenvolvida por Paracelso em uma das raras obras suas que não se perderam, o «Tratado da entidade de Deus» , aparecido no «Quinto Livro, não pagão, acerca das entidades morbosas» incluído no segundo «Paramirum» (o primeiro foi um dos muitos livros seus que se perderam).
A reabilitação em força de Paracelso, poderá dever-se, portanto, ao facto de ele ter, numa cultura analfabeta e sórdida, introduzido alguns conceitos que, sendo lugares-comuns na sabedoria universal, sempre se ignoraram numa cultura como a ocidental, caracterizada pelo puro analfabetismo e pela mais dessorada e arrogante das ignorâncias.

TRADUZIR PARACELSO

Traduzir para a língua portuguesa, em 1990, o «Livro das Ninfas, Silfos, Pigmeus e Salamandras e de Outros Espíritos» deveria entender-se, portanto, como um primeiro contributo para o conhecimento do desconhecido Paracelso. Só que não é. Tratando-se da parte «morta» de um autor que tem, no entanto, muita coisa ainda viva para mostrar(as tais intuições acima referidas), esta tradução deverá funcionar apenas com objectivos de erudição, como actualização para os estudantes e estudiosos de artes e letras. Fica, entretanto, por conhecer o precursor de algumas banalidades de base que tanta falta continuam fazendo na cultura ocidental.
A tradução de Paracelso, agora empreendida, funciona assim no âmbito estritamente universitário, com o objectivo de rever matéria dada e fornecer fontes bibliográficas fidedignas pouco acessíveis aos alunos de Letras, eruditos, investigadores e especialistas, necessitados de quem lhes facilite e tarefa.
Neste contexto, o livro de Paracelso agora editado em língua portuguesa pela Cooperativa de Serviços Culturais « A Páginas Tantas», com um estudo minucioso de Teolinda Gersão, onde principalmente se assinala o papel de Paracelso no posterior surto romântico que assolaria a Europa, como um solene aviso das fontes a que era urgente recorrer, poderá dizer-se que vem preencher uma lacuna na cultura escolar do ensino superior em Portugal. Mas a sua actualidade é nula. Nada, nesta narrativa meio filosófica, meio fantástica, tem hoje qualquer funcionalidade, deixando portanto ao leitor comum uma imagem distorcida do Paracelso essencial, do Paracelso (ainda) vivo.
Aliás, Teolinda Gersão, no cuidadoso estudo que lhe dedica, faz notar neste «Livro das Ninfas» a linguagem «monótona e pouco clara, enredando-se num estilo pleonástico ou sinonímico, em que o pensamento avança devagar».Eu até diria que não avança mesmo e a sensação, ao lê-lo, é de que não saímos do mesmo sítio. Para dar uma ideia do que em Paracelso houve de efectivamente precursor e profético, do que ainda nele é vivo a actual e actuante, seria necessária uma recolha antológica selectiva, em função do futuro que Paracelso efectivamente antecipou em muitos aspectos e não em função de um passado irremediavelmente morto que outros dos seus escritos acusam, como é o caso destas ninfas.
Aliás, nunca seria pelo estilo que Paracelso desempenharia algum papel na literatura europeia, nem mesmo como um catalisador da explosão romântica. Se houvesse uma história das grandes intuições que faltam à humanidade ou um itinerário das chamadas grandes aventuras espirituais, era lá que se poderia meter Paracelso.
Contemporâneo de alguns outros mitos, muito bem tratados, por motivos ideológicos ou outros semelhantes, pela erudição oficial - Erasmo, Ambrósio Pareo, Lutero, Copérnico, Miguel Ângelo - é inegável que Aureolus Filippus Teofrasto Bombasto de Hohenheim, a começar no nome que seu pai, o médico Hohenheim, se lembraria de lhe dar, não tem nada que o recomende.
Como se explica então o mito Paracelso?
Talvez a resposta esteja, não no «Livro das Ninfas», divertimento a que ele se consagrou certamente para desviar as atenções dos inimigos, mas na biografia de Paracelso que ainda não foi contada e de que o odioso Oporinus pode ser a chave alquímica. Há filósofos que permanecem malditos, mesmo depois de (aparentemente e superficialmente) reabilitados. Mas, como acontece com Paracelso, quanto mais malditos mais fascinantes. Não vão é dizer isso aos alunos da Faculdade de Letras, coitados, que têm de passar nos exames e com boas notas. Cuidado, Paracelso. Cuidado com o Paracelso.
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(*) «Livro das Ninfas, Silfos, Pigmeus e Salamandras e de Outros Espíritos» , Paracelso, com apresentação de Teolinda Gersão, Ed. «A Páginas Tantas», Cooperativa de Serviços Culturais. Equipa de tradução: Ana Paula de Carvalho Cunha, Helena Hipólito, Ana Maria Bernardo, Ana Paula Valagão Luz Clara e Helena Paula de Monteiro Leitão (**) Este texto de Afonso Cautela foi publicado na revista «Beija-Flor», provavelmente na data indicada e republicado em «Livros na Mão», «A Capital», 11-9-1990

sábado, 12 de março de 2011

CARLO COCCIOLI NA BIBLIOTECA DO GATO







-1-2 - coccioli-md-1-3> quinta-feira, 6 de Novembro de 2003 - merge de 3 files da série coccioli> coccioli-1> notas de leitura - encontros não imediatos

SEGREDOS DE POLICHINELO

“Vítima de extremos”, “doente de absoluto”, como ele próprio se define ao falar de personagens seus, Coccioli nunca deixa de pisar o proibido, de enfrentar o tabu, de arriscar a palavra de oiro ou de fogo que, por medo, ainda não foi dita.
Escritor de situações e personagens-limite, escritor polémico como D. H. Lawrence, como Henry Miller, como Lawrence Durrell, sempre disposto à ofensiva contra fariseus e puritanos, sempre fora da ordem ortodoxa, inclusive a literária, inclusive a ideológica, herético no mais amplo sentido da palavra, Carlo Coccioli dá no primeiro volume de “Journal”, publicado em 1957 por La Table Ronde (Paris), notícia vibrante do que tem sido a sua vida, indissociável da sua obra, o itinerário da luta aberta e livre e ardente pela verdade, pela sua verdade.

SUBLINHADOS DO LIVRO «JOURNAL»

Esforço-me por dizer sempre a verdade. É o meu grande segredo; um segredo de polichinelo; mas quem diz ainda a verdade, quem reconhece o seu valor?

*
Os livros que escrevi e provavelmente os que escreverei não são senão exposições de casos de amor, melhor dito: de casos-limite de amor.
*
Não posso trabalhar senão sentindo-me livre, e o único compromisso que aceito é precisamente o que constitui a razão do meu trabalho: um compromisso cujo objectivo é o homem. (...) Só o homem me interessa e me limita (me limita exaltando-me e procurando-me o sentido da liberdade): o homem com a sua necessidade de amar e com a sua capacidade de amar e com a sua esperança de amar.

CARLO COCCIOLI

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(*) Carlo Coccioli - Journal (...-1956) - Ed. La Table Ronde, Paris, 1957
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CARLO COCCIOLI : NOTÍCIA BIOBLIOGRÁFICA


Carlo Coccioli nasceu em Livorno (1920). Passou a adolescência na Líbia, em Parma, em Fiume.
Participou na Resistência, esteve preso em Bolonha.
Publicou o seu primeiro romance em 1946. Em 1947, transferiu-se para Paris. Começou a escrever em francês.
Vive actualmente (1988) na Cidade do México, onde reside desde 1953. Escreve em espanhol.
Entre outros romances publicou: O Céu e a Terra, O Vale de Deus, A Águia Azteca Caíu, O Seixo Branco. Em 1990 publica Buda y su glorioso mundo, uma obra fascinante, misto de biografia e ensaio.
(In contracapa do livro «Fabrizio Lupo», editado pela Cotovia, Lisboa)
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BIBLIOTECA DO GATO

Livros de Carlo Coccioli ainda existentes em 12 de Março de 2011:

Carlo Coccioli - Journal (...-1956) - Ed. La Table Ronde - Paris - 1957
Carlo Coccioli - Manuel El Mexicano - Ed. Compañia General de Ediciones - México - Julho de 1957
Carlo Coccioli - Fabrizio Lupo - Trad. Louis Bonalumi - Ed. La Table Ronde - Paris - 1952
Carlo Coccioli - Fabrizio Lupo - Trad. Rui Santana Brito - Ed. Cotovia - Lisboa - 1988
Carlo Coccioli - Buda e o seu Glorioso Mundo - Ensaio - Trad. Artur Guerra - Ed. Cotovia - Lisboa - 1992
Carlo Coccioli - A Cidade e o Sangue - Ed. Ulisseia, Lisboa, 1955
Carlo Coccioli - O Jogo - Ed. Ulisseia, Lisboa, s/d
Carlo Coccioli - O Vale de Deus - Ed. Livros do Brasil, Lisboa, s/d
Carlo Coccioli - A Luz do Sonho - Ed. Livros do Brasil, Lisboa, s/d

quinta-feira, 10 de março de 2011

CRISTO VISTO POR MARTIN SCORSESE


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  • FILMES EM CASA

DE NIKOS KAZANTZAKI

PARA MARTIN SCORSESE

A DÚVIDA DA FÉ

Três horas de filme para 624 páginas do livro, na edição portuguesa da Arcádia, com tradução de Jorge Feio: eis o balanço de uma quase obra-prima que é o filme «A Última Tentação de Cristo»The Last Temptation of Christ»). Era, portanto, para Martin Scorsese, o realizador, uma tarefa complexa, embora atraente, onde o tempo deveria ser densamente preenchido para não resultar vazio. Defrontava-se ainda com o problema de uma história arquiconhecida, mil vezes contada e outras tantas posta em cinema. Os diálogos do escritor Nikos Kazantzaki foram reduzidos ao essencial, na dramatização realizada por Paul Schrader, o que não lhes retira intensidade, antes pelo contrário.

Temos, com uma equipa inteligente de técnicos e artistas competentes, mais uma versão da vida (da lenda) de Cristo, na crueldade de alguns momentos (os da crucificação, obviamente) e na pureza de outros. O simbolismo da serpente, do fogo, da árvore -- quando Cristo jejua no deserto, depois de baptizado por João Baptista -- é talvez um dos ingredientes menos conseguidos da película.

Outra questão se pode colocar: haveria necessidade de enfatizar tanto o sangue e a dor, de fazer da crucificação o espectáculo tão medonho e hediondo que de facto ele é? Foi a opção de Scorsese, tem que ver com a sua opção filosófica e não o devemos censurar por isso, já que o filme é também, através de Cristo, um testemunho pessoal das obsessões e paixões do realizador. Em seu abono vem a seriedade com que trata as figuras, a suavidade com que transcreve as vozes, a ousadia com que coloca uma banda musical «folk»(?), ou qualquer coisa como música ritual africana, no cenário ora deserto, ora pacificamente campestre da Palestina.

As três horas de filme foram resolvidas, não por soma das partes mas por um sopro inicial de inspiração que ia falhando a Scorsese, confrontado com ambições à partida quase desmedidas. Explica-se assim o episódio público alegadamente «escandaloso» a que o filme daria lugar, antes de estrear em Nova Iorque.

Bem precisado estava de uma certa propaganda e de algum empolamento, o filme que não foi feito para grandes massas de público mas que, também, na solidão individual do vídeo se vê prejudicado na cor e na luz. Apenas no intervalo de tempo onde o tempo pára -- toda a sequência do anjo da guarda -- a imagem se ilumina naturalmente, para perder o castanho, por vezes empastelado, que predomina no resto do tempo.

Quanto ao escândalo público que o filme originou na estreia em Nova Iorque, é fictício. Muito mais fictício do que a ficção com que Nikos Kazantzaki quis humanizar a figura de Cristo. De heresia é que este Cristo não tem nada, antes pelo contrário: remete à mais pura ortodoxia. É na sequência do anjo da guarda, de facto, toda ela em clima onírico, que está o busílis deste livro espantoso do espantoso místico e escritor que foi Nikos Kazantzaki, falecido em 1957 e de que em Portugal, felizmente, existem bastantes obras publicadas, quase sempre em traduções de grande qualidade.

Mais espectacular e verdadeiramente épico é o seu outro livro «O Cristo Recrucificado», mas Scorsese optou por este e há que respeitar a escolha. E se virmos o filme com o amor que ele merece, de certeza que não foi para explorar o episódio virtualmente escabroso de ver o Cristo divino envolvido nos negócios humanos e nas fraquezas da carne.

As dúvidas que dilaceram o coração de Jesus -- princípio de uma concepção existencial, mais tarde escola filosófica -- já tinham constituído objecto de reflexão filosófica em Kierkegaard, que escolheu antes Abraão para testar as forças de Deus face às do Demónio, para personalizar a grande aposta da esperança, a grande dúvida da Fé. Nesta perspectiva, a figura de Judas é quase tão importante como a de Jesus, para não dizer mais importante. A ele foi distribuída a tarefa mais difícil, comparada à de Cristo que era a de morrer na Cruz. É na figura de Judas que a dúvida da Fé assume, convulsiva, a dimensão de alavanca que Kierkegaard expressou em «Temor e Tremor».

Lembre-se que Nikos Kazantzaki já tivera, há bastantes anos, uma adaptação ao cinema da obra «O Bom Demónio», que poucas recordações deixara, principalmente a do actor, o talentoso mas cabotino Anthony Quinn.

Não nos deixemos ludibriar: «A Última Tentação de Cristo» está tão longe da heresia como o seu contrário. Só a Mediocridade, no fundo, é heresia. Porque o espírito sopra em todas as direcções e o amor é que dita a Jesus a ordem de expulsar do Templo os vendilhões.

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Publicado em vídeo pela Edivídeo, o belo filme de Martin Scorsese pode ser visto nos seus 156 minutos de duração

CRISTO SEMPRE RESSUSCITADO






1-3- wilde - > 8236 caracteres -wilde>emcurso>livros> esboços e ousadias sobre o obsceno – leituras mágicas – diário de um leitor de livros

A FIGURA DE CRISTO EM ESCRITORES PAGÃOS(*)

2/7/1992 - Nem Oscar Wilde se deu conta de que, no seu celebérrimo «De Profundis», traçou os prolegómenos de toda a Modernidade passada, presente e futura. Julgando defender um romantismo decadente, estava a definir o moderno, o poético.
«Não é a extensão, mas sim a intensidade, o verdadeiro objectivo da arte moderna» -- escreve. Se em vez de «arte moderna» lermos «modernidade ou «moderno» no sentido de poesia ou espírito da literatura, entender-se-á que Wilde antecipou os vanguardismos dos anos mil novecentos e vinte, tanto quanto Nietzsche deu, com o seu «dionisismo» [também já notado por Gide, quando fala de um nietzscheísmo anterior a Nietzsche] uma antecipação do que Fernando Pessoa (Álvaro de Campos) com a sua «estética não aristotélica» daria no conceito em que a beleza era substituída pela «força» (em acepção «filosófica», frisa Álvaro de Campos, acepção de ímpeto, furor, demónio dionisíaco).
Embora em todos subsista ainda uma terminologia insegura, no que todos concordam é que, contra a extensão, a «exaustiva bibliografia» e o enciclopedismo galopante, é na «intensidade», é no espírito e não na letra, é no fogo e não nas cinzas, é no núcleo e não na periferia, é no sol e não nas sombras, que está o essencial do espírito moderno, da modernidade de todos os tempos, aquilo a que Wilde chama os «movimentos românticos» de todas as épocas e a que, em homenagem ao ensaio de Henry Miller, se poderia chamar os «movimentos do obsceno».
Wilde, intuindo o moderno, não adoptava ainda a justa terminologia. E não se furta à denominação de «mestre» e à de «artista». «Dante e Ésquilo -- escreve -- são os austeros mestres da ternura». E Shakespeare «o mais puramente humano de todos os grandes artistas». Note-se a citação acertadíssima de Ésquilo -- um dos mais puros representantes do dionisismo estudado por Nietzsche -- mas note-se também a insistência da palavra «artista».
Wilde ainda não distinguia o artista do poeta, quando, afinal, tinha em si próprio um caso exemplar. Wilde, com efeito, o mais artista dos artistas, o mais esteta dos estetas, o mais lúdico dos puros lúdicos, o mais arte pela arte, antes deste insólito «De Profundis», sentiu nascer, ao mesmo tempo que o escrevia, a mais assombrosa das revelações, em nada comparável com os gozos do antigo «virtuose».
Este «De Profundis», na verdade, nada tem, na obra de Wilde, que se lhe possa comparar. Artista, ele o teria sido centos de vezes. Poeta, só o foi quando escreveu os contos e quando, pela dor, conheceu «os elementos de uma vida nova, duma «vita nuova», como confessa: «De todas as coisas, é a mais estranha. Ninguém a pode adquirir senão abandonando aquilo que tem.» [página 49 da edição da Portugália]
Na página 81 da tradução portuguesa do «De Profundis», lê-se: «Vejo em Cristo não apenas o que há de essencial no supremo tipo romântico, mas todos os acidentes, a voluntariosidade mesmo, do temperamento romântico também.»

A CLAREIRA DE CRISTO

Chamando Cristo para o assunto da Modernidade, Wilde abre, sem querer, uma clareira inusitada. Cristo aparece como paradigma do criador, do poeta, devotado até à morte à sua paixão. E que escândalo maior na «cidade cristã» do que fazer de Cristo o primeiro escândalo, o primeiro imoral, o primeiro ameaçador da virtude beata?
Fazer de Cristo -- à custa de quem se engendrou a moralização cristã e, com ela, a virtude beata, a hipocrisia, o remordimento do falso remorso, a mentira de consciência, o pecado, o mal pequeninamente entendido, a falsa castidade e o falso pudor, o amor degradado e a degradação do amor, o amor transformado de princípio de vida e de criação em causa do mal e de ruína e morte -- fazer de Cristo o paradigma do homem que, pela sinceridade ou verdade íntima, se ergue contra a turba dos sepulcros caiados, fariseus e vendilhões do templo, contra a fachada da hipocrisia que é a moral individual que se diz cristã e, generalizando, contra a lei, contra toda a lei, -- é realmente um golpe de génio de que Wilde talvez não avaliasse todo o significado e todo o alcance.
Isso que Wilde intuiu seria mais tarde o núcleo de obras como por exemplo as de Pascoaes (expressamente o «São Paulo»), Nikos Kazantzaki (expressamente «O Cristo Recrucificado»), Carlo Coccioli (expressamente o « Fabrizio Lupo»): Cristo veio para perdoar aos pecadores, à consciência pecadora, e não para exasperar ou exagerar o pecado nas consciências. Cristo veio para perdoar porque só a verdade (a sinceridade) salva. Cristo veio para criar a consciência «obscena».
A aparição de Cristo dá-se na literatura moderna com uma frequência que faz pensar. E sem falar de escritores ortodoxos -- que, nesses, nem seria de admirar -- mas nos que se consideram pouco ou nada ortodoxos e a que se pode dar o nome de «pagãos», ateus, protestantes, panteístas, heréticos.
Nada disso, afinal, já se opõe a Cristo. Ao cristianismo talvez mas não a Cristo. Em muitos escritores pouco ou nada cristãos - Wilde (o «pagão»), Eça de Queiroz (o «ateu»), Pascoaes (o ateoteísta), Alberto Caeiro (o «pagão»), André Gide (o «protestante»), Florbela Espanca (a «pagã»), Nikos Kazantzaki, D.H. Lawrence (em «The Man who Died»), Raul de Carvalho, Miguel Torga - encontramos Cristo. E claro que não o encontramos em pagãos de última apanha, à Teixeira Gomes e Aquilino Ribeiro ou à componente da Novíssima Academia, com manifestação colectiva no folheto «Poesia 61».
Mas além dos escritores que expressamente deixaram obras em que Cristo é protagonista, quantas metamorfoses de Cristo não poderíamos encontrar nas mais inesperadas criações míticas?
O que será o «Codine» de Panait Istrati? E o «Fabrizio» de Coccioli? E a «Cabíria» de Fellini? E o «Gebo» de Raul Brandão? E o D. Ardito de Coccioli? E o «Pároco de Aldeia» de Bernanos? E o «Vassili» de André Kedros? E o «Salavin» de Duhamel? E o «Godot» de Beckett? E a «Alouette» de Jean Anouillh? E a «Pelágia» de Gorki? E o «Amal» de Tagore? E que são essas criações de sentido heróico (onde a humildade e a simplicidade são o primeiro e principal heroísmo) senão metamorfoses de Cristo?
O que está em todas essas reincarnações de Cristo, senão o heroísmo do quotidiano, a coragem de continuar depois de todas as decepções e desilusões, o sorriso puro e magoado e triste de Cabíria que nos olha nos olhos? Fellini quis que Madalena e Cristo ressuscitassem no mesmo corpo. Talvez por isso (e apesar de uma profissional do sexo) Cabíria dá-nos a ideia de que não tem sexo. Profundamente apaixonada e atraente, Cabíria é tudo menos sensualidade só sensualidade. Cabíria poderá ser a réplica abreviada disso que alguém já denominou a «mística do sexo», a propósito de D.H. Lawrence. Fellini não deixa morrer Cabíria. Isso seria heróico. E Cabíria vai do heróico ao trágico. Para isso ela sai da tela. Olha-nos a sai da tela. Fica connosco e aí o heróico começa a ser trágico. O filme começa quando finda. Cabíria prossegue.
Também D.H. Lawrence inicia a narrativa do homem que morreu (Cristo), onde a história costuma acabá-la. Num e noutro, nuns e noutros destes cristos modernos, vemos a pedra de toque: o escândalo. Todos os tribunais em pé de guerra contra o Intruso -- o homem demasiado humano. Todas as leis mancomunadas. Chessman perderá dez anos a ensinar Cristo, a repetir Cristo, na figura de um «assassino da lanterna vermelha», porque forçosamente o Cristo de hoje terá de ser um assassino, ou uma prostituta (Cabíria), ou um vagabundo, ou um revolucionário idealista, ou um pobre gebo, funcionário cansado. Mas sempre um humilde, sempre um anónimo, sempre a pureza a par da paixão desprevenida, da entrega total, a esperança nascendo inalterável do desespero, a alma temperada pela dor. «Deus só vem até nós pelos caminhos da Dor» - diz Miguel Serrano. Mas há quem diga que não: que ele vem pela teologia, ou através de um canal de televisão, o que evita a muito boa gente sofrer e regaladamente verem, ouvirem e cheirarem deus pela televisão.
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(*) Alguns dos livros aqui citados ainda existem, em 16/7/2001, na minha biblioteca do gato . Até ver...♥♥♥

quarta-feira, 9 de março de 2011

TED ANDREWS E O CONTINUUM ENERGÉTICO

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O CONTINUUM ENERGÉTICO EM AUTOTERAPIA

Lisboa, 16/10/1996 - A composição trinitária do ser humano( corpo/alma/espírito) não é um dado evidente apesar de se encontrar em todas as grandes tradições que conheciam o sagrado.
As classificações que os livros de divulgação «energética» hoje nos apresentam, usam uma variedade de planos que inevitavelmente confunde o leitor.
Há os que falam, por exemplo, em 3 planos:
corpo
mente
alma
Outros referem 4 níveis :
físico
emocional
mental
espiritual
Um livro de teosofia talvez adiante, além do patamar físico, outros patamares:
etérico
astral
causal
mental
Por vezes a simplificação leva a um mero binário:
corpo
espírito
onde espírito significa tudo o que não é corpo.

São alguns exemplos, recolhidos de um livro interessante de Ted Andrews - «Manual dos Novos Médicos», Estampa, 1996 - mas que mostram a confusão reinante, hoje em dia, no campo unificado das energias, das bionergias ou energias vibratórias.
O trabalho de unificar a nomenclatura é, portanto, o que se impõe com maior urgência e necessidade.

- «Debilidade» ou «fraqueza» de um órgão, que o torna mais susceptível de contrair determinada doença, pode significar «estagnação energética» igual a «bloqueio energético».
Quando fundamentalmente se aconselha uma técnica de «relax» em casos de extremo stress, está a constatar-se que para uma situação yang o melhor antídoto é o yin.
As psicoterapias complicam as técnicas de relaxamento - com hipnotismo, yoga, meditação, imposição de mãos, massagem, etc - mas a macrobiótica receita bons yin e tenta preparar o terreno para que a alquimia se faça, ou seja, para que o bloqueio se desfaça.
A acupunctura, por exemplo, tenta desbloquear por intervenção directa nos meridianos, mas se a causa do bloqueio é de terreno orgânico, a situação volta a verificar-se passada a acção das agulhas. Sem desintoxicação alimentar nunca o desbloqueio é completo. E quando a intoxicação é medicamentosa - química em geral - , intramolecular, portanto, mais difícil será conseguir de novo o fluxo energético normal.
A medicina ortomolecular surge hoje como um recurso para atingir essa zona profunda do terreno orgânico mas esquece duas condições de base:
1) É condição sine qua non, uma situação yin à partida, para que as trocas intermembranares da célula se verifiquem
2) É condição sine qua non encontrar uma técnica capaz de remover os metais mal colocados na zona da heterocromatina constitutiva.
Sem estas duas condições, não há hipótese de realizar:
- uma verdadeira desintoxicação do organismo
- um verdadeiro desbloqueio energético dos canais de circulação da informação
- uma verdadeira desestagnação que leva a um movimento alquímico necessário e suficiente.
Tal como no tráfego da cidade, quando há engarrafamento num sítio toda a circulação é afectada.
Fisicamente, os bloqueios energéticos podem significar «intoxicação» , um terreno em stress, uma imunidade diminuída, um metabolismo perturbado, um equilíbrio PH (ácido/base) desequilibrado. A nível intra-molecular tudo isto é a mesma coisa.
Dizer que as nossas doenças começam no corpo energético significa que elas surgem ao nível do corpo através dos sistemas de fronteira em intercomunicação recíproca e que portanto se intercondicionam:
- sistema endócrino
- sistema nervoso
- sistema imunitário
- sistema circulatório
- sistema reticulo-endotelial
- pele
Se a acção incidir no meio intra-molecular, ou seja, se o movimento alquímico se iniciar e realizar , se os princípios da homeostosia (ou inteligência do organismo) funcionarem, eis que as sinapses e outros mecanismos (enzimas, por exemplo) cibernéticos da célula, encarregados de levar as informações necessárias onde elas fazem falta, começam a funcionar.
Se se quer tratar o terreno físico, terá de se começar por aqueles 6 sistemas de fronteira e removendo causas que condicionam estes sistemas.
Essas causas terão de ser procuradas onde nenhuma medicina , até agora, as procurou:
- ao nível dos 7 corpos energéticos (Rudolfo Steiner)
- ao nível dos 12 órgãos dos sentidos (de que só reconhecemos 5) (Hierofantes egípcios)
- ao nível das 9 camadas da alma (que totalmente esquecemos) (Hierofantes egípcios)
- ao nível do espírito e das energias filosofais - enxofre, mercúrio, sal - que directamente o alimentam

terça-feira, 8 de março de 2011

RUDOLF STEINER NA BIBLIOTECA DO GATO




Obras de Rudolf Steiner que convergem no tema iniciação:

- Os Graus do Conhecimento Superior- O Caminho Iniciático da Imaginação, da Inspiração e da Intuição
- O Conhecimento Iniciático -As vivências supra-sensíveis nas várias etapas da iniciação
- O Limiar do Mundo Espiritual - Considerações aforísticas
- A Fisiologia Oculta
- A Direcção Espiritual do Homem e da Humanidade
- Um caminho Para o Conhecimento de Si
- O Centro do Mundo Espiritual
- Teosofia, Introdução ao Conhecimento Suprasensível do Mundo e do Destino Humano
- A Crónica de Akasha - A Génese da Terra e da Humanidade: uma leitura esotérica
- O Conhecimento dos Mundos Superiores